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{Maeve}

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{Maeve}

     Despeço-me de Wiliantend e dos outros dragões, seu olhar majestoso dando-me um sinal e o ar gelado saindo de suas narinas.

     — Maeve, preste atenção aos detalhes que está deixando passar, as perguntas que fazia antes e agora esqueceu. Volte a pensar com clareza em momentos passados, há segredos ainda não contados. Você está certa em sua teoria. — a voz grossa e ainda suave adverte, mas no fundo posso sentir a urgência em seu pedido.

     Viro-me acenando, pensando em suas palavras, e logo admitindo a mim mesma que me distraí das minhas perguntas, dos questionamentos necessários. Olho para Damien esperando do lado de fora. Eu me distraí.

     — Eles não irão? — pergunta quando descemos a montanha com rapidez.

     Não respondo. Meus pensamentos passeando pelo passado e questionando os detalhes, voltando para completar o quebra-cabeça, as respostas praticamente completas. Deixo-me vagar alguns momentos, perdendo o foco, lembrando de meus momentos com Damien. Trinco os dentes. Eu me distraí. Foco!

     — Garota demônio — Damien chama novamente, o tom sério e mais alto, como se já estivesse chamando há muito tempo.

     O ignoro, sentindo meu peito apertar, mil possibilidades do futuro passando em minha mente. Admitir é o pior, mas eu o fiz, e isso quase me faz tremer. Admiti que não odeio Damien. Então o que sinto? Eu sei o que, mas não posso. Não posso suportar amar outra pessoa e perdê-la.

     Como perdi Aizzy, como perdi Muriel, como perdi Drak... Como perdi Damien.

     Talvez o ódio esteja mudando, ou já mudou, talvez algo esteja acontecendo dentro do meu peito porque sinto como se não precisasse dele para sobreviver, mas precisasse para viver.

     E eu não sei em que momento isso mudou — talvez na neve ontem quando partilhamos um momento íntimo, ou quando ele me abraçou e me tirou de uma crise, ou no corredor quando suas palavras me fizeram voltar a respirar. Não, foi antes, foi quando percebi que ele me entendia, quando Damien se revelou mais do que um monstro.

     Monstros também têm sentimentos.

     Comecei a entendê-lo e a ver como pareciamos quando ele, em meio a um delírio, contou-me seus medos e inseguranças. E então, quando fugimos no meio da noite para destruirmos o Conselho, quando vi em seus olhos a dor e como estava perdido, e como ele escondia tão bem como se importava e como cumpria suas promessas, então, foi aí que o ódio começou a se transformar. E cada pequeno momento depois disso, nos impulsionou para o agora.

     Sinto mãos agarrarem meus braços, puxando-me para seu corpo musculoso e os olhos raivosos me encarando.

     — Você vai me ignorar depois de tudo? — sua voz está suplicante, seus olhos buscando os meus.

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