Olhos do Amanhecer

1. Antes do Amanhecer.

O dia ainda não nasceu eu corro na rua vazia, na companhia dos meus pensamentos. Vim correr porque não consegui dormir, a raiva parece queimar na minha alma, por causa da briga com Bucky, talvez a definitiva. E pensando em como chegamos a esse ponto, lembro do nosso início.

Williamsburgs, Brooklyn, mais ou  menos oito meses atrás.

Sentada na mesa, esperando o... esqueci o nome do meu acompanhante, mas enfim, eu estava pensando, nada como um date, que provavelmente vai se estender para algumas horas de prazer, para ajudar a relaxar depois de uma missão. Já tem um tempinho que o Matt está atrásde mim, mas eu estava envolvida com a missão, então agora que acabou, resolvi relaxar, e vai ser com ele. Enquanto o esperava voltar do bar com as bebidas, comecei a observando o lugar, as pessoas, enquanto aguardando, foi quando meus olhos pararam do outro lado do bar, em um lado mais escuro do balcão do bar, próximo ao corredor que levava aos banheiros, meu olhar cruzou como de um homem, a fisionomia não dava para ver direito porque onde ele estava era mal iluminado, mas notei que ele usava uma jaqueta preta e tinha olhos azuis.

Olhos estes que não sei o por que, mas aqueles olhos mexeram com alguma coisa dentro de mim. E pelo jeito como ele mudou a postura quando nossos olhares se encontram, ele já deveria estar me observando a algum tempo, sem se importar, ou simplismente sem reparar que eu estava acompanhanda, mas logo o Matt,  voltou com as bebidas, começamos a beber e conversando, e o joguinho de sedução começou.

Mas não demorou muito e meu telefone vibrou, olhei na tela, vi que era a ligação mais inapropriada para aquele momento, era Okoye, a General das Dora Milaje, e minha prima mais velha, eu não queria acreditar que era ela, e eu sabia que para ela estar me ligando aquela hora, era sinal de problemas, e por mais que eu não quisesse eu tinha que atender, porque de certa forma eu era subordinada a ela, então pedi licença e fui ao banheiro para atender a ligação.

- Pronto, pode falar.

- Kamili, estamos com um problema em uma missão, e você é a mais próxima para ajudar a concluir.

- Não acredito, o que foi agora Okoye, estou em um encontro, nem estou vestida para uma missão, por Bast, prima.

- Nem vem com desculpas Kamili, tenho certeza que esse é só mais um desavisado que vai cair no encanto dos seus olhos cor de mel (ela fala em tom de deboche), amanhã você nem vai lembrar do nome dele. E essa missão é importante, presta atenção, atrás do bar onde você está, nesse momento deve está acontecendo uma negociação de um pequeno lote de Vibranium contrabadeado e de um componente químico potente. Você tem que recuperar esses itens que estam em uma maleta, os interessados na negociação já estam no beco atrás do bar...

- Okoye, eu estou toda arrumada...

- Vai agora Kamili, antes que eles sumam!

Eu me olho no espelho do banheiro, vejo minha saia de couro de grife novinha, meu scarpin Louboutin, e sei que com certeza irão se estragar nessa brincadeira, começo a sapatear igual criança birrenta só de pensar nisso. Então, depois de três segundos de chiliques, respirei fundo.

- Tá bom, tudo por Wakanda (falo fazendo bico). É só pegar a maleta, certo?

- Sim, você pega e me avisa quando estiver tudo certo.

Saio do banheiro, passo apressada entre as pessoas que começam a lotar o bar, nem me despeço de Matt, sigo para a chapelaria pego meu sobretudo de couro e saio prendendo meu cabelo em um coque, indo direto para o local, que estava um breu.

Quando me aproximo vejo três caras brigando, dois contra um, e um outro de aparência mais fraca, tentando pegar a maleta que estava caída no chão um pouco distante, um dos homens que estavam brigando, consegue derrubar os dois brutamontes, ele pega a maleta e quando se vira na direção da saída do beco, um dos homens se levanta e parte para cima dele novamente o surpreendendo, o que parece ter deixado ele atordoado, talvez pela pancada que recebeu nas costas com um banco de ferro, e essa foi minha chance, era a hora certa de eu agir.

Me deu um aperto no coração quando tive que rasgar a lateral da minha saia para poder me movimentar melhor, de um dos bolsos do sobretudo tirei minha arma em formato de uma pequena meia-lua, que quando destravei tornou-se um boomerang em formato de aro, feito de puro Vibranium, e bem afiado, escolhi um lado mais escuro do beco, e segui pelas sombras, me aproximando do homem de cabelos escuros, que ainda luta enquanto segurava firme a pequena maleta.

Mirei o boomerang na alça da mesma e acertei em cheio, com o impacto o objeto acabou por cair mais afastado do trio que ainda lutavam, corri ainda usando as sombras para manter meu anonimato na ação, e rapidamente peguei a maleta, mas fui surpreendida com um pallet lançado contra mim, me esquivei, mas ainda senti o objeto passar de raspão na minha cabeça desmanchando o coque que prendia meu cabelo e levando alguns fios de cabelo, e o pior não foi isso, porque nesse movimento de me esquivar acabei pisando em falso e meu scarpin quebrou o salto. Então fiz o que me restava, tirei os sapatos, e fugi rapidamente dali, deixando a briga para trás. Já em casa ligo para Okoye.

- Situação resolvida, e você está me devendo uma saia de couro e um Louboutin.

- Vai sonhando. (responde minha prima amada)

- O que vou fazer com isso?

- Depois de amanhã, você vai às 10h, no Complexo dos Vingadores, entregar para o Dr. Banner, se apresente em meu nome.

- Não acredito, se era para entregar para os Vingadores, porque um deles não foi lá buscar? Agora ainda vou ter que ir entragar, francamente!