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completa!
Por favor, não me encare tão friamente durante esse dois segundos eternos, porque sinto que me desvenda em cada milímetro. Está lendo as minhas entrelinhas, minhas fugas e receios. Você abre as fechaduras que eu tranquei com tanto cui...
Saí da farmácia com tudo que a gata tinha direito: sorvete, chocolate e dipirona. Liz tava pilhadona em casa, ao mesmo tempo que queria me esfolar vivo queria carinho. Mulher de TPM é praga, rapaz.
Tinha uns diaszinhos que ela estava assim, mas hoje em especial ela tava mais pra baixo, falando pouco, no canto dela. Sempre que pergunto ela diz que não é nada demais, é só estresse de TPM e pressão por causa dos estudos, vestibular na porta né?! E a gata estava estudando um monte pra passar em odonto, mesmo curso que o pai dela fez, apesar da paixão dela mesmo ser essas paradas relacionada a moda, roupa e afins.
Óbvio que o pai dela não era babacão desses que escolhe o curso da filha por ela, mas ela queria dar orgulho a ele daquele jeito e ela tinha medo de não dar certo na moda, que é uma área bem incerta. Como se ele já não tivesse motivo suficiente pra ser orgulhoso da filha foda que tem, osh.
—Amor? —estranhei ao entrar no meu quarto e não ver ela ali, vi a porta do banheiro do quarto fechada e colei ali. —Liz ?! —perguntei novamente e tive o silêncio como resposta.
Ouvi um soluço vindo de dentro banheiro e forcei a maçaneta da porta que por não estar trancada se abriu facilmente.
A Liz estava sentada no chão do banheiro com a cabeça entre as mãos apoiada nos joelhos enquanto chorava pra caralho. Larguei a sacola da farmácia em qualquer canto ali mesmo e já me abaixei perto dela.
—Amor, o que aconteceu? —tirei um pouco dos fios de cabelo que estavam grudados no seu rosto por conta das lágrima e tive a visão melhor do seu rosto completamente avermelhado assim como seus olhos.
—Liz, fala comigo, porra. —fiquei nervoso de ver ela daquele jeito e insisti quando a resposta foi seu choro intercortado pelo soluço. —Caralho, amor, fala comigo.
Ainda sem falar nada, observei ela pegar algo no chão ao lado do seu corpo encostado na parede do banheiro e me entregar o objeto que mais parecia um termômetro.
—Isso aqui é um... — as palavras "teste de gravidez" fugiram da minha boca quando observei aqueles dois traços vermelhos. Desviei a atenção pra Liz quando aquilo começou a fazer sentido e ela assentiu pra minha pergunta que eu nem tinha conseguido concluir.
—Que merda a gente fez, Rodrigo... que merda, véi. — os olhos delas se encheram novamente e as lágrimas escorreram pelo seu rosto.
—Calma, isso... isso pode ta errado, não pode? — perguntei com o ultimo resquício de raciocínio lógico que me sobrou na hora. Minha esperança tava toda na possibilidade daquele teste estar errado ou com defeito de fábrica.
Liz riu sem humor e negou com a cabeça. — Olha na pia.
ainda agachado na frente da Liz, estiquei o pescoço pra olhar por cima da pia e passei a mão pegando os outros dois testes que estavam sobre a bancada. Encarei aquele tanto de lista vermelha, e um que estava escrito "Gravida 3+" . Nem sabia o que significava aquela porra daquele 3+ , mas com certeza a Liz estava grávida mesmo.
Minhas pernas? esquece, filhão. Foi só ler aquilo que eu parei de sentir elas do nada e caí sentado no chão do banheiro de frente pra minha namorada.
—Caralho... —falei em quase estado de choque. Eu sempre tive vontade de ser pai, na moral, era uma das maiores vontades da minha vida. Mas também era um plano mais pra frente, pra quando eu tivesse o mínimo de estabilidade pra oferecer pro meu filho e pra minha família, não agora aos dezoito anos, no colégio e sem nada pra chamar de meu. Porque tudo que eu tenho hoje, é graças ao meu pai e a empresa dele. Eu ainda não construí nada de concreto pra minha vida. E receber essa notícia assim " do nada" me deixou com um puta medo.
Quando algumas lágrimas brotaram nos meu olhos eu tinha certeza qu ia chorar feito bebê. Só não sabia se era de felicidade, choque ou medo. Acho que era tudo junto mesmo.
Se pra mim que sempre tive o privilégio de nascer numa família com uma condição maneira e sou homem estava com a cabeça pilhada, imagina pra ela que ta carregando esse bebê e que teria que adiar os planos dela e abrir mão de muito mais coisas que eu por conta da gravidez.
Ignorei a minha perna bamba e cheguei pra mais perto da Liz, limpando seu rosto das lágrimas — Vai dar tudo certo, amor. Calma.
—Calma?! — franziu a testa— Rodrigo eu to fodida! Literalmente. De tantas formas que eu nem sei. Eu não trabalho, praticamente acabei de fazer dezoito anos, eu mal tenho emocional pra me cuidar, como que eu vou conseguir cuidar de um bebê que depende de mim??? — ela falava em tom de desespero enquanto voltava a chorar — E meus estudos? meus pais vão me matar... que merda, cara. Eu me fodi muito!!!
— Liz, olha pra mim. — pedi. — Amor, olha aqui pra mim, mano. — segurei seu rosto e levantei na altura do meu.— Eu sei que essa situação é foda, a gente é novo pra caralho ainda, nosso namoro é recente, tem esse monte de questão aí que tu falou e mais um monte vai aparecer daqui pra frente — ela mordeu os lábios reprimindo o choro que estava voltando— mas tu não fez esse filho sozinha e você não ta sozinha nisso. A gente é um casal, po. Eu sei que agora meu pai vai me fazer trabalhar que nem uma puta la na construtora — ela riu fraco em meio ao choro— mas nós vamos encarar isso junto, aprender junto e dar conta de criar essa criança porque eu sei que amor nunca vai faltar pra ele.
—Eu tô com medo, amor. Muito!
Levantei do chão e estiquei minha mão pra ela segurar, puxei ela pra um abraço e fiz um carinho no seu cabelo.
— Eu sei, eu também tô. — me afastei só o suficiente pra olhar nos olhos dela. — mas eu prometo que vou cuidar de vocês sempre. Independente de qualquer parada! Eu te amo.
Dei um beijo na testa dela e ela me deu um selinho logo depois. —Eu te amo!
—Trouxe as paradas lá da farmácia pra você. — disse depois de um tempo.
— Tô sem fome. —Fez bico e eu arqueei a sobrancelha.
— Tu tá sem comer nada a tarde toda, Liz.
— Eu sei... —suspirou— mas eu não tô mesmo com fome, amor. Mais tarde eu como alguma coisa, juro.
Assenti.
— Beleza. Eu vou lá na cozinha guardar as coisas e já volto, falou?! — ela concordou. Dei um beijo na testa dela antes de sair do banheiro, peguei a sacola e desci pra cozinha.
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Já estava esquecendo de votar né?! Tô de olho. 👀👀
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