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    O som de passos me faz levantar o olhar, Dominic sorri carregando mais alguns livros

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    O som de passos me faz levantar o olhar, Dominic sorri carregando mais alguns livros.

     — Achou algo? — pergunta e fecho o material velho negando.

     — Não, as únicas coisas sobre espíritos são histórias, que claramente são ficção. Não há nada falando como conectá-los. E você? — Aponto para a pilha em suas mãos. 

     — O mesmo. Parece que não há nada sobre isso por aqui. Tentou o livro sobrenatural de novo? — O vampiro deixa os livros sobre a mesa.

     — Sim, várias vezes. Tentei até com meu sangue, mas nada. Precisamos de algum livro de magia, não um que nos conte histórias — digo.

     — Ótimo, então toda essa leitura foi para nada? — Bate a mão na testa e nego. 

     — Histórias sempre contém um pouco de verdade, eu estava querendo saber se em alguma delas mencionava um lugar ou um livro de feitiços, mas mesmo assim ficamos sem respostas. — Levanto, determinada. — Eu já vi Elisa uma vez com um livro, não faço idéia se era de magia, mas ela é uma bruxa, deve ter livros desse tipo, certo? 

     — Acredite, faz muito tempo que eu não convivo com ela, e não faço idéia se ela tem algo do gênero, mas se tem, o guarda muito bem. — Estalo a língua no céu da boca e sorrio.

     — Acha que consegue falar com ela, convencê-la de dar o livro? — Minha curiosidade quase pode ser sentida. O vampiro dá de ombros, como quem não sabe ao certo.

     — Claro, só não sei se ela vai entregar sem perguntas — diz e reviro os olhos, mexo nos fios da ponta do cabelo. 

     — Então é só tentar pegar. — Dou de ombros, Dom nega, como se a ideia fosse estúpida.

     — Eu não vou pegar nada sem permissão de Elisa, é a única coisa que não vou fazer. Elisa é como uma mãe, tenho muita consideração por ela. Posso tentar convencê-la, mas não escondido. — Vejo a determinação em seu olhar e assinto concordando, vendo que ele não desistiria, afinal é parte de seus ideais e eu respeito isso. 

     — Certo, nada escondido. — Sorrio e Dom relaxa retribuindo. Ele levanta e acena saindo da biblioteca.

     Quando Dominic sai, estreito os olhos. Algo me diz que Elisa não está disposta a ajudar dessa vez. Minha mente clareia e sorrio de lado. Tenho que dar um jeito de conseguir livros de magia e sei exatamente onde procurar, e quem pode me ajudar. Alguém que não se importa de estar fazendo as coisas escondidas e não liga para o que está certo ou errado.

     Damien.

     Paro em frente a porta do quarto e bato sem hesitar

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     Paro em frente a porta do quarto e bato sem hesitar. A maçaneta gira e uma fresta revela o sorriso arrogante de Damien. 

     — Por que sinto que vai me pedir algo? — seu tom é venenoso e provocativo. — Precisa de ajuda, anjo? — a voz asquerosa reverbera em minha mente e sorrio sarcástica.

     — Acho que sou eu quem posso te ajudar. — Suas sobrancelhas se juntam, a expressão confusa mas prepotente. 

     — Certo, anjo. — O vampiro sai do quarto rapidamente, fechando a porta para que eu não veja nada. Mas no momento não é isso que quero. — Sou todo ouvidos. — Sorri cruzando os braços. Posso sentir que depois dessa conversa, as coisas vão mudar, e não sei se serão para melhores.

 Posso sentir que depois dessa conversa, as coisas vão mudar, e não sei se serão para melhores

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     O vampiro continua me olhando, o sorriso sádico evidenciando as presas. Minha postura é firme, em nenhum momento intimidada. 

     — Quem disse que preciso de você para isso? — Lambe os lábios, a língua contornando a presa e os olhos afiados, pronto para atacar.

     — Não precisa — afirmo, o homem cruza os braços apoiando o corpo na parede, esperando minha continuação. — Mas eu tenho recursos que você não tem. Posso entrar e sair dos lugares em segundos, sem deixar rastros. Seria um péssimo começo para sua amiga delegada se o primeiro caso que ela tivesse que solucionar fosse o da prefeitura invadida, seria bem suspeito acontecer bem após a morte do antigo delegado e a chegada dela.

     Ele continua sorrindo, como se nada do que eu tivesse dito o afetasse. Mas continuo mesmo assim.

     — Eu não preciso de você e você não precisa de mim, mas se nos juntássemos, nada poderia nos parar. Não quero me intrometer em nada do que vai fazer, só quero seguir com meu plano e você segue com o seu...

     — Mas para isso tenho que falar onde estão os livros e arquivos sobrenaturais que o conselho pegou — conclui e estalo a língua. 

     — Exato. 

     Seus olhos ficam presos aos meus em desafio, encaro de volta e arqueio uma sobrancelha. No fim, o vampiro ri revirando os olhos.

     — Me juntar à você, não vou negar, é repugnante. — Abaixa um pouco a cabeça esperando minha reação, mas tenho certeza que ele tem mais a dizer. Sorrio arrogante. — Mas... Não deixa de ser muito tentador. — Retribui com um sorriso desdenhoso. 

     — E então... — incentivo, sabendo que as próximas palavras serão a confirmação de minha vitória.

     — Prince assumirá o cargo amanhã, ela estará de olho no conselho, os despistará com um caso supostamente muito estranho, e quando ela me der o sinal, você nos colocará lá dentro. Vamos até a sala onde eles guardam qualquer coisa relacionada ao mundo sobrenatural e você nos coloca dentro de novo, pegamos o que queremos e saímos da mesma maneira que entramos. Rápidos e objetivos. — Assinto, prestando atenção e completando os detalhes em minha mente. 

     — Não pode esperar que seja tão fácil. — As presas cintilam, sua prepotência me irritando.

     — Esperamos que seja fácil. — Desencosta da parede e vai até a porta segurando a maçaneta dourada. — Caso não for... — seu tom é baixo e rouco. Ele vira a cabeça lentamente em minha direção, olhando por cima do ombro. — Então iremos nos divertir. — O sorriso sádico que reconheceria em qualquer lugar se iluminou em seu rosto. 

     O vampiro entra no quarto e me apoio na parede com os braços cruzados, ainda encarando a porta que acabou de ser fechada. 

     Por que sinto que iremos nos divertir, Damien?

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