Capítulo 60

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MAJU

Escutei o barulho de alguma coisa caindo no chão e quando olhei vi que era o celular do Pedro. Notei que ele não reagiu pra pegar e subi o olhar pro rosto dele. Ele tava meio pálido e parecia estar com e a respiração travada.

—Pedro? —peguei o celular dele no chão e estendi pra ele, mas ele não reagia nem pra segurar o celular. Tava com o olhar fixo no nada e eu tive a sensação que ele nem tava me escutando.

—Pedro??— Insisti e dessa vez peguei na mão dele que tava gelada. Ele despertou no meu toque e me olhou ainda num silêncio horrível. — O que tá acontecendo? Cê tá gelado.

Me abaixei do lado dele e ele desviou o olhar , balançou a cabeça em negação como se estivesse tentando espantar seus pensamentos.

—Preciso tomar um ar. —Ele levantou meio bambo e eu segurei a mão dele fazendo com que ele me olhasse.

—Me fala o que tá acontecendo. Cê tá todo perturbado... confia em mim.

Ele soltou minha mão.

—Na moral, me deixa sozinho um pouco. Eu tô bem, só preciso esfriar a cabeça...—ele pegou a cerveja dele no chão e saiu direção a frente da casa enquanto virava a cerveja na boca.

Eu sabia que ele não tava bem, mas fiquei sem saber se iria atrás dele ou não
acabei decidindo respeitar o tempo dele.

Passou mais de uns vinte minutos e a minha preocupação tava toda no Pedro. As meninas até vieram me chamar pra dançar, mas eu não fui. Senti o celular vibrar no meu bolso e vi que era o do Pedro, que eu não consegui nem devolver, essa era uma ótima desculpa pra eu desrespeitar o tempo dele e ir até ele ver o que estava acontecendo. E foi isso que eu fiz.

Rodei a casa toda e vi ele sentado na grama perto de uma árvore, virando uma garrafa de vodka vermelha no gargalo.

Me aproximei e sentei ao lado dele.
—Por que você não me conta o que aconteceu ao invés de se encher de bebida?

—Um monte de gente enchendo o caneco aqui e tu vem regular logo a minha bebida? —respondeu meio seco.

—A única pessoa que me preocupa no momento é você. —respondi e ele me olhou um pouco surpreso.— Porque o problema não é você beber, é o motivo disso.

—Você não sabe qual é o motivo.

—Sei o suficiente. Não é por diversão. Alguma coisa te perturbou naquela ligação e você tá descontando na bebida. —levantei a garrafa que estava um pouco abaixo da metade— E eu respeito de verdade se tu não quiser me contar o que houve, mas quando eu disse que estaria aqui por você eu não tava falando da boca pra fora... Então me dá um desconto por estar preocupada.

Ele desviou o olhar pra frente e mordeu o interior da boca.

—Era ele. —ele respirou fundo e bebeu mais um pouco.— era o meu pai na ligação.

—Meu Deus do céu... —quase sussurrei ainda processando a informação— sua cabeça deve tá um bagunça.

Ele assentiu. —Porra... —suspirou— Tu não faz ideia.

Sem pensar muito, eu puxei ele pra mim e o abracei. Ele aceitou meio a contra gosto no começo, tentando se fazer de forte, mas depois me abraçou apertado de volta. Fiquei fazendo um cafuné na nuca dele por um tempinho até sentir a respiração dele mais calma.

—Eu tô aqui, tá bom?! Vai ficar tudo bem.—dei um beijinho na curva do pescoço dele.

—Obrigado. —sussurrou abafado e se afastou do meu abraço. —Sabe o que é pior? Desde que ele saiu falando que voltaria em uma semana, eu esperei por ele todos os dias... Literalmente todos os dias. Sempre que ele viajava, ele chegava em casa a noite, então todas as noites eu tomava meu banho e descia pra sala pra esperar ele chegar, mas ele nunca chegava. —ele passou a mão pelo rosto—eu perdi as contas de quantas vezes eu dormi no sofá esperando ele entrar pela porta da sala e nada. Eu fiz isso por meses, e por anos eu ainda tive esperança até a ficha cair e eu me dar conta de que eu passei os piores anos da minha vida com minha mãe morta e ele tacando o foda-se pra porra toda viajando com o dinheiro dela. —ele terminou com a voz embargada e os olhos avermelhados

—Caralho! Eu nunca imaginei isso.—comentei ainda assustada com o que ele me contou.

—Isso não é nem metade. Eu descobri tanta coisa depois, Maju, tanta coisa que porra... Não dá, nunca na minha vida eu vou perdoar ou querer ver esse fodido na minha vida. —falou firme.

—Pedro, eu te entendo perfeitamente.
—falei olhando pra ele e entrelaçei nossos dedos.— Você sabe que pode me procurar sempre que precisar, não sabe?

—Eu sei. Mas é bom te escutar dizendo isso. Obrigado! —Ele me deu um beijo na testa eu fiz um carinho no seu rosto e naturalmente selei nossos lábios algumas vezes o que iniciou um beijo curto e calmo.

A gente ficou ali só mais um pouco, mais a gente não tinha clima nenhum pra festa mais. O Pedro tava bem mal, por mais que tentasse esconder. Então decidimos dar um perdido em geral, pedi o Pedro pra mandar mensagem pras meninas do celular dele porque o meu tava sem bateria e fomos embora.

Ele reclamou um pouco quando eu chamei um Uber pra levar a gente em casa, porque ele tinha bebido horrores. Não quis deixar ele sozinho, então eu ia com ele até a casa dele e depois ia pedir pro Marcelo me buscar. Ia dar um puta trabalho? Sim, mas eu não iria ficar em paz comigo se não tivesse certeza que ele estava bem.

 Ia dar um puta trabalho? Sim, mas eu não iria ficar em paz comigo se não tivesse certeza que ele estava bem

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