Maju
–Quê?! – me sentei no banco de frente pra ela, deixando a taça sobre a mesa entre nós duas– Como assim, Liz? –ela continuou quieta, mas seus olhos foram se enchendo d'agua. Suspirei sentindo meu coração se apertar no peito em ver ela daquele jeito. – Eu nem imagino como deve estar a sua cabeça, mas se você quiser a gente conversa a noite toda até você ficar tranquila, só não fala uma besteira dessa nem de brincadeira, por favor.
–Ai amiga... que merda, véi –a voz dela embargou e ela foi limpando as primeiras lagrimas que desciam pelo seu rosto. – Eu não quis dizer o que eu disse, sabe?! Eu não sei se você vai entender, mas... –fungou em meio ao choro e limpou o rosto novamente. – Deus me livre de acontecer alguma coisa com ele, mas eu to com tanto medo de não dar conta... de não conseguir segurar as consequências... não era pra ser agora, Maju. A gente vacilo feio demais... e pra piorar minha mãe não tá nem falando comigo.
–Você ja contou pra ela?
–Pior, ela descobriu sozinha. –Suspirou– acho ela ja sabia, ami. Mãe sente essas coisas, sei lá... Eu vi ela me observando esses dias que eu estava desconfiada... eu estava estranha, sabe?! Enjoando, com sono, cansada... e pra confirmar agora a pouco quando eu fui no banheiro ela foi atras e me viu vomitando. Teve nem como eu escapar.
– E aí?
–E aí que ela falou um monte né?! Me chamou de irresponsável pra baixo e eu nem me defendi, ela ta na razão dela. Só que não deixou de me doer, entende?! –fungou e passou a mão nos cabelos curtinhos– eu tô com tanto medo de não conseguir ser boa o suficiente pro meu filho... Eu não quero surtar, mas... parece que todos os meus medos de não conseguir conquistar as coisas são maiores agora por ele, isso é muito louco. E sem a minha mãe comigo, ficou pior. Parece que eu não vou dar conta...
Ela mordeu os lábios reprimindo o choro que estava voltando, seu rosto estava avermelhado e não era difícil de perceber que ela estava super insegura.
–Ei... –segurei a mão dela e ela olhou nos meus olhos– Lembra quando a gente tava no sexto ano e um garoto não quis te ensinar jogar xadrez no recreio porque disse que você era menina e era muito fraca pra jogar contra ele? –ela assentiu. – O que você fez?
Ela riu fraco provavelmente se lembrando da época
–Assisti um monte de tutorial de xadrez na internet, aprendi sozinha a jogar, treinei com meu pai e um tempo depois desafiei o garoto no recreio e venci dele. –disse com um sorriso no canto dos lábios e eu sorri também
–Esse dia foi épico –ri– eu lembro até hoje da cara de paspalho do moleque quando tu deu um xeque mate nele. –ela riu, limpando os olhos– Sem contar da vez que você cismou que queria ganhar as olimpíadas de matemática do colégio e não sossegou até ganhar e representar o colégio... Liz, você é uma das pessoas mais dedicadas que eu conheço na vida, tudo que você se propõe a fazer você se dedica até fazer bem feito. E eu sei que você ta cheia de medo, mas eu sei também que você é forte e dedicada o suficiente pra dar conta disso, porque você realmente é.
Ela ja tinha voltado a chorar tudo de novo, e eu também. Mas dessa vez não parecia aquele choro de tristeza, mas sim de emoção.
–E não pense bem por um minuto que você tá sozinha nisso. Além do Rodrigo todo babão nessa criança, ela já é mascotinha do nosso grupo... E é muito amada também. Da um tempo pra dinda digerir isso, que mesmo que demore um pouquinho, vai ficar tudo bem, você vai ver.
Ela concordou ainda chorando, e limpou as lágrimas.
–Ta vendo, filho. Porque que ela vai ser sua dindinha?! – falou baixo com a barriga dela e eu sorri, sentindo um quentinho no coração –Obrigada por me trazer de volta, amiga.
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Minha Melhor Versão
Teen Fiction+14 completa! Por favor, não me encare tão friamente durante esse dois segundos eternos, porque sinto que me desvenda em cada milímetro. Está lendo as minhas entrelinhas, minhas fugas e receios. Você abre as fechaduras que eu tranquei com tanto cui...