Lorcan passou longos segundos me encarando, expressando nada além de uma calma fria. Porém, pela forma como seus dedos batucavam inquietamente no braço da poltrona, sabia que minhas palavras o deixaram um tanto nervoso.
— Não sexo de verdade, mas vamos dar a entender que é isso que estamos fazendo.
Não sei definir se o suspiro do vilão era de alívio ou decepção, mas perdi a linha de raciocínio quando ele se ergueu retirando o longo sobretudo.
— É a única ideia útil no momento, então vamos executá-la. — comenta retirando as botas e as luvas. É notório o seu desconforto em expor as cicatrizes, já que tentava ocultar as mãos atrás do corpo. — O que eu devo fazer?
Subo na cama após bagunçar propositadamente o vestido e começo a pular nela. O som é audível e faço questão de que se espalhe para fora do cômodo.
— Vem. — digo estendendo as mãos.
Ele recua um pouco.
— Não. Não vou pular. Isso é ridículo, Diane.
Reviro os olhos bufando alto.
— É nossa única opção, Lorcan.
O duque estreita o olhar em minha direção em uma ameaça silenciosa. Entendo que, para um guerreiro assustador, isso é embaraçoso. Mas não temos outra opção. Noto uma sombra por baixo da porta, o que comprova que Iris está nos espionando. Então, encaro o vilão de maneira suplicante até ele se dar por vencido, subindo na cama ignorando minhas mãos estendidas. Okay, é um avanço.
Um pouco receoso e trêmulo, Lorcan começa a pular. O colchão é macio e a cama larga é espaçosa o suficiente para nós dois. Enquanto isso, estou pulando mais ainda relembrando de quando era uma criança comportada, onde nunca tive a chance de fazer isso. Se eu soubesse que era tão libertador, teria pulado na cama várias vezes.
— Aposto que pulo mais alto do que você. — murmuro em um tom desafiador.
Lorcan arqueia a sobrancelha e comenta:
— É o que veremos.
Então, ele pulava mais alto flexionando os joelhos. A cama treme um pouco e quase perco o equilíbrio, segurando suas mãos em um ato de puro desespero. Lorcan parece surpreso mas entrelaça nossos dedos, mantendo o olhar fixo no meu. Sorrio em resposta enquanto acompanho seus saltos, por mais difíceis que sejam. Sem ao menos perceber, estou rindo diante da cena de dois bobos pulando no colchão como se não houvesse amanhã.
Nunca pensei que poderia me divertir desse jeito.
O semblante de Lorcan está suave, o canto da boca se puxando levemente para o lado como se tentasse sorrir. Nesse momento, o meu coração falha nas batidas. Quero muito ver o seu sorriso, quero que essa bobagem de pular na cama seja o suficiente para afastar a dor do seu passado. Contudo, o duque parava de saltar, virando o rosto em direção à porta, comentando:
— Não é o suficiente. Ela ainda não saiu do corredor.
— O que faremos, então?
O seu olhar retorna ao meu rosto.
— Você precisa gemer.
Abro a boca para questionar, mas ele é mais rápido.
— Já colaborei demais, Diane. É a sua vez.
Respiro fundo reunindo toda a pouca coragem existente para gemer. O som não poderia sair forçado, por isso fecho os olhos tentando ignorar a presença do homem à minha frente. Infelizmente, não consigo afastar o nervosismo, gemendo de forma trêmula até sentir uma mão segurando firme o meu pescoço. De forma instantânea, abro os olhos deparando-me com o rosto do duque próximo ao meu. Lentamente, ele me guiava para deitar na cama ficando entre minhas pernas, ainda com a mão entorno do meu pescoço, enquanto a outra apoiava-se sobre a cama. As mechas do seu cabelo escorregavam graciosamente pelos ombros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Velorum
RomanceUm pedido. Duas almas conectadas. Uma nova realidade. Natasha Martin é uma escritora que perdeu o seu ânimo após seu livro, Velorum, ser alvo de críticas negativas. Depois de retornar para o apartamento, decepcionada com uma descoberta do seu namora...