Capítulo 112

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PEDRO

Saí do colégio e passei na ONG pra ver se o Daniel me liberava aquele dia, e ele foi gente fina demais de me liberar. Passei na sala da Maju rapidinho, ela estava dando aula de dança lá pra criançada falei com ela rapidinho pra não atrapalhar e aproveitei pra roubar um beijinho na encolha porque eu não sou nenhum bobo.

Dali bati um pratão no bistrô do sogrão, e minha sogra me fez companhia no almoço. Quem diria né?! Almoçando com a sogra!!! Quando eu paro pra pensar nisso eu até rio sozinho, mas com certeza eu fui muito abençoado. Papai do céu me recompensou de várias formas, hoje eu vejo isso.

Parti pro hospital logo em seguida, consegui trocar uma ideia com o terapeuta que cuidou do caso da Sofia, ele disse que não poderia me passar maiores informações sobre ela, afinal eu não era da família, mas disse que pela última conversa que eles tiveram a minha visita a ela provavelmente não causaria nenhum prejuízo a saúde dela e então eu saí de lá e fui em direção a casa da Sofia.

A governanta dela me deixou entrar, afinal ela já me conhecia de tempos. E logo eu fui subindo em direção ao quarto dela, onde ela estava.

Bati na porta duas vezes a escutei ela falar que não queria ver ninguém. Insisti um pouco mais e abri a porta que estava destrancada colocando meu rosto pra dentro do quarto.

—Tinha que ser você né. Não sabe ouvir um não! —falou séria, mas num tom tranquilo.

—Hm, olha quem fala! —rebati e ela riu fraco. —Posso? —perguntei querendo saber se podia entrar.

—Vai adiantar eu falar que não?! — perguntou e eu disse que sim. Ela deu de ombros. —Entra aí, vai.

Ver a Sofia ali naquela cama, vulnerável e inofensiva me fez esquecer metade dos argumentos que eu vim ensaiando pra fazer ela dizer a verdade. Eu fiquei mal, me fez lembrar a minha mãe e saber como ela estava passou a ser prioridade ali.

Ela se ajeitou na cama e fez sinal pra que eu me sentasse na poltrona perto da cama dela.

—E aí?— me aproximei e sentei na poltrona. — Como você tá?

Ela riu fraco, num tom bem triste.

—Não precisa disso, Pedro. Sério. Eu não quero parecer arrogante, por que na maioria das vezes eu sou mesmo, mas não precisa fingir que veio aqui saber como eu tô. —ela falou, mas na voz dela realmente não tinha um tom arrogante nem ignorante, só cansado. —Nós dois sabemos que você veio aqui pra me pedir pra falar a verdade sobre isso! —apontou pro curativo na sua testa.

Assenti e decidi abrir o jogo. —Sem máscaras?

Ela concordou.
—Por favor!!! —pediu. —chega de gente mentindo pra mim.

—Certo. Eu vim aqui pra te pedir isso mesmo, mas te ver assim... Sei lá, me fez deixar isso pra depois.

—Não precisa. Vou poupar seu tempo! Eu acabei de falar pro meu pai sobre o que realmente aconteceu, e ele saiu daqui pra ter uma reunião com o conselho. Essa semana mesmo a Maria Júlia volta pro colégio e ela também vai poder apresentar um trabalho, já que ela não conseguiu apresentar o seminário por minha causa.

Ela falou em tom baixo e mal conseguia me olhar nos olhos.

—Por que tu fez isso, Sofi? Na moral, porque tu se machucou desse jeito só pra por a culpa nela?

—Porque eu sou assim, Pedro! Eu não sei ser diferente... Vai ver eu herdei da minha mãe.

—Do que você tá falando, Sofia?

Eu nunca tinha ouvido ela falar assim da mãe dela, das poucas vezes que ela falava era com carinho.

Ela suspirou e os olhos dela se encheram de lágrimas, ela balançou a cabeça negativamente e a abaixou.

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