Capítulo 113

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MAJU

—As vezes eu acho que você me odeia, Maju! —Liz choramingou pela décima vez no dia.
—Eu só queria saber o sexo do meu filho, o que que custa??? —cruzou os braços feito uma criança de cinco anos —Eu juro que finjo surpresa na hora da revelação! Eu juro.

—Ihhh Liz, descansa hein! —coloquei a pasta com o envelope do exame em cima da mesa e pus minha bolsa por cima da pasta. — Eu convivo com você a minha vida inteira, essa chantagem emocional não vai me convencer abrir o envelope e te contar o resultado.

—Aff, amiga tóxica. —reclamou emburrada

A gente estava na praça de alimentação do shopping perto da clínica onde eu tinha pegado o exame de sexagem fetal.

Veio de intrometida. Ela já tinha deixado meu nome autorizado pra pegar o exame, eu disse que ela não precisava ir comigo porque eu sabia a peleja que ia ser pra acalmar a ansiedade dessa mãe, mas quem disse que me escuta? Rum.

Rodrigo foi um que resolveu evitar a fadiga. Deixou a gente aqui de carro e foi trabalhar. Segundo ele, se ficasse iria me tomar o exame na marra, coitado.

Mas quem sou eu pra falar alguma coisa? Eu tava doida pra abrir aquele exame logo e ver o resultado. Imagina ela que é mãe e tá cheia de expectativa e planos?!

—Olha só, o chá revelação é no domingo. Em menos de uma semana você vai descobrir, finge que o resultado atrasou, sei lá. —dei de ombros e ela me olhou com cara de tédio.

—Claro. Super tranquilo eu imaginar que o exame tá atrasado, quando na verdade ele tá bem aqui na minha frente! —apontou com a cabeça a pasta em baixo da minha bolsa.

—Ta vendo porque eu falei pra você não vim né?!

—Ai filho, sua dinda é uma ingrata sabe?!—ela conversou com a barriga dela.

—Para de falar mal de mim na cabeça da criança hein. —falei e ela me fez uma careta. —Mas e aí, você prefere que seja a Clara ou o Joca aí nessa barriguinha? —sorri

—Não tenho preferência não, amiga. Não mais.—riu— eu sempre quis ter uma menina, você sabe. Mas depois que eu engravidei e a ficha caiu... Essa não é mais uma questão pra mim, sabe? —concordei. — Só quero que ele venha perfeitinho e com saúde! Mas o Rod tem certeza que é o Joaquim aqui.

—Na verdade ta geral dividido entre menino e menina né?! —ri

—Muito, ami!— concordou

—Você tem muito cara de mãe de menina, amiga. Rodrigo também! —ela assentiu rindo e mordeu o lanche dela que tinha chegado no meio da conversa. — E seus pais, acham que é o que?

A expressão dela ficou um pouco triste e ela limpou o canto da boca com guardanapo antes de olhar pra mim de novo.

—Minha mãe não tá nem falando comigo direito ainda, Maju... —suspirou — mas meu pai jura que é menina. Até sonhou com uma, dia desses. "A Clarinha é uma boneca, filha" —sorriu depois de imitar o pai dela falando.

—O Tio Mauro vai estragar essa criança, tô até vendo. —ri e bebi meu suco também.

A gente conversou mais um pouco enquanto terminava de comer até que o Pedro me mandou mensagem avisando que estava esperando a gente do lado de fora do shopping. Ele tinha combinado de dar uma carona pra gente até em casa.

—Olha só, se a sua namorada te contar o sexo do meu filho eu nunca mais olho na cara dela! —Liz já entrou no carro falando pelos cotovelos.

—Ai meu cu hein! —rolei os olhos— já falei que não vou falar nada com ninguém. —me virei pro banco de trás pra olhar ela — E ninguém inclui você, bonitinha.

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