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     Ando pela grama em frente a grande casa depois de mais um treinamento em que falhei, aperto os punhos com força, com raiva

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     Ando pela grama em frente a grande casa depois de mais um treinamento em que falhei, aperto os punhos com força, com raiva. Como vou recuperar minhas memórias se nem mesmo consigo acessar meus poderes quando quero?

     Quando saio de meus pensamentos percebo estar de volta aos fundos da mansão antiga. Passo pela parte onde treino e vou até um jardim com belas flores das quais nem mesmo sei os nomes. Abaixo tocando em uma azul, sentindo seu perfume diferenciado, franzo a testa.

     — É uma Etnius — uma voz masculina soa calma atrás de mim. Levanto rapidamente encontrando-me com o terceiro homem do quadro dos irmãos Villassa. 

     — Você deve ser Dominic. — Arqueio uma sobrancelha e ele anue.

     — E você a Maeve. — Cruzo os braços e balanço a cabeça em concordância. — Sabe, essa flor é rara, os humanos nem mesmo sabem que ela existe, assim como muitas nesse jardim. — Sorri gentil e continuo quieta. — Elas são criadas com alguns feitiços, e não são todas as bruxas que gostam de fazê-los, por isso se tornam raras. A Etnius é a flor do eterno, ela nunca morre, como o amor verdadeiro. Mas... — Ele agacha, arrancando a flor, tocando as pétalas devagar. 

     Até que as esmaga. 

     — Ser eterno não significa que não pode ser destruído. — Seu olhar acompanha a flor caída no chão, as pétalas e o caule ainda cintilam, mesmo depois de esmagados.  

     Lembro do que Nickolas me contou. Dominic está falando do amor que sentiu por Cinthya, do amor que o traiu e foi destruído. Seu olhar perdido mostra todos os seus sentimentos, enquanto o do Nickolas mostra apenas parte e do Damien não revela nada. Dominic é fácil de ler, é um livro aberto apenas por seus olhos âmbar.

     — E aquela? — pergunto apontando para uma esverdeada. 

     Ele me olha e volta a sorrir, um sorriso sincero e dolorido.

     — Fals. Verde é considerada a cor da inveja pelos humanos, inclusive em uma de suas histórias uma bruxa fica verde por causa da inveja que sentia. Um bruxo criou a flor da humildade em cor verde, contradizendo a espécie que os caçou por anos. Verde também é a cor da natureza, da sabedoria, da paz e harmonia, os humanos que distorceram as coisas. — Pisca e acabo rindo anasalado.

     — Aquela outra. — Aponto para uma dourada, o sol da tarde bate em suas quatro pétalas finas abertas, o miolo reluzente como diamante. 

     — Lumini. Ela é conhecida como flor do sol, representa a alegria, a luz, a verdade e a bondade. Alguns atribuem a ela todas as coisas boas, todos os sentimentos positivos. Mas mesmo o sol se esconde, mesmo as coisas ruins acontecem, mesmo os sentimentos negativos florescem em meio aos bons. A questão da flor ser o sol, é porque hora ele reluz, e hora ele se põem.

     — Essa flor me faz pensar nos seus olhos — penso em voz alta e ouço a risada alta de Dominic reverberar. Acabo por continuar a falar: — Seus olhos âmbar são tão brilhantes quanto a flor, mas ao mesmo tempo tão opacos quanto a falta de luz. — Ele sorri e olha para baixo, coça a nuca e nega fraco. 

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