Capítulo 60

204 23 113
                                    

Defendo do golpe de Lorcan, mas ele não abria brechas ao iniciar outro ataque. É quase impossível acompanhar seu ritmo. O homem é como uma máquina de lutar, sempre à frente do seu oponente. Ainda assim, recuso-me a ficar parada aceitando a derrota com tanta facilidade. Então, avanço em sua direção revidando seus golpes com uma defesa ágil. Por uma fração de segundos, vejo a surpresa no rosto do homem.

Mas vencer o melhor guerreiro não seria fácil.

Lorcan faz um rápido movimento de mãos deixando-me desarmada. A primeira espada escapa dos meus dedos e sequer tenho tempo de formular uma estratégia, pois o homem repete o movimento com a outra espada. Em seguida, surgia diante dos meus olhos com um impulso apontando a lâmina contra meu pescoço.

Estávamos ofegantes e suados, encarando um ao outro com vigor. Abro um sorriso de canto, dizendo:

— Você venceu novamente.

— O seu progresso é invejável. — dizia guardando a espada na bainha. — Mas não esperaria menos de alguém que treina todos os dias com tanta dedicação.

— Não quero ficar para trás. E acompanhar o nível da sua equipe não é nada fácil.

Ele ria com suavidade enquanto dava início a caminhada.

— Da nossa equipe, Natasha.

Sorrio em resposta. Nós retornamos para o interior do seu castelo em Icarus, depois de uma manhã inteira de treino. Seguimos para os nossos respectivos quartos, onde o banho foi rápido. Afinal, havia uma importante reunião a ser feita após o almoço.

***

Pela primeira vez, a sala de reuniões estava silenciosa. Era um silêncio sufocante e desagradável.

Lorcan não tirava os olhos das cartas entregues por Raven em uma de suas missões de espionagem. Por outro lado, o rapaz mantinha o semblante descontraído enquanto levava uma uva à boca.

Diante do clima pesado, ouso me pronunciar:

— Quais as notícias?

— Mandrariam e Aryan concordaram em nos apoiar. Valfem também está disposto à unir forças, mas quer ter uma reunião antes.

— Ele deseja todos os termos dessa "constituição" por escrito. — completa Raven. — É uma forma de garantir que cumpriremos nossa palavra.

— Pensei que confiasse na gente.

— O atual rei de Valfem passou por uma situação complicada com sua família, Diane. — comenta Katlyn com uma estranha suavidade em sua voz. O olhar tão cansado e distante. — Não esperávamos que confiasse em outro reino, quando sua própria mãe e seu irmão tentaram matá-lo pelo trono.

Um calafrio percorre minha espinha ao lembrar desse acontecimento. Ainda não acredito que um garotinho foi capaz de cometer tantas atrocidades.

— Vamos ditar agora os termos e enviá-los para Valfem.

Ninguém contestou a minha ordem, nem mesmo Lorcan. Ele estava mais preocupado com a última carta entre seus dedos, soltando um longo suspiro antes de comentar:

— Cartelli não está do nosso lado. O rei alega que não vai submeter o seu povo a um tirano.

Njal soca a mesa fazendo os objetos tremerem.

— Tirano?! O miserável corta a cabeça de qualquer súdito que vá contra sua vontade! Nós sabemos disso, Lorcan!

— Sim, mas tentar convencê-lo com a força não ajudará em nada. O povo de Cartelli vai acreditar que está nas mãos de um rei pior e não teremos confiabilidade.

VelorumOnde histórias criam vida. Descubra agora