Cravei a lâmina no solo, assim não caí completamente dentro do buraco. Infelizmente, precisava contar com a minha força física para sair dessa situação. Alguns grãos de terra haviam caído em meu rosto e corpo. As nuvens cinzas se aglomeraram no céu e, logo, a chuva começou a cair com brutalidade. Cada parte de mim pulsava de dor mas busquei forças para erguer lentamente o corpo, usando a espada como apoio para sair do buraco. Não podia demorar muito, pois seria questão de tempo para a areia se tornar lama e, assim, perderia a estabilidade.
Não podia desistir. Imaginei que semblante Lorcan faria se eu aparecesse com uma bandeira. Ele sentiria orgulho? Ou melhor, será que eu seria preenchida por essa sensação radiante de orgulho de si mesma? Estava cansada de nunca chegar ao meu limite com medo do que pensariam. Eu sou uma soldada de Icarus e, por isso, o limite era desconhecido para mim.
Quando apoiei o braço para fora do buraco, empurrei o restante do corpo para fora e rolei no chão. A lama sujou minha roupa e meu cabelo, mas ignorei esse detalhe insignificante. O soldado ao meu lado, recuperando parte do fôlego, comentou:
— Tudo por uma bandeira?
Por um momento, havia esquecido desse "joguinho" do exército. A minha força para continuar seguindo em frente não tinha nenhuma relação com uma simples bandeira. Algumas lágrimas escorriam por minha face, misturando-se com a chuva. Lentamente, ergui o corpo segurando com firmeza a espada. Lancei um olhar demorado em direção ao soldado antes de pegar a bandeira, prendendo-a em minha cintura.
— Tudo para saber se valia a pena. Saber se eu valo a pena.
Então, dei continuidade à corrida apressando os passos enquanto tomava cuidado com a lama. Em movimentos precisos, arrancava os galhos da minha frente avançando cada vez mais em direção à saída. Porém, dei um passo errado torcendo o pé e caindo no chão. A lama banhou completamente meu corpo, principalmente o rosto. Limpei a sujeira com as costas da mão, erguendo-se aos poucos até sentir um objeto entre os galhos secos. E naquele momento, os meus olhos se arregalaram.
Não pode ser.
***
Havia caído em outras três armadilhas ao retornar pelo caminho anterior. Encontrei Mason e Tanandra ao redor de vários soldados feridos. Eles pareciam bem, tanto que conversavam animadamente entre si. Quando fiz menção a se aproximar, ambos negaram com a cabeça e apontaram para o horizonte. Entendi aquele recado silencioso e apressei os meus passos.
Agilmente, desviei das flechas sendo jogadas em minha direção. Em seguida, dei outro mortal desviando de um buraco escondido. Saltei sobre uma corda antes que ela pudesse prender o meu pé e, assim, havia alcançado o topo da floresta. A chuva havia parado e tive uma melhor visão da base, bem como de outra bandeira cercada por cinco soldados. Eles estavam tão exaustos quanto eu mas não era momento de sentir pena.
Esse era o momento de agir.
Avancei aproveitando a guarda baixa deles, golpeando-os com os meus pulsos. Os dois primeiros desmaiaram ao serem atingidos em pontos fracos. Dei um chute na barriga do soldado, fazendo-o recuar antes de chutá-lo com toda a minha força. Os outros dois pararam ao meu lado, prontos para gastar suas últimas energias na novata machucada. Mas seria burrice enfrentar um oponente mais forte. Por isso, passei por entre as pernas de um deles, correndo até alcançar a banheira. Então, acabei impulsionando o corpo para frente caindo na cama e rolando ladeira abaixo. Alguns galhos cortaram mais ainda meus braços e a lama seca junto com folhas já estavam enroscadas em meu cabelo solto.
Quando meu corpo parou de girar como uma bola de neve, sequer conseguia se mover. Cada músculo do meu corpo pedia por um descanso. Com muita dificuldade, ergui a cabeça encontrando o portão da base militar.
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Velorum
RomanceUm pedido. Duas almas conectadas. Uma nova realidade. Natasha Martin é uma escritora que perdeu o seu ânimo após seu livro, Velorum, ser alvo de críticas negativas. Depois de retornar para o apartamento, decepcionada com uma descoberta do seu namora...