Capítulo 74

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Maju

Eu já tinha trocado de roupa e estava vestindo uma camisa do Pedro, que aliás eu venho descobrindo que gosto muito de usá-las, talvez até mais do que deveria.

Folgada que sou, liguei a TV do quarto, coloquei na Netflix e dei play numa animação infantil que eu já tinha visto duas vezes, mas minha alma de criança queria assistir Moana pela terceira vez.

Pedro voltou do andar de baixo algum tempo depois, visivelmente abalado com a conversa que teve com a Dulce e que certamente era sobre o pai dele e tudo que aconteceu nesse encontro.

Ele trancou a porta do quarto e caminhou até a cama em silêncio, deitou de bruços apoiando a cabeça no meu colo e cruzou os braços em torno da minha cintura em seguida.

—Como tu consegue assistir esses filmes sem se irritar com essas músicas?— ele perguntou de olhos fechados quando a Moana começou a cantar e eu comecei a cantar junto só de perturbação e ele acabou rindo fraco. —Tá, até que na sua voz não fica tão irritante.

—Falso! —brinquei e passei a mão pelo cabelo dele fazendo um carinho enquanto observava ele todo bonitinho de olhos fechados.

Pedro levou minha mão pro cabelo dele novamente quando percebeu que eu tinha parado de fazer carinho nele e eu acabei rindo daquele folgado.

Não sei o exato momento em que o cansaço acumulado me venceu e eu dormi lá pelo final do filme, mas acordei pelo meio da noite sentindo minha blusa molhada e com a mensagem da Netflix na tela da tv "tem alguém assistindo?".

Demorei um tempo pra associar as coisas e perceber que aquela sensação de que eu estava com a roupa molhada era real. Eu vi isso quando olhei pro Pedro, que ainda estava dormindo com o rosto no meu colo, e observei que ele estava completamente suado e por isso tinha molhado a blusa que eu estava vestindo também. As costas da camisa dele também estava completamente molhada.

De início eu não estava entendendo nada porque nem estava tão calor pra ele estar suando aquele tanto. Resolvi cutucar ele e quando toquei na pele dele ela estava mais quente que o normal.

—Pedro, acorda.— falei baixo pra não assustar ele, mas ele só resmungou alguma coisa sem sentido e mal moveu um músculo pra sair de cima de mim.

Eu cutuquei ele mais algumas vezes até que ele se mexeu e me respondeu.

—Hm? —ele resmungou baixo

—levanta, acho que tu tá com febre —coloquei a mão na testa dele, ele se arrepiou todo e se encolheu.

—Sua mão tá gelada, amor.— ele resmungou com voz de sono

Eu fiquei completamente sem reação ao ouvir ele me chamando de amor. E eu sei lá se era por conta da febre, se foi sem querer ou se realmente ele estava ciente do que estava falando, eu só sei que eu queria ouvir aquilo mais vezes.

—Sua febre deve estar abaixando, você tá todo suado. —falei enquanto mexia no cabelo dele. —Quer que eu busque um remédio pra você?

Ele só negou com a cabeça e abriu os olhos —Vou tomar um banho, sempre resolve.

—Ué, você tem febre assim direto?

Ele se mexeu e foi saindo de cima de mim até se sentar na cama.

—Quando eu era mais novo, me dava direto. Na real, tinha bastante tempo que não me dava isso.

E foi aí que caiu a ficha que aquilo era uma febre emocional. Infelizmente o encontro com o Roberto tinha causado mais estragos do que parecia.

—Entendi.

PEDRO

Ainda estava meio grogue de sono e febre quando levantei e fui pro banheiro tomar um banho pra dar uma aliviada naquela sensação de cansaço absurdo que a febre me dá.

Geralmente, ela aparecia depois de alguma situação de estresse emocional. A Dulce costumava dizer que essa era a forma que o meu corpo encontrava de pôr minhas emoções pra fora, já eu nunca fui de me abrir com ninguém.

E de fato, depois que eu comecei a praticar mais esporte e socar uns sacos de boxe na academia eu fiquei uns bons meses sem ter essa febre maluca.

Saí do banho bem melhor, minha febre deveria ter passado porque eu não estava mais sentindo aquele calor absurdo. Vesti um samba canção preto de algodão e saí do banheiro. A Maju estava deitada na cama lendo alguma coisa pelo celular.

—Ta melhor? —ela perguntou quando me aproximei da cama.

—To. Acho que minha febre já até passou! —falei me enfiando debaixo do edredom e ela colocou a mão na minha testa.

—Parece que passou mesmo. — assenti e dei um beijo na testa dela.

—Leu as mensagens lá no grupo? —ela perguntou e eu neguei com a cabeça. —Priscilla mandou mensagem avisando que vai comemorar o aniversário dela na casa de praia em Arraial. Quem vamos?

—To nem no clima, na boa mesmo. —falei e ela Maju virou de lado pra me olhar.

—Tem certeza? — dei de ombros. — Vamo, Peu. Vai ser bom passar um final de semana fora.

Ela me encarou e foi abrindo um sorrisinho vitorioso quando percebeu que eu não ia conseguir dizer não.

—Na moral, eu tô fodido! —me dei por vencido e ela riu, chegou mais pra perto de mim e puxou meu rosto pra um beijo.

Puxei ela pela cintura eliminando o pouco espaço que tinha entre nossos corpos e aprofundei mais o beijo. Ela finalizou o beijo com alguns selinhos e me olhou sorrindo.

—Isso quer dizer que você vai comigo?

Rolei os olhos.

—Vou né, abusada.

—Sabia! —Ela deu um sorrisinho e me deu mais um beijo antes de se aconchegar no meu peito me fazendo esquecer de todo sentimento horrível que aquela noite tinha me causado.

—Sabia! —Ela deu um sorrisinho e me deu mais um beijo antes de se aconchegar no meu peito  me fazendo esquecer de todo sentimento horrível que aquela noite tinha me causado

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