Capítulo 63

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PEDRO

A Dulce ainda me olhava com uma feição meio triste meio preocupada depois de eu despejar algumas das minhas inseguranças em cima dela.

-Eu não vou questionar as suas feridas porque eu vivi todas elas com você e eu te entendo. Mas filho -ela segurou minha mão- nao se cobra tanto assim, tenha mais carinho com você. Você não precisa se punir se afastando das pessoas te fazem bem nem tentar se privar de um sentimento por medo de viver o relacionamento dos seus pais porque isso não vai acontecer. Vocês são pessoas diferentes, com historias completamente diferentes. Voce ta guiando boa parte da sua vida se baseando na parte ruim do relacionamento do seus pais e isso não é justo com você nem com essa moça.

-Isso é complicado demais... -respondi sentindo o peso das palavras da Dulce.

Ela se levantou do sofá e ajeitou a blusa. -O que pesa mais pra você, o medo de assumir que ta gostando dela ou ficar longe dela? Eu acho que você ja sabe a resposta!

Ela sorriu e saiu da sala indo pra cozinha.Subi pro meu quarto, dormi e acordei com a minha mente fritando pensando em tudo que a Dulce me falou. Tomei um banho pra dar uma despertada e peguei meu celular pra falar com a pessoa mais sincera e sem filtro que eu conheço.

📩
Pedro: Pretinha
Pedro: Ta aí?
Pri: hablas comigo my friend
Pedro: Posso dar um pulo aí? To precisando de uma moral sua
Pri: Claro meu amô, aproveita e paga um japa
Pri: to brincando
Pri: mentira, não to não
Pedro: 🙄
Pedro: Pede aí e marca um dez que eu to chegando
Pri: afff melhor amigo do mundo ♥️
Pri: vou liberar sua entrada la
Pedro: jaé
📩

Avisei a Dulce que ia dar uma saída e sai de casa, Passei no delivery de comida japonesa que tem lá perto de casa, peguei o meu pedido, paguei e parti pra casa da Pri a pé mesmo. Primeiro porque eu ainda não tinha ido buscar meu carro e segundo porque o condomínio dela era bem perto do meu. Quinze minutos depois eu estava tocando a campainha da casa dela.

— Onde é o incêndio? — ela ja abriu a porta me aloprando e sorriu me abraçando em seguida.

O chão da sala estava esparramado de almofadas sobre o tapete e tinha uma garrafa de vinho na mesinha de centro e uma taça suja que provavelmente a Pri tinha tomado ouvindo um sertanejo de corno que tava passando no youtube logado na tv da sala.

—Aqui?!— falei observando a cena

—Deixa eu curtir minha bad em paz, faz favor! —eu entrei e ela fechou a porta. Passou por mim e se sentou no tapete escorando as costas no sofá, eu fiz o mesmo e coloquei a comida na mesinha.

—Seus pais pelo jeito não estão em casa né?! —perguntei e fez uma cara de óbvio e encheu a taça dela de vinho

—Estranho seria se eles estivessem aqui —riu e me ofereceu vinho, mas eu neguei — eles viajaram hoje pra Brasília.

—Pode crer.— Os pais da Priscilla viviam viajando a trabalho, era até estranho quando eu vinha aqui e eles estavam em casa.

—Mas fala aí chuchu, o que que tá pegando? — ela abriu as bandejas do japa e pegou o celular pra tirar uma foto que provavelmente ela postaria no stories ou no status do whats.

—To fudido, pretinha! —falei e ela olhou pra mim na hora. Deixou o celular na mesinha e pegou a taça.

—O que aconteceu? — ela bebericou o vinho e abaixou o volume da tv.

—Eu tô paradão na Maju. Papo de não conseguir parar de pensar nela e de sentir umas paradas que eu nunca senti antes, tá ligada?!

Ela não me pareceu surpresa, só sorriu e colocou a taça na mesinha de centro.

—E tu tem certeza do que você sente por ela? Não é só tesão ou algo do tipo? —Me entregou o hashi e pegou o dela, mergulhou o sushi no molho e comeu.

—Porra Priscilla, tu me conhece. Tu acha mesmo que se fosse tesão eu ia ficar pilhado assim?

—Definitivamente não. —riu e eu comecei a comer— mas tipo, tu tá bolado de não ser recíproco?

—Sei lá, pretinha. Eu tô bolado com um bando de coisa.

—Pedro, se você quer um conselho meu eu preciso saber da história toda. Me conta isso direito.

Fiquei um tempão contando pra Priscilla sobre o que tinha acontecido nos últimos dias entre eu e Maju, até falar sobre ontem.

—Você é idiota? —ela parou de comer e me olhou.

—Porra, tu não tá ajudando Priscilla.— respondi e ela balançou a cabeça negativamente.

—Esse seu lema ridículo de "evitar o amor a qualquer custo" —fez aspas com as mãos— é uma palhaçada. Já passou pela tua mente de projeto de fuckboy que numa dessas a Maju pode achar que tu não tá nem aí pra ela e decide cair fora?

—Ja. — dei de ombros —mas é um direito dela.

—E você vai fazer a linha foda-se pra isso? Pelo amor de Deus, tá na cara que vocês se gostam e que ela te faz bem, por mais que você tente esconder. Daí tu vai abrir mão de uma parada super maneira por causa de um relacionamento infeliz dos seus pais que não tem nada a ver com o lance de vocês?

—Eu não quero abrir mão dela, mas porra, eu sou muito travado com essas coisas... é um processo que me fere de muitas formas.

—Eu te entendo, Pedro. Mas é como você acabou de dizer: é um processo. Tu não sair daqui e pedir ela em casamento. Mas se você tá gostando dela e sabe o que quer, abre o jogo com ela e vai no seu tempo. —ela bebeu mais do vinho— E ah, se você magoar minha amiga eu corto teu pau.

Eu ri. —Tu tinha que dar uma dessas né Priscilla? Eu já tava estranhando você toda madura aí sem falar merda. —ela gargalhou

—Equilíbrio é tudo meu amor.

📷Story da Priscilla

O papo com a Priscilla só me confirmou, de uma forma bem mais direta, o que a Dulce já tinha falado comigo

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O papo com a Priscilla só me confirmou, de uma forma bem mais direta, o que a Dulce já tinha falado comigo. Alí a minha resposta pra pergunta que a Dulce me fez ficou ainda mais óbvia pra mim.

Eu, com certeza, não conseguiria ficar longe da Maria Júlia mesmo tendo um trauma fodido sobre relacionamentos... Ela era, definitivamente, a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos.

 Ela era, definitivamente, a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos

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