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     Continuo encarando a paisagem, o sol nascendo entre as copas das árvores refletindo a luz entre as folhas que chacoalham conforme o vento fraco, tomando a cidade como num quadro onde o artista brincou com os tons laranjas e amarelos

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     Continuo encarando a paisagem, o sol nascendo entre as copas das árvores refletindo a luz entre as folhas que chacoalham conforme o vento fraco, tomando a cidade como num quadro onde o artista brincou com os tons laranjas e amarelos. 

     A luz atinge meu rosto, o aquecendo em meio ao sereno da manhã. Fecho os olhos apreciando o clima, consigo escutar vozes de crianças sussurrando, as risadas, o som dos passos correndo, o vento soprando e elas gritando animadas. Minha mente viaja por entres as vozes, até que em meio delas ouço um sussurro.

     — Eu não queria estar aqui. — A voz é doce e inocente ecoando pelo espaço voltando para a pequena garota.

     — Por que? Você tem medo? — O garoto se faz presente com uma voz infantil e gentil, ao mesmo tempo é carinhoso e zombeteiro.

     — Não finja que não tem medo. Todos temos. — As sombras caminham por uma caverna escura e úmida, os estalactites e estalagmites formam figuras tenebrosas, parecendo monstros com dentes afiados prontos para devorar crianças.

     — Tem razão, eu tenho medo de muitas coisas. Coisas que não deveriam ser reais, mas são. — O garoto segura a menina pelos ombros abruptamente, suas faces escondidas pela falta de luz, mas ali os olhos bicolores do menino brilhavam com algum sentimento conturbado. Sua amiga apenas vira a cabeça para o lado, como um questionamento para ele prosseguir com o que estava falando. — Essas coisas estão pelo mundo, minha pequena, e elas irão atrás de você.

     — Está me falando para não ter medo? — A garota sussurra como um segredo e o garoto balança a cabeça freneticamente, negando.

     — Não, pelo contrário. Tenha medo, muito medo. — Ele aperta os ombros da menina e ela sente que o amigo está desesperado, como se soubesse de algo apavorante. — Essas coisas são poderosas, e muito perigosas, não ache que você é invencível, você não é, e o medo que te lembra isso, então tema, mas também enfrente. — A garota franze a testa, várias perguntas surgem nos pensamentos da criança, mas ela apenas assente lembrando da frase que seu amigo sempre falava: Na hora certa, você irá entender.

    Abro os olhos e me levanto rapidamente buscando ar, como se estivesse submersa, e de certa forma, estava. Minha cabeça gira e tento manter meus pés firmes para não cair, respiro fundo. São memórias, tem que ser memórias! O que mais seriam?

     O barulho de arbustos se movendo chama minha atenção e olho para a floresta, vejo um vulto grande e, como se pudesse reconhecê-lo, estreito os olhos. Minhas pernas caminham até ele, minha curiosidade, e talvez instinto, levando-me diretamente à floresta.

     Minha visão fica mais escura à medida que me aproximo da sombra em movimento, mas me forço a permanecer de olhos abertos. Minha cabeça lateja com força, e escuto um zumbido fino no ouvido seguido de vozes que gritam ao mesmo tempo. Levo minhas mãos até as orelhas e as tampo tentando abafar o som, porém a sensação só aumenta, a mesma sensação do banho onde meu corpo queimava por dentro, tentando libertar algo.

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