20. Um bom dia amargo.

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Acordo com o celular tocando, olho o relógio, já são 8h da manhã, nem sei como consegui dormir...

- Salut, peux-tu parler ! (Oii... pode falar!)

Atendo com voz sonolenta ainda.

- Bonjour mon amour!!
(Bom dia meu amor!!)

Era Murat, na sua alegria costumeira.

- Bonjour mon cher!
(Bom dia meu lindo!)

- Kamili, te acordei?

- Acordou, mas foi bom. Me fale, o que aconteceu?

- Aconteceu que eu quero ver você... mas tenho dois bons motivos. Primeiro é a saudade que estou de você, o segundo tenho uma entrega para você e o terceiro é que, já que te acordei, vamos tomar café juntos e não aceito recusa!!!

- Mas não eram dois motivos? Rsrs

-Vamos, minha linda, se arrume, em 30 minutos passo para te buscar!

- Me espera no Café, aqui em frente então, você não tem jeito!

Sentada na cama lembro de tudo o que aconteceu na madrugada com Bucky, se quando fui dormir tinha o desejo por Bucky e a raiva que sentia por ele, como companhias, hoje acordei apenas com a raiva por ele.

Como ele teve coragem de fazer isso comigo, me atiçar, me deixa acessa e depois, do nada... ele levanta, me olha, abaixa a cabeça e sai me deixando ali... nem sei como serão esses dias aqui com ele, vontade de matar ele, nunca fui de passar vontade com homem nenhum, ele acha que vai ficar por isso mesmo... me aguarde Bucky!!

Vou direto para o banheiro, tenho pouco tempo até Murat chegar.

-Bucky:

Encostado na bancada da cozinha escuto a porta do banheiro fechar, meu coração dispera, tenho que ter uma conversa com Kamili sobre o que aconteceu, eu tive vontade de morrer ontem por ter me separado dela, mas ela deve ter entendi quando falei que eu precisava saber o que ela queria de mim, por que não quero e nem tenho estrutura para ser só mais um na vida dela.

Bucky não dormiu, por isso logo cedo foi na rua comprar algumas coisas que ele sabia que Kamili gostava no café da manhã, ele sempre a observava atentamente, registrando em sua mente o máximo de informações sobre ela, tentando traçar o seu perfil, talvez seja mais um resquício do Soldado Invernal, um espião e executor de primeira linha, sem precedentes.

Depois de ouvir a porta do banheiro se abrir, ele foi prepara um café forte como ela gostava, mas não de máquina e sim feito da maneira tradicional.

Ele se esmerou para arrumar a mesa de café da manhã, que tinha tudo que ele sabia ser do gosto de Kamili, frutas, algumas gulosemas, suco, que ele mesmo fez, croissant, geléia de frutas vermelhas, ovos mexidos com queijo e o café puro, forte, feito na hora e flores arrumadas de formas bem singela.

Tudo feito com carinho, como parte do seu pedido de desculpas, e tentativa de entendimento com a mulher, que agora ele começava e aceitar que no mínimo era apaixonado.

Ele queria conversar, se sentia pronto para se abrir, expor seus sentimentos que a tanto tempo, decadas, não se manifestavam por ninguém, romantismo era uma coisa que não fazia parte da sua vida desde a década de 40, época em que ele foi rapaz mais galanteador e apaixonante que poderia existir, tratava as mulheres como princesas, mas toda essa paixão não durava mais que alguns poucos dias, sempre terminava seus romances de forma a sempre ter o carinho da eleita da vez, elas nunca ficavam com raiva dele, até porque ele não queria ser cafajeste com ninguém, nunca prometeu mais que momentos, colecionou paixões, mas nenhuma realmente importante, que valesse ser lembrada, mesmo na época da guerra e depois quando ele fazia parte do Comando Selvagem, sempre que tinha oportunidade ele conquistava mais um coração, ele parecia pressentir o que o futuro lhe reservava, longas décadas de luta, violência e solidão, ele foi isolado de qualquer forma de sentimento bom, qualquer traço de humanidade em seu coração, até sua personalidade sua mente foram apagadas, para dar vida ao Soldado Invernal, a arma mais aprimorada e letal da Hydra e da KGB.

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