Capítulo 37

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MAJU

Assim que chegamos na área de churrasco Pedro soltou meu pulso e puxou uma cadeira pra eu sentar. Ele se sentou em outra cadeira bem na minha frente, respirou fundo e me olhou nos olhos.

—Me desculpa. —ele disse e eu desviei o olhar dele, observando um ponto fixo na piscina. —Você me ouviu? —ele insistiu ganhando minha atenção.

—É, eu ouvi. —respondo. Deus, essas oscilações de humor e atitude vão me deixar maluca. —Mas qual é a logica de eu te desculpar agora se daqui dez minutos você vai me tirar do sério e vamos estar nessa mesma situação de novo? Minha cabeça dá um nó com suas atitudes.

—Então ta tudo certo porque pra mim é difícil pra porra lidar contigo. — ele disse e recostou na cadeira.

—Agora a culpa é minha de você agir feito um idiota? —o encarei e ele jogou a cabeça pra trás, suspirou e voltou a me olhar em seguida.

—Eu sei que eu errei contigo ta? Eu te peço desculpas, pelas coisas que te disse ontem e hoje. Na maioria das vezes eu não sei como lidar contigo,parece que eu to sempre pisando em ovos —ele passou a mão pelo rosto e me olhou novamente— mas eu to cansado de brigar com você, po. A gente anda com a mesma galera então... sei lá, acho que a gente deveria tentar ser... amigos?

—Se for o tipo de amizade que você oferece pra Sofia, eu to dispensando. —disse antes de dar um risinho. Ele me olhou com a sobrancelha arqueada

—Seria mais divertido. —ele piscou e eu serrei os olhos.— O que você tem contra amizade com benefícios?

—Quando o benefício é bom pros dois —dei de ombros— nada! Mas pelo pouco que eu entendo dessa sua "amizade" com a Sofia, você sabe que ela gosta de você e usa isso ao seu favor na cara dura, Depois finge que vocês não tem nada. Parece que pra você ela é uma válvula de escape e pra ela você é uma propriedade.

    Minha sinceridade escapuliu da minha boca antes que eu pudesse controlar minhas palavras, porém não me arrependi. Era isso que parecia mesmo!

—Eu não finjo que a gente não tem nada, realmente não tem. — ri irônica— Eu não tenho compromisso com ela e se ela ficar com outro, pra mim é o mesmo que nada, não me importo. A gente fica quando bate a vontade, mas nada sério. Eu também nunca dei falsas esperanças pra ela, nem pra ninguém.

—Aham, bem conveniente pra você né? Enfim, eu não tenho nada a ver com isso, só acho que você tinha que ter mais consideração com os sentimentosdos outros... quer dizer, dela. —me apressei em dizer.

—Isso já é uma briga? Porque eu preciso me preparar aqui. —ele debochou e eu não evitei em rir.— Falando sério, você ainda não disse se me desculpou ou não.

—Nós somos amigos agora né? Amigos merecem um voto de confiança. Eu te desculpo, mas tenta ser menos idiota tá?

—Você vai ser menos chata?

—Eu não sou chata, você que me estressa -disse exasperada- Olha aí, já vamos brigar de novo -ri e ele deu uma risada que se transformou num sorriso tão lindo que eu fiquei prestando atenção mais tempo do deveria.

    Uma mulher quando passa a reparar -e gostar- muito no sorriso de um carinha é um sinal de ela ta muito ferrada. Pelo menos quando o cara em questão é a pessoa mais instável da face da Terra, tipo o Pedro. Instável, galinha... "e gostoso, MUITO gostoso" meu subconsciente gritou e eu quis me bater. Só então percebi que o Pedro estava falando alguma coisa comigo, mas eu não tinha escutado nada.

—Quê? —perguntei ao sair dos meus devaneios

—Eu perguntei porque você ta me olhando assim.

—Assim como?

—Como se quisesse um pedaço de mim. — Ele sorriu como se ele quisesse um pedaço de mim.

    Pedro está mexendo comigo da pior forma possível, eu tenho que sair daqui agora!!!

—Impressão sua. -respondo rápido e me levanto- Eu tava pensando que se eu não chegar em casa em meia hora meus pais vão me matar.

—Se eu não tivesse meio chapado ainda eu levaria você e Rodrigo lá em Botafogo, mas vou pedir pro motorista levar vocês no carro do Rodrigo e aproveitar pra voltar com o meu. —ele disse se levantando

—Que bom, porque o Rodrigo nem carteira de motorista tem é menor de idade. Preciso ser poupada!!!

—Parabéns pela coragem de andar com ele -ele riu— e valeu por hoje! - eu assenti, ele se virou entrando pra dentro de casa e foi saindo do meu campo de visão

PEDRO

    Parece que eu tirei um peso das costas quando a Maju me desculpou, mas ao mesmo tempo fiquei muito perturbado com o rumo que as coisas andam tomando.

Como pode uma pessoa que me conheceu praticamente a um mês e meio me desarmar de uma forma tão absurda? Como pode alguém que mal acabou de entrar na minha vida já ter uma influência tão grande sobre mim e me deixar tão pilhado a ponto de me fazer engolir meu orgulho e ir me desculpar?

    Porra, ela me assusta tanto que eu tenho vontade de correr pro lado oposto do dela, tenho vontade de fazer ela se afastar e me deixar no meu comodismo dos últimos anos. E ao mesmo tempo eu simplesmente não consigo me afastar porque a vontade real é de correr pra ela, pra direção dela e me permitir sentir o que eu sinto quando a vejo.

    Eu to na merda.

    Assim que o Rodrigo e Maju foram embora eu subi pro meu quarto vesti um short mais confortável antes de cair na cama e apagar. Acordei com a Dulce batendo na porta do meu quarto.

—Fala, Dulce. —disse abrindo a porta do meu quarto

—Óh, a enjoada ta la embaixo querendo falar com você. —ela disse se referindo a Sofia— Ela quer subir.

—Não —falei depressa— eu vou descer lá.

    Desci as escadas e vi ela sentada no sofá mexendo no celular, assim que ela me viu guardou o mesmo na bolsa e sorriu, eu retribui.

—E aí?! — disse chegando na sala e sentando na poltrona ao lado do sofá onde ela estava    -

— "E aí?" Você ta falando com o Rodrigo por acaso, Pedro? —Fez drama e eu ri

—Sem drama, Sofi, na moral. Que houve? Deu ruim em casa?

—Médio. —se limitou a falar isso e eu assenti— Queria uma conchinha com você —disse manhosa

—Lugar errado, bebê. Aqui é só sexo, nada de amorzinho e dormir junto depois - ri , ela fez uma careta e me jogou uma almofada

—Que seja. To aceitando. —ela veio até a mim, sentou no meu colo, passou os braços pelo meu pescoço e fez menção pra me beijar, mas eu desviei.

—Hoje não, to cansadão — inventei uma desculpa enquanto me desvencilhava dos braços dela.

—Ih— ela pôs uma mão na cintura e apoiou o outro no encosto da poltrona— Ta negando fogo, Camparini? O que ta rolando? — Suspirei e me levantei tirando ela do meu colo.

—Nada, mano. Só nao to afim, po. Ressaca do caralho!—ela soltou uma risada irônica

—Ressaca nunca impediu a gente de fazer nada, Pedro.

—"Sem cobrança", Lembra? — perguntei fazendo referência ao nosso combinado de se pegar sem se cobrar

—Okay, você quem sabe. —ela bufou irritada e pegou sua bolsa antes de sair la de casa puta da cara comigo.

    Na real eu ja estava cansado da porra toda.

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