Capítulo 17

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Atenção: O capítulo contém gatilho de abuso sexual. 

Atravessei o corredor do castelo como um foguete. A dor em meu corpo era insignificante diante do medo do que poderia acontecer se fosse mandada para a casa de um nobre. Eu ainda usava o meu pijama, vulgo um longo vestido de tecido fino, e estava descalça quando parei na frente do quarto de Christian. Inquietamente, comecei a bater na porta enquanto sentia um bolo se formar em minha garganta.

Ele é o único que pode me salvar nesse momento.

O meu punho doía mas continuei a bater incansavelmente contra a madeira da porta. Então, um guarda surgiu por trás e imobilizou os meus braços.

— Não! Não! Eu preciso falar com o rei!

— Ele não está em seus aposentos, senhorita. E se estivesse, você não tem o direito de falar com Vossa Majestade.

Continuo tentando me soltar de seus braços fortes, debatendo-me de maneira miserável enquanto segurava o choro.

— Claro que tenho o direito!

Então, ele inclinava a cabeça até que seus lábios estivessem próximos do meu ouvido e murmura:

— Abrir as pernas para ele não te dá direito nenhum. Deveria saber disso.

— Eu não sou assim...

A minha dignidade rastejou-se para algum lugar, provavelmente debaixo do tapete junto com a poeira. Enquanto o guarda me arrastava, estiquei as pernas sem apresentar resistência nenhuma. Christian estava ocupado com seus afazeres e, já que não apareceu diante dos meus gritos nada discretos, deve estar trancado em seu escritório ao lado de Jonnathan. Obviamente, o seu conselheiro não perderia a chance de destilar mais veneno no ouvido dele para que ninguém se aproximasse.

Sem um pingo de delicadeza, fui jogada aos pés da escada caindo de joelhos. A mala já estava ao meu lado e a senhora Hopkins observava a cena, esperando-me na porta. Eu pude deduzir que fazia de tudo para minhas amigas não descobrirem sobre minha saída repentina. Enquanto caminhava em direção a essa bruxa, perguntava em qual desculpa usaria para justificar a minha ausência.

A governanta olhou dos meus pés à cabeça, empinando o nariz sem esconder o seu complexo de superioridade.

Eu poderia invocar o Tratado de Corvus, mas quem quero enganar? Isso não passa de uma grande baboseira. O duque não viria por mim.

— Eu precisei mentir na carta, dizendo que você possui fantásticas habilidades na cozinha. — ela comenta com indiferença até que vejo um vazio em seu olhar, divertindo-se com a minha situação. — Mas, ao menos, poderá dar para o senhor Rudson, assim não será expulsa da casa.

— O que?! Eu não sou uma prostituta!

Ela trinca os dentes e sua mão vai de encontro à minha face. Sinto a ardência no local por causa do tapa e apoio a ponta dos dedos na bochecha.

— Ponha-se em seu lugar, sua puta! — ela exclama e respira fundo, retomando à postura séria. — Achou que ninguém descobriria sobre os seus encontros com Vossa Majestade? Pessoas aproveitadoras como você são uma praga e, por isso, precisam ser eliminadas o quanto antes.

Eu queria dizer umas boas verdades para essa miserável, contar que nunca me aproveitaria da condição de Christian para obter alguma vantagem. Porém, fui empurrada para fora do palácio e quase caí de joelhos. Então, sendo levada por um momento de desespero, virei rapidamente o corpo, proferindo:

— O Tratado de Cor-... — paro de falar ao perceber a porta fechada. — Merda!

E não tive escolha senão subir na carroça precária que me levaria em direção ao meu terrível destino.

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