Capítulo 11

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Mesmo se eu não a tivesse criado, saberia que aquela bela jovem era a protagonista. Alene possuía uma presença marcante sem precisar fazer muito esforço. A sua beleza era perceptível para qualquer um, tanto que notei alguns olhares dos guardas sobre a nova empregada. O seu longo cabelo ruivo estava solto, tocando a região dos quadris. A cintura fina definida por um simples espartilho marrom por cima do vestido branco com uma fina camada de tecido verde por cima. As mangas compridas cobriam os seus braços finos, mas eu recordava perfeitamente de quando a descrevi para saber que todo aquele tecido escondia as curvas avantajadas do seu corpo.

Os seus olhos eram um verde um pouco acinzentado, um tom misterioso e atrativo. Contudo, o que realmente chamava atenção para aquele rosto proporcional não eram os lábios delicados e rosados, mas sim as sardas em suas bochechas. O seu sorriso era radiante e, de certa forma, trazia luz àquele lugar.

Diante daquela mulher bela em todos os sentidos, o complexo de inferioridade veio como uma faca atravessando o meu peito.

Eu não posso competir com ela.

Era nítido o abismo entre nós duas. Alene conseguiria ter o mundo em suas mãos com seu jeito simpático e a sua beleza devastadora. Ela é o reflexo da perfeição, assim como Christian. Por isso, os dois combinavam e formaram o casal mais belo da obra.

Demorou alguns segundos para retornar à realidade e retribuir o aceno simpático da protagonista. Por sorte, ela precisou seguir para o seu quarto antes de iniciar o seu primeiro dia como empregada do castelo. Enquanto isso, continuo estática no topo da escadaria com um aperto sufocante no peito.

Eu odiava me comparar com outras pessoas mas, desde sempre, isso tem sido automático. Às vezes, a minha mente faz essa comparação automaticamente e, sem ao menos perceber, estou pensando: "Queria ser fulano".

E nesse momento, não quis ser Natasha e muito menos Diane. Eu queria ser Alene.

Contudo, o melhor a se fazer no momento era engolir esse desconforto e fingir que estava tudo bem. Eu não podia preocupar Christian e, muito menos, falar da minha insegurança com a chegada de Alene. Ele não entendia e, particularmente, não quero que o príncipe sequer pense na existência dessa mulher.

Por isso, vou ao meu quarto onde visto o uniforme de empregada e depois sigo para a cozinha, encontrando Cherly com um olhar desconfiado. Porém, limito a um aceno desanimado e, por sorte, ela entende o meu desconforto não insistindo no assunto.

Ao menos, até estarmos sozinhas em um dos cômodos para a limpeza.

— Você não retornou para o quarto ontem. — ela comenta enquanto varria o chão. — Posso saber por onde andou?

O meu rosto esquenta antes de responder:

— Eu passei a noite com o príncipe e... Bem, dormi no quarto dele.

Cherly arqueia a sobrancelha e já sei o que se passa em sua cabeça.

— Não, não sou a concubina dele.

— E o que você seria, então?

Não havia o que responder, pois não fazia ideia do que eu e o príncipe éramos. Bryan havia sido o meu primeiro namorado oficial e o segundo cara que beijei, então minha experiência em relacionamentos era tosca demais. Tudo começou rápido com nós dois e, em um piscar de olhos, já havíamos firmado um compromisso sério. Contudo, Christian não comentou nada nas poucas vezes em que nos encontramos, o que era compreensível. Nesse época, não existe namoro ou "ficante". O único passo existente na época é o casamento.

— Não sei...

— Eu não quero interferir na sua felicidade, mas acha mesmo que o príncipe iria te assumir? Isso seria um escândalo no reino e duvido muito que o rei aprove essa relação.

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