6. Elevador.

243 18 3
                                    

No dia seguinte, chego mais cedo no Complexo, Kamili chega mais cedo, nos meus fones de tocava Positions-Ariana Grande, e carregava uma bolsa de viagem na mão com algumas coisas que trouxe para deixar aqui. Desçodo táxi, e já portaria sou recebido por um senhor de sorriso simpático, então diminuo o volume da música para cumprimentar o porteiro.

- Booom diaaa, Sr. Mário! (digo batucando os dedos no balcão da portaria)

- Bom dia menina, parace estar mais feliz hoje, diferente de ontem quando saiu daqui meio emburrada, parecia minha netinha menor! (rsrs)

- ontem eu estava mesmo chateada, mas já passou. Deixa eu ir, não quero me atrasar. Tchau!! (aumento o volume da música novamente)

O elevador abre a porta e entro distraida, olhando para baixo, cantando baixinho, dois passos para dentro de elevador e giro nos calcanhares ficando de frente de para a porta, que se fecha, é no exato momento que sinto como se alguém estivesse a olhando pelas costa, sem levantar a cabeça, olho pelo reflexo da porta do elevador, e posso ver a imagem de uma pessoa alta, toda de preto, curiosamente em total contraste comigo, que estava toda branco, calça justa ao corpo, marcando minha cintura, camisa com decote em V que valoriza meus seios, jaqueta e sapato alto. A pessoa estava encostada na parede do fundo do elevador, com as mãos na barra de apoio.

Tive que contar até 10, respira fundo, para controlar a sensação estranha que senti quando percebi quem era, e de alguma forma, e por algum motivo que desconheço, meu corpo reconhecia aquela energia, reagindo a ela em forma de arrepios.

O elevador para no segundo andar, entram algumas pessoas, e o elevador desce novamente, parando no estacionamento do sub-solo, as pessoas descem, e voltamos a ficar a sozinhos no elevador, que torna a subir, dessa vez direto. Aperto o botão do quarto andar novamente, de forma impaciente, pois meu corpo ainda reagia a aquela presença, eu podia sentir que aqueles olhos estavam fixos em mim e num impulso pressiono novamente o botão do elevador, é quando a voz rouca, sem alteração no timbre, mas que parecia estar magnetizada, falando bem devagar.

- Não adianta você apertar insistentemente o botão, o elevador não vai subir mais rápido por isso. E é capaz dele acabar travando. Tá se sentindo enjaulada aqui dentro, é isso?

Enquanto ouço aquela voz, percebo que a mesma se aproximar mais e mais das minhas costas. Um arrepio sobe pela minha nuca, e de forma automática procurando acabar com aquela tensão, faço meu tic, estalando o pescoço, finalizando com a cabeça inclinada para trás, arquiando as costas, o que realmente alivia um pouco a tensão no meu corpo.

Saindo daquele transe, volto a olhar para a porta, e vejo aquele reflexo já ao meu lado, bem ao meu lado, finalmente o elevador se abre, já no quarto andar. Saio apressada dali, sem olhar para trás, mas a voz me deseja bom dia, num tom quase de malícia. Esses foram os minutos intermináveis.

Ainda tentando me recompor e entender direito o que aconteceu, e o por que do meu corpo ter reagido daquela forma, sigo pelo corredor, logo encontra Hill, que nota meu estado um tanto ofegante, e vê também Bucky olhando na nossa direção, ele entra porta a esquerda onde fica a área de convivência, que fica alguns metros atrás de onde estamos paradas agora, e o olhar curioso da Hill se volta para mim.

- oii, está tudo bem, Leclerc?

- ahn... sim, está sim, estou ótima.
É... qual das suíte eu posso ficar?
E me chame de Kamili, só Kamili, por favor.

- Ok, Kamili. Que bom que você decidiu ficar aqui!

- na verdade, eu não vou ficar aqui, prefiro continuar no meu apartamento em Williamsburg, no Brooklyn, só estou trazendo algumas coisas para cá, caso eu precise.

- ah tá... entendi. Então vou te mostrar as suítes.

Seguimos pelo corredor e viramos a direita, entrando em outro e mais adiante, ainda a direita chagamos no último corredor de suítes. Hill mostra as suíte disponíveis, escolho uma com vista para o gramado nos fundos Complexo, tinha um lago artificial muito bonito.

Ficamos ali no quarto conversando amenidades, tentando nos conhecer melhor, enquanto eu guardava minhas coisas no grande armário que tinha no quarto e no banheiro. Percebi o olhar discreto da Hill reparando em tudo que levei, que eram basicamente algumas coisas de higiene pessoal, perfume, sapatos, duas pistolas, roupas de uso normal, de academia e roupas de balé.

- você gosta de balé?

- sim, muito, me lembra minha mãe, ela era bailarina clássica, eu aprendi com ela.

Falar da minha da minha mãe, faz meu coração se apertar, a ponto de eu suspirar.

- desculpa, não queria te incomodar.

- tranquilo, sem problemas.

Acabo de arrumar minhas coisas, e seguimos as duas para a área de convivência, onde fica a sala de estar, de tv, jantar, de jogos, copa e cozinha, tudo no mesmo espaço, a divisão é feita pela própria mobília, tudo muito bonito, moderno.

- acho que quando o Stark, projetou o Complexo, queria na verdade fazer daqui, não só um centro de operações, mais também o mais parecido possível com um lar, ele sempre reclamava quando encontrava pó de café na pia, era engraçado.

Olhos do Amanhecer Onde histórias criam vida. Descubra agora