capítulo 72

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* música da mídia não tem muito a ver com o capítulo, mas sempre que eu escuto ela eu lembro do Pedro e da Maju. Então resolvi compartilhar com vcs tbm. *

3/4
MAJU

Eu e Dulce ficamos na cozinha pra dar mais liberdade pro Pedro conversar com o pai dele. Apesar disso, dali a gente conseguia ouvir grande parte de tudo que eles falavam na sala.

A Dulce estava triste de um jeito que eu nunca tinha visto. Toda hora ela limpava as lágrimas pelo rosto. Eu fiquei bem mal também por ver ela daquele jeito e pelas coisas que eu ouvi.

—Ai Dulce...—me aproximei dela que estava quietinha sentada no banquinho da ilha e a abracei de lado. —Não fica assim. Me parte o coração te ver triste desse jeito.

—Ah minha filha... —ela fungou e fez um carinho no meu braço que estava em volta dela. —Eu tô mais assim pelo Pedro. Esse menino já sofreu tanto com essa história toda... eu tenho medo que ele se feche pras coisas boas de novo.

—Você acha?— perguntei preocupada.

—Não sei. Ele é tão imprevisível... Ele sempre evitou ao máximo falar do pai, da doença e da morte da mãe dele e agora o Roberto chega assim do nada depois de tanto tempo. Meu medo é que isso desenterre as inseguranças do Pedro todas de uma vez e isso acontecer... Só Deus sabe!

—Como o Pedro era antes de tudo isso acontecer com ele, Dulce?

—Quando eu vim trabalhar aqui, o Pedro tinha um aninho e passava muito tempo comigo enquanto os pais dele trabalhavam na agência. Em pouco tempo ele passou a me chamar de vó Dulce —ela sorriu — Pedro sempre foi uma criança muito amorosa, daquelas que sempre abraça, defende e fala que ama.

—É até estranho imaginar ele assim, ele é tão travado nesses assuntos.

—A verdade minha filha é que depois que ele descobriu que o Roberto tinha outra família e que nunca se importou de pelo menos ligar pra dizer que tava vivo, ele se fechou de uma forma que foi estranho até pra eu entender. Eu acredito que no fundo isso tudo é medo de quem já perdeu as pessoas mais importantes na vida dele, sabe?!

Assenti. —eu entendo super. Tem coisas que a gente passa nessa vida que deixa a gente cheia de insegurança e traumas.

Foi inevitável não lembrar das minhas inseguranças causadas pelo lance todo das fotos vazadas e das pessoas me taxando dos piores nomes possíveis.

—Eu acho que ele tá indo embora. —falei logo depois de ouvir a porta bater e a Dulce levantou agitada.

—Eu vou passar pela porta aqui dos fundos pra ver se ainda alcanço o Roberto. Ainda não terminei minha conversa com ele!

Assenti.

—Eu vou ver como o Pedro tá.

—Fica a vontade, filha! —ela disse apressada antes de sair pelos fundos da casa

Lavei e guardei um copo que eu tinha usado pra beber água e fui até a sala ver o Pedro, mas dele ali só tinha o perfume.

Subi pro segundo andar e caminhei até parar em frente ao seu quarto. Hesitei um pouco antes de bater na porta dele porque vindo do Pedro eu simplesmente não sabia o que esperar, ele poderia me receber de boa ou vim com quatro pedras na mão que é o que quase sempre acontece quando ele fica mal com alguma coisa.

Pedro não respondeu quando eu bati na porta, mas eu ouvi um soluço baixo de choro que me fez ignorar minha vontade de respeitar o espaço dele. Eu tinha que abrir a porta pra pelo menos saber como ele estava e foi isso que eu fiz.

Ele estava encolhido na cama, abraçando os joelhos e com o rosto escondido entre os braços. Quando ele percebeu que eu tinha entrado no quarto, ele rapidamente levantou a cabeça e limpou as lágrimas do rosto na tentativa de sustentar a pose de forte.

—Ei... —o chamei e fui me aproximando da cama dele e sentei de frente pra ele. O rosto dele tava completamente avermelhado assim como seus olhos, e os cílios estavam molhados. Tentei me aproximar dele, mas ele recuou e se encolheu mais na cama. Parecia uma criança assustada.

—Maju, por favor... —ele desviou o olhar pra baixo, e por mais que ele limpasse as lágrimas elas rolavam incessantemente pelo seu rosto.

—Nao se fecha comigo de novo não Pedro, você sabe que comigo não precisa. —insisti um pouquinho e ele foi cedendo ao meu abraço até encaixar o rosto no meu pescoço — Eu prometo que vou ficar na minha e a gente nem toca nesse assunto se você não quiser, mas deixa eu ficar aqui com você só pra ter certeza que você vai ficar bem.

Perdi a noção de quanto tempo a gente ficou naquela, mas eu sentia algumas lágrimas pingar na minha perna e na minha blusa enquanto eu alisava suas costas num silêncio absurdo.

—Eu acho que eu nunca vou conseguir perdoar esse cara. — ele falou abafado cortando o silêncio e se afastou do meu abraço.

Ele ainda estava com o rosto vermelho e com os olhos meio apertadinhos por causa do choro, mas sua respiração estava mais calma.

—Eu não te julgo por isso, na verdade eu super entendo. Mas eu acho que apesar de não perdoar ele, você precisa se perdoar. —fiz um carinho na mão dele e ele me olhou com a testa franzida

—Me perdoar de quê?

—Desse sentimento ruim que te faz achar que você foi insuficiente pro seus pais.

—E não fui?! —ele perguntou meio irônico, meio óbvio

—Claro que não, Pedro. Você melhor do que eu sabe o quanto sua mãe te amou.

Ele moveu levemente o maxilar e prendeu o lábio entre os dentes, eu sabia que ele estava fazendo isso como distração pra não voltar a chorar, porque logo seus olhos marejaram novamente.

—Eu sei disso. —ele respirou fundo e me olhou nos olhos— mas porque ela não pensou em mim antes de se entupir de remédio?

 —ele respirou fundo e me olhou nos olhos— mas porque ela não pensou em mim antes de se entupir de remédio?

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