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     Escolhas

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     Escolhas. Todos temos escolhas, não importa como, sempre temos pelo menos duas opções. E não podemos colocar a culpa das nossas decisões nos outros. 

     Não posso culpar Damien por estar cheia de sangue nesse momento. 

     O vampiro larga o corpo virando na minha direção. A boca coberta de sangue que escorre por seu pescoço manchando a blusa social branca. 

     — Satisfeita? — pergunta zombando.

     O ignoro. 

     Damien desperta meu lado ruim, meu verdadeiro eu. Às vezes acho que deveria estar grata, e outras com muita raiva. Afinal, foi Damien quem conseguiu me ajudar a controlar meus poderes. 

     — Não está se sentindo culpada por matá-los, está? — Se aproxima e meus olhos descem em direção aos corpos desmembrados, órgãos arrancados e sangue respingado por toda parte. 

     — Os diários são seus — é a resposta que dou, não só para ele, mas para mim mesma. 

     Damien fecha a expressão, pego de surpresa.

     — O quê? — questiona lentamente, me prendendo na parede. 

     — Os diários. — Levanto meu rosto, a postura firme. — Aqueles que revelam que você foi influenciado por alguém. Aqueles em que você cita ser um monstro. — Damien me fita furioso. 

     — Quem te deu permissão para mexer nas minhas coisas?! — grita e rio. 

     — Estavam no quarto, em uma prateleira, eu estava entediada. Se serve de consolo, quando eu li, não fazia ideia de nada — sou sarcástica e os olhos negros me perfuram, como se a qualquer momento Damien fosse me matar. — Foi isso que fez aqui não é? Estava com raiva e descontou seu ódio, matando. Então depois culpa seus instintos, como se fosse justificativa para tudo. 

     — Cale a boca! Fique quieta, Maeve! Você não sabe de nada! — grita com as presas afiadas perto do meu rosto.

     — Sei muito mais do que gostaria — respondo e prendo seu olhar ao meu. — Diga que estou errada. Diga que você não está devastado com o que leu no arquivo, diga que o que fez aqui foi somente uma diversão. Diga-me que agora, depois de matar todos eles, está feliz. — Seus olhos ficam trêmulos e aproximo meu rosto, dessa vez sussurrando: — Diga para mim, Damien. Minta mais uma vez. Isso te faz sentir melhor? Porque faz a mim.

     Suas íris voltam para o tom cinza e suas presas se retraem, as veias ficando menos visíveis na pele. 

     — Você é um monstro tanto quanto eu. Se eu disser que fiz por estar com raiva ou seja o que for, pelo que você fez? 

     — Porque eu quis — digo firme. — Porque no fundo quero aceitar o que eu sou. Porque o que está dentro de mim é mais forte. Porque eu sou um demônio.

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