{Maeve}
Sinto o olhar das pessoas enquanto meu irmão e eu sobrevoamos a capital de Atrios. Pousamos um pouco antes dos muros do castelo e os guardas nos dão passagem.
Sinto como se não visse esse lugar há anos, as paredes de pedra e as torres enormes, as características medievais conservadas e a grande bandeira do reino brilhando entre o prateado e o branco, o símbolo no centro, círculos dentro de círculos com duas espadas entre eles, fincadas na cabeça de um dragão com chifres.
Sorrio, lembro-me das milhares de vezes em que Galmor e eu brigamos para ver qual a bandeira mais linda. Particularmente eu ainda prefiro a bandeira escarlate com a rosa preta e o pingo do sangue escorrendo pelo caule espiral de espinhos.
As grandes portas abrem revelando o interior rústico do castelo e as pessoas que pensei estarem mortas. E por mais que eu tente evitar, são seus olhos que encontro primeiro. O olhar afiado e sombrio, quente e frio, misterioso e sanguinário, e talvez eu não devesse achar, mas é lindo. Seus olhos são de um cinza tão sobrenatural quanto as presas que estão à mostra em seu sorriso de lado.
Damien.
Quase deixo seu nome escapar de meus pensamentos e ser pronunciado em voz alta, como se eu precisasse chamá-lo e confirmar que não é uma alucinação. Ele está... Bem. Ele não está morto, totalmente. Ele está aqui. E não me importa como.
É como se todos ao nosso redor não existissem, e somente houvesse um caminho de fogo entre nós, porque eu estou quente como o próprio inferno.
Mas não estamos sozinhos, e Galmor me lembra isso quando sorri e teletransporta-se, como se não suportasse a ideia de andar alguns passos. Seus braços rodeiam a cintura de Muriel o puxando para si e beijando seus lábios. Meu irmão retribui na mesma intensidade, com um sorriso enquanto segura o cabelo branco do outro.
— Senti tanto sua falta. Tanto. — o rei murmura e Muriel lhe dá um selinho sorrindo de lado.
— Estou de volta. — e o puxa para um abraço, enterrando a cabeça no pescoço de Galmor, sendo apenas dois centímetros mais baixo que o mais velho.
— Pequen... — Drak é empurrado para o lado e Kayle pula me abraçando e dando-me tapas.
— Você não sabe quanta coisa passei por sua causa! Eu estou tão feliz que está de volta! — diz afastando-se e sorrio de lado.
— Estou feliz por estar de volta, completamente. — respondo.
Drak não dá tempo para mais conversas quando puxa-me para seus braços e nos rodeio com minhas asas, ele sorri lembrando da mesma coisa que eu. De todas as vezes que nos abraçamos na nossa infância, das vezes que meu coração se aqueceu porque finalmente alguém queria meu toque. Afasto-me do abraço e encaro seus olhos bicolores.
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Dark Mind
FantasyUma garota desperta na floresta, sem memória, sem nome, sem passado e sem ninguém em quem pode confiar. Ajudada por Nickolas e Elisa, ela começa a descobrir coisas sobre si mesma e sobre o mundo que até então não lembrava serem reais, como as criatu...