Epílogo

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Abro os olhos encarando o dossel de cor azul escuro. Os detalhes da cortina são desenhados com linha dourada, formando diversas constelações que me encaravam de volta. O largo travesseiro vermelho e macio acaricia minha cabeça. Então, pisco os olhos para ajustar a visão e, em seguida, me apoio nos cotovelos analisando o ambiente ao meu redor.

O belo quarto era revestido por um longo tapete preto e macio com bordados feitos de ouro. A enorme cama estava coberta pela extensa coberta azul escura. Acima do dossel, havia um lustre de ouro com pedrinhas de diamante em suas extremidades. Ao virar a cabeça para o lado, dou de cara com a enorme janela de cortinas pretas que dava vista para um belo jardim.

Esse jardim... Esse quarto... Eu conheço muito bem!

Em um sobressalto, saio da cama mas logo me apoio na coluna de madeira. As minhas pernas estão fracas, bem como o restante do meu corpo. É como se tivesse passado uma eternidade inerte e os músculos estavam se acostumando com os movimentos novamente.

— Lorcan! — grito em busca de sua voz, mas somente o silêncio me abraça.

Quando estou acostumada com minhas próprias pernas, saio do quarto às pressas olhando pelo vasto corredor — coberto pelo típico tapete vermelho do palácio real e as tochas presas na parede — procurando algum rosto conhecido. Mas não havia ninguém.

Será que retornei tarde demais?

Luto contra as lágrimas enquanto continuo a correr, segurando as pontas da minha camisola branca de seda. O longo cabelo bagunçado havia crescido demais, tocando abaixo do meu quadril.

— Lorcan! Lorcan! Onde está você? — berro enquanto corria. A cada momento de silêncio, um pouco do meu coração se parte. — Lorcan!

Desço os mesmos degraus onde encontrei o Christian pela primeira vez, ajoelhada no tapete limpando sua superfície ao encarnar como Diane.

Só que agora não há ninguém.

Paro no enorme salão, girando entorno do próprio eixo. Sei que procuro qualquer rosto, mas meu coração só consegue pensar em uma pessoa.

— Lorcan, por favor... — murmuro ao cair de joelhos, cobrindo o rosto com ambas as mãos enquanto chorava. — Preciso de você...

Encolho-me nessa bolha de sofrimento, sendo despedaçada ao pensar que cheguei tarde demais. Em pensar que cada pedido silencioso, olhando para o céu, foi em vão.

— Natasha...?

Ergo a cabeça diante dessa voz. A voz causadora de embrulhos em meu estômago. Lorcan está parado na porta de entrada do palácio. Como sempre, usava roupas pretas e o seu longo cabelo estava solto. Os olhos azuis me encaravam com incredulidade enquanto dava um passo receoso para frente.

— É você ou eu estou sonhando?

Com muito esforço, fico de pé limpando as lágrimas com as costas da mão. Não contenho o largo sorriso a surgir em meus lábios rachados.

— Meu amor, eu estou de volta.

Sem dizer uma única palavra, Lorcan corre em minha direção e se joga em meus braços como um garotinho assustado. Afundo o rosto no seu peito, voltando a chorar descontroladamente, mas, desta vez, são as lágrimas de alegria que rolam por meu rosto.

— Eu pensei que tinha a perdido para sempre, Natasha. — murmura com a voz chorosa, apertando-me mais forte.

— Não, não pensou. Porque se tivesse pensado, não teria pedido por mim a cada estrela... — digo afastando um pouco o rosto para encará-lo. —... assim como eu fiz. Estou certa?

Ele abre um fraco sorriso.

— Sim, está sim. Pelas estrelas, nunca mais vá para outro lugar. Não suportaria perdê-la novamente.

Seguro seu rosto com ambas as mãos, usando os polegares para secar suas lágrimas.

— Eu prometo que não sairei mais do seu lado.

— Obrigado por voltar para mim... Obrigado... — dizia tocando sua testa na minha e fechando os olhos. — Obrigado... Obrigado...

Também fecho os olhos, aproveitando cada segundo de felicidade que nos é permitido.

— Então, Lorcan, finalmente estamos juntos. O que faremos agora?

— Como dizia o nosso querido espião, nada melhor do que comemorar com uma festa.

A risada a escapar dos meus lábios é sincera e involuntária.

— Essa é uma bela forma de iniciar o nosso recomeço, Lorcan De'Ath.

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