PEDRO
—Aconteceu alguma coisa? —perguntei pra Sofia assim que ela me soltou e me olhou, apesar do sorriso que ela abriu quando me viu dava pra perceber que seus cílios estavam molhados e seus olhos um pouco avermelhados, como se ela tivesse chorado a pouco tempo atrás.
—O de sempre... —ela falou um pouco cabisbaixa e suspirou. — A gente pode conversar um pouco? Eu sei que tá tarde... E que eu tenho te evitado por um tempo... —umideceu os lábios e me olhou novamente — mas eu tô precisando de você, Pedro. Eu não sabia pra quem ligar... E eu acho que aquele lance de amizade ainda ta de pé, não tá?
Ela mordeu os lábios de forma tensa e eu concordei com a cabeça. Vacila pra caralho, mas nada a ver também eu deixar ela na merda né.
—De boa, pô. — abri a porta e dei passagem pra ela entrar — Entra aí.
Ela entrou e deu boa noite pra Dulce rapidamente que respondeu apenas com um sinal de cabeça. Acho que ela estava ocupada demais com a agulha de crochê nas mãos e tentando me fuzilar com o olhar por cima dos óculos ao mesmo tempo.
Passamos pela sala em direção aos fundos da casa e paramos lá na área de churrasco.
—Desculpa chegar assim sem avisar... —Sofia falou enquanto eu abria o freezer pra pegar uma longneck de Heineken —Te atrapalhei? —ela perguntou antes de fazer menção pra sentar na banqueta de madeira
Neguei com a cabeça.
—Tranquilo. —ela sorriu e só então se sentou deixando a bolsa em cima da bancada. —Vai? —ofereci a cerveja e ela assentiu rapidamente.—Nossa, preciso! —pegou a cerveja da minha mão assim que eu abri e já foi bebendo
—Nem brindou, doidona. —brinquei negando com a cabeça.
"Quem bebe sem brindar é sete anos sem sexo". É bobeira, eu sei, nunca liguei pra supertição e essas fita, mas o Hugo aloprava tanto a minha mente com essa porra que depois de um tempo eu passei a beber só depois de brindar. Virou mania.
—Ih! —ela riu parecendo se lembrar da regra básica de bar e colocou a garrafa em cima da bancada. — Eu não corro esse risco, meu amor. Você sabe bem...
Jogou no ar e me olhou com a sobrancelha arqueada. — E qualquer coisa também, eu ainda quebro essa supertição contigo. —completou
Neguei com a cabeça.
—Papo torto da porra hein —dei um gole na minha cerveja—To com a Maju, porra, não viaja.
Ela rolou os olhos e suspirou pesado.
—E daí?! —franziu a testa e me olhou— A brincadeira vale por sete anos, amor. Você acha mesmo sustenta esse namorinho de vocês por tanto tempo?
—Não sei, Sofia. —dei de ombros e vi um sorriso ameaçando sair de seus lábios. —Eu não sou ligado nesses lances de futuro... mas eu to correndo pelo certo no agora, no presente. To fazendo dar certo agora pra continuar dando certo o tempo que durar.
O sorriso dela foi se apagando e ela bebeu mais da cerveja.
—É... ela te adestrou direitinho né?! —falou carregada de sarcasmo e riu —só falta dar a patinha.
Estalei a língua no céu da boca.
—Vai começar? —encarei ela. —Bagulho feião, pô. Parece criança!
—Nossa.... —ela ergueu as mãos em rendição e riu com certo deboche— Relaxa! —se recompôs e mudou a postura — A última coisa que eu quero falar é sobre ela, já tô com a cabeça cheia demais... desculpa. Mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Melhor Versão
Teen Fiction+14 completa! Por favor, não me encare tão friamente durante esse dois segundos eternos, porque sinto que me desvenda em cada milímetro. Está lendo as minhas entrelinhas, minhas fugas e receios. Você abre as fechaduras que eu tranquei com tanto cui...