29

74 10 3
                                    

     — Elisa? — chamo entrando na cozinha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

     — Elisa? — chamo entrando na cozinha. A mulher está debruçada sobre o balcão, parecendo aflita e pensativa. — Elisa? — repito estranhando sua expressão. 

     A senhora arregala os olhos virando, sua boca se puxa numa tentativa falha de sorriso.

     — Ah, menina, eu estava quase terminando o almoço, e... — Seus olhos se fecham e ela suspira indo até o fogão. 

     — Está bem? — questiono colocando a mão em seu ombro. Ela assente e depois nega, franzo a testa. — O que está havendo?

     — É que você... Eu não... — tenta falar várias vezes, mas simplesmente não consegue formular as frases. 

     — É pelo que fiz durante a luta? Comer órgãos? — A bruxa arregala os olhos e gagueja engasgando com a própria saliva. — Acredite, Elisa, eu não consegui controlar, foi maior do que eu. Foi como um instinto, como se eu precisasse me alimentar — tento explicar, mas nem mesmo eu compreendo. 

     — Não, tudo bem. Só fiquei... Chocada. — Olha-me colocando as mãos em meu rosto. — Eu só me preocupo demais, tenho medo no que esses instintos podem te transformar. 

     — Em um demônio, Elisa. Porque é isso que eu sou — digo, um pouco decepcionada, é como se ela se recusasse a aceitar esse fato.

     É por isso que não devemos mostrar nosso lado bom para as pessoas. Quando se vê o bem, se espera o bem. E isso eu não posso dar. 

     — Eu tenho uma dúvida. — Desvencilho-me do seu toque, mudando de assunto. Ela assente como quem diz que posso continuar. — Quando entrei na mente daquele bruxo, vi uma conversa. Millen está por trás disso, e está tentando fazer um feitiço para contactar o mundo espiritual. — A senhora fica estática, o olhar esbugalhado fixo em meu rosto. Posso jurar que começa a tremer.

     — Então nem mesmo precisamos nos preocupar, é impossível que ela consiga. — Vira para os armários, mexendo em vários objetos, mas sem pegar nenhum, apenas revira tudo como se procurasse nada em específico.

     — Mesmo que ela não consiga, ainda tem um motivo para tentar, e é isso que precisamos descobrir. Talvez se conseguíssemos…

     — Não! — grita, virando de súbito para mim. — Não vamos mexer com o mundo espiritual, não vamos mexer com o equilíbrio da magia e da natureza, Maeve. — Arqueio as sobrancelhas, surpresa pela sua explosão, e até por ela me chamar pelo nome tão rispidamente. 

     — Certo, se é perigoso desse jeito, eu não faço nada. — Estranho seu comportamento, ela suspira aliviada. — Não estou com muita fome, vou subir e tomar um banho, ainda estou suja de sangue e quero estar pronta para conversar com Nickolas quando ele chegar. 

     — Tudo bem, menina. Vai lá. — Sorri voltando ao seu estado normal. 

     Saio do cômodo passando pelo corredor e indo até a escadaria. Cada degrau é uma pergunta sobre o porquê dessa reação de Elisa. 

Dark Mind Onde histórias criam vida. Descubra agora