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     Encaro a lua pela janela, as cortinas brancas balançando com o vento, a floresta sendo iluminada com o manto de luz da noite

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     Encaro a lua pela janela, as cortinas brancas balançando com o vento, a floresta sendo iluminada com o manto de luz da noite. Sei que no meio daquela mata há um lago cintilando e refletindo a imagem do céu. 

     Minha inquietação não me permite dormir, amanhã colocarei meu plano em prática. Posso ser confiante de meu potencial, mas em uma guerra sempre há perdas, e eu não quero perder. Ainda estou tentando ver a minha relação com toda essa confusão, não posso perder e muito menos morrer, eu preciso descobrir a verdade. 

     Meu cabelo é penteado para trás pelo vento, a roupa branca iluminada pela luz da lua, uma imagem perfeita de inocência e bondade. Uma mulher sentada na janela observando as estrelas, que mal ela poderia causar? 

     A pergunta certa é, quanto mal eu poderia causar? 

     Ainda conheço limites?

     Saio do quarto e fecho a porta, quando estou indo em direção às escadas, paro. Encaro o lado oposto, o corredor escuro. Uma sensação me chama, como se eu precisasse ir para o outro lado. Sigo por ele, sentindo minha pele se arrepiar em contato com o chão gelado. 

     Vejo a porta fechada, a maçaneta dourada brilhando na escuridão. Abro com cuidado, entro, meu olhar dirigindo-se ao piano no meio da sala. Aproximo-me e toco o instrumento, querendo ouvir sua melodia, os desenhos nas laterais fazendo-me lembrar de Damien. Foi ele quem os fez, não foi?

     Meus passos são cuidadosos quando vou até as prateleiras com estatuetas. Seguro a que estava caída. A mancha vermelha opaca no peito, tinta. Os detalhes podem ser visualizados em minha mente, como uma pessoa real. Posso imaginar que cor seriam os fios do cabelo, as roupas, o ferimento jorrando sangue. 

     Aprendi a ver coisas escondidas, e sei que as pinturas e estatuetas tem muito mais história do que Dominic me contou. Sei que Damien está deixando histórias espalhadas por essa casa. Pergunto-me se eles não se sentem perturbados por morarem no lugar que um dia fora de seus pais, se eles não ficam incomodados com as lembranças ruins. 

     Coloco a peça no lugar quando ouço um barulho do lado de fora. Caminho lentamente, dando uma última olhada na estátua. A mancha de sangue no peito não foi apenas acidental, é muito bem trabalhada para não ter significado. O que tanto te perturba, Damien? O que te faz retratar uma pessoa morta? 

     Abro a porta saindo do local, minha mente mais agitada do que quando estava no quarto.

     — O que pensa que está fazendo? — a voz sussurra em meu ouvido. Meus olhos fixam-se na porta, passo a língua nos lábios secos, meu peito sobe e desce, minha garganta seca e viro para encontrar Damien próximo demais.

     — Nada que seja do seu interesse. 

     — Nada que se relaciona a você é do meu interesse — o sarcasmo vibra em sua voz e expressões. — Mas esta sala é minha, e isso sim é do meu interesse. O que estava fazendo? — Reviro os olhos, o sorriso provocativo está de volta em seu rosto, fazendo meu desejo de socar sua face aumentar.

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