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     A noite está fria, o vento mais forte balançando as árvores, as nuvens estão se acumulando, e os clarões no céu indicam a vinda da tempestade

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     A noite está fria, o vento mais forte balançando as árvores, as nuvens estão se acumulando, e os clarões no céu indicam a vinda da tempestade.

     Encaramos os bruxos e bruxas, alguns cobertos por mantos e outros cheios de runas e cortes. Posso sentir o medo, isso desperta meu interior, como se fosse um banquete servido em uma bandeja de prata. O monstro dentro de mim deseja sangue, lembrando-me de que a minutos atrás engoli um pedaço de carne humana, e acredito que meu lado demônio quer mais. 

     Das coisas que venho descobrindo que fortalecem um demônio, medo, sangue, alma, e agora carne, a que mais me satisfaz é o medo. É como eletricidade pulsando por todo meu corpo, dando poder, fazendo-me ter a certeza que tenho ainda mais para demonstrar. 

     Eu ainda não sei o que é ser um demônio. 

     Estou, aos poucos, redescobrindo meu lado sobrenatural, mas quando se perde a memória, perde-se também parte de si. Com minha mente apagada, não posso afirmar se controlo a fera ou ela me controla. Porque agora ela quer muito tomar o controle, e eu não quero impedir.

     Eu não quero impedir.

     Um trovão ressoa logo após a luz que atravessa acima de nossas cabeças, o sinal perfeito para Damien usar a velocidade e arrancar a cabeça de uma bruxa. 

     A batalha recomeça. Teletransporto-me para entre os inimigos, usando da ilusão para distraí-los. Perfuro o peito de um bruxo com a mão, sinto seu coração pulsar, um ritmo que me chama. O grito do homem se prende na garganta quando puxo seu órgão para fora do corpo e o levo a boca, mordendo e sentindo o sangue escorrer por meu rosto, passando por minha garganta. 

     O monstro está no controle

     Uma espada surge da névoa em minhas mãos, brilhando no escuro e sendo manchada de sangue conforme perfuro o corpo de vários seres. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete... Um a um, caindo aos meus pés. Rápida e habilidosa como se eu sempre soubesse dos movimentos certos, dos momentos propícios para desviar e para atacar. Como se, mesmo sem memória, no fundo eu ainda recordasse de cada lição aprendida durante minha vida. 

     Olho em volta quando não tenho mais nada para atingir. Os corpos separados em várias partes, cabeças decapitadas, braços arrancados, pernas quebradas, peitos abertos e órgãos devorados. O vermelho cobre toda a grama que um dia fora verde. 

     Os olhares estão em mim, Elisa perplexa e Nickolas sério. Dominic não tem exatamente uma expressão, mas seus olhos falam por si, surpresos. Damien é o único que parece estar se divertindo com a situação, segura um bruxo que suplica uma morte rápida. Os olhos cinzas parecem adorar os gritos de medo.

     — Por f-fa-favor. Eu... — Começo a me aproximar, a névoa levando a espada. O bruxo se encolhe e implora para Damien o matar.

     — Eu matá-lo? Mas ela parece fazer isso tão bem. Olhe... — Vira a cabeça do inimigo em direção aos companheiros mortos, ele chora, as lágrimas lavando o sangue de seu rosto.

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