Bônus 2: A mentira mais dolorosa

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Mais um homem vai ao chão por tentar me pegar pelas costas

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Mais um homem vai ao chão por tentar me pegar pelas costas. Com agilidade, abaixo-me segurando o seu braço para, logo em seguida, jogar o corpo do oponente no chão. Ele gemia de dor, fazendo uma careta patética enquanto o encaro de cima. Por causa do meu tamanho, cubro a luz do Sol no campo de visão dele, mas é possível ver seu olhar de raiva direcionado à mim.

Para o azar dele, já estou acostumada com essa hostilidade. A maioria dos soldados da guarda real não aceita a ideia de treinar com uma mulher. Ou melhor, não aceitam apanhar de uma mulher.

No pequeno campo de treinamento, aos fundos do palácio, Raven é o único que bate palmas com um singelo divertimento. Diferente dos demais homens, o espião não é preconceituoso com a participação feminina. Pelo contrário, em dias onde bebemos nas tabernas de Icarus, já cansei de ouvir as ideias de treinamento especial proposto por Raven; treinamentos estes que facilitam a inclusão de mulheres no exército.

— Precisam melhorar se quiserem o mínimo de reconhecimento, seus lixos! — exclama Raven antes de descer do banco improvisado de madeira, caminhando lentamente em minha direção. Ele parecia um felino, desfilando com toda a sua graciosidade. — Corram novamente pelo campo. Agora!

— Vai se ferrar, seu nanico doente! — grita um dos soldados ao se aproximar.

Reviro os olhos, dando as costas enquanto o espião muda o trajeto da caminhada, indo em direção ao infeliz soldado que o ofendeu. Como já o conheço bem, não me surpreendo ao ouvir o som de algo se partindo e um grito estridente ecoar por todo o campo. Logo, estou novamente na companhia do espião que, de maneira descontraída, andava com as mãos apoiadas nas costas. Ele inclina o corpo para fitar meu rosto sério.

— Preocupada com alguma coisa, Kat?

Fito o rapaz de canto, lançando um dos meus muitos olhares nada amistosos. Porém, Raven nunca se assusta com nada. Ele continua a manter o sorriso travesso desenhado em seus lábios finos.

— Guerras são complicadas, Raven. E esse sumiço do Lorcan não tem amenizado a situação.

— Oh, sim. Então, o problema é o sumiço do Lorcan. — debocha ao parar no meio do corredor, meneando com a cabeça para uma figura à nossa frente. — Pensei que esse fosse o problema.

Paro de andar para focar no "alvo" de Raven e acabo ficando estática. Cherly carregava uma cesta de batatas com muita dificuldade. O seu cabelo loiro estava preso em um coque, mas algumas mechas escorregavam por seu rosto, acariciando a pele alva. Os olhos verdes dela estavam focados nos próprios pés, tomando cuidado para não derrubar as batatas. Como sempre, ficava linda com as roupas de empregada.

Na verdade, ela fica linda com qualquer roupa.

— Boa tarde, mocinha. — cumprimenta Raven, acenando.

Cherly erguia a cabeça e, quando nossos olhares se encontram, ela parava imediatamente de andar. Algumas batatas escorregam do cesto, caindo aos seus pés.

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