Capítulo 36

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MAJU


—Eu disse pra você me atender, mas você não atendeu. Então.. —se indicou com uma mão como se dissesse "aqui estou" e escorou um braço na batente da porta e sorriu movido pelo álcool.

—Exatamente. Não atendi porque não quis, mas você não aguenta ser contrariado né? Não sabe lidar com um não. —soltei a maçaneta e troquei o peso do corpo pra outra perna — Pedro, vai embora não quero papo contigo hoje.


—Por que não? Olha... —ele passou a mão pelo cabelo, inquieto— eu tava bebendo até agora num buteco aqui perto e saí de la pra vim aqui falar contigo. Você não pode simplesmente me escutar?

—É exatamente por isso que não quero te escutar, você ta bêbado e eu to sem paciência. Então por favor... —indiquei a saída

—Ta, foda-se se eu bebi. Eu sei que falei umas paradas nada a ver pra você e vim aqui te pedir desculpa. Porra, eu to aqui pra te pedir desculpa, Tem noção? —Reforçou e eu notei que ele estava surpreso consigo mesmo. Ele fez uma pausa e suspirou pesado —e eu não to acostumado a fazer isso. Então espero que você me leve a sério.

Passei a mão pela minha testa, massageando rapidamente minhas têmporas e olhei pra ele em seguida

—Olha, você sabe onde eu moro, então quando estiver sóbrio e certo das coisas que você ta falando você pode me procurar que eu vou te escutar. Mas hoje... hoje eu to chateada e você ta assim —apontei pra ele indicando sua embriaguez— e eu não quero escutar meia duzia de palavras que amanhã você nem vai se lembrar. Então, por favor, vai embora.


Ele fechou os olhos como se estivesse aceitando o que eu disse, mordeu o interior da bochecha e me olhou em seguida. Senti que ele estava prestes a me dar razão quando uma vozatras dele ganhou nossa atenção.


—Ja tava me espe...rando? —Gui finalizou a frase quase sem som quando viu o Pedro se virar pra ele e depois pra mim. Uma tensão desnecessária cresceu, Pedro olhou novamente pro Gui e deu um sorriso perverso ao voltar sua atenção pra mim.


—Era por isso? —Pedro indicou o gui com a cabeça— Por isso que você tava com pressa de me mandar ralar? Pra você ficar mais tempo disponível com esse seu amiguinho otário?


Seus olhos brilharam com uma emoção tão forte que eu abria e fechava a boca sem conseguir dizer nada. Me arrisco a dizer que emoção por trás daquele brilho era ódio.


—Ow, abaixa tua bola. Eu só vim aqui pegar um— Gui tentou justificar, mas foi cortado em seguida

—Não to falando contigo— Pedro disparou pro Guilherme, mas seus olhos não desviaram do meu.—Responde, Porra!!! —falou comigo num tom mais firme

—Você não vai falar com ela assim na minha frente. —Guilherme disse e então ganhou a atenção do Pedro que olhou pra ele

—Eu já disse que não to falando com você, porra! —disse entredentes e o Guilherme deu um passo em direção ao Pedro

—Eu não to nem aí pro que você disse.


O cerco tava armado e eu tava vendo os dois saindo na porrada ali na minha frente. Senti que os dois iam chegar as vias de fato e me enfiei entre os dois.

—Parou a palhaçada, Pedro. Eu não te devo satisfação nenhuma, some daqui. E você vai falar assim com quem te dá confiança pra isso!

Ele me olhou, seu maxilar estava travado de raiva


—Eu nem devia ter vindo aqui. Foda-se vocês dois nesse caralho!


Saiu pisando duro enquanto sumia do meu campo de visão pelas escadas até o térreo.


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