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Quando arrombaram a porta, eu não me importei se tinham vinte armas apontadas, prontas para atirarem a qualquer sinal de risco, simplesmente corri para dentro da casa.

O major falava alguma coisa sobre minha segurança, não dei importância, tão pouco cheguei a ouvi-lo, saí abrindo toda e qualquer porta que havia alí, todos os cômodos possíveis,

Não havia ninguém.

- Harry não pode ir entrando assim, Niall poderia estar armado e atirar em você!

O homem de meia idade estava decepcionado, não era pra menos, sua filha não estava alí, foram horas em vão.

- Poderia estar apontando uma arma para Alana Sr Patrick - o vi passar as mãos pelos cabelos grisalhos e sentar-se na cama de casal, percebi o que tinha acabado de dizer - Me desculpe - sentei ao seu lado- falei besteira, ele não vai fazer isso com ela.

Ele respirou fundo, e chorou, não era mais humanamente possível segurar a barra de um luto e uma filha sequestrada, eu estava sendo egoísta demais as últimas horas, não era o único com problemas alí, me senti mal.

Não poderia fazer muito além de abraçá-lo, Max entrou no quarto e percebendo a situação delicada, agachou-se em frente ao pai apoiando as mãos nos seus joelhos.

- A gente vai encontrar ela pai, eles não vão escapar por muito tempo, podemos encontrá-lo de novo.

- Não sei se sua irmã vai nos encontrar novamente Max- ouvir aquilo me deu uma pontada no peito- ela está com um psicopata, você estende isso?

Um silêncio foi feito alí, e a ficha de que Alana poderia não ter mais tanto tempo estava caindo, Max respirou fundo levantando-se do chão.

O quarto era agradável, toda a casa na verdade, era relativamente grande, no cômodo onde estávamos havia um guarda roupa, uma cama de casal bagunçada, aliás, a mesma onde estávamos sentados.

A janela com cortinas longas estava fechada, enquanto todos tentavam colocar a cabeça no lugar, passei meus olhos pelo quarto de tons rosados pastéis.

Se não fosse pela cama bagunçada, diria que ninguém havia passado alí, o armário não tinha roupas ou produtos.

A luz da lâmpada era um pouco amarela, o suficiente pra um ambiente aconchegante, me levantei andando pelo cômodo.

- Não acredito que viemos aqui tarde demais- Liam acabara de entrar, encostou-se na porta de madeira cruzando os braços.

- Viu alguma coisa de interessante?- Max o perguntou.

O rapaz balançou a cabeça- Não.

Passei meus olhos dos dois, e após respirar fundo, me retirei do quarto.

Tudo se movimentava como câmera lenta, cães farejadores pela sala de estar fazendo o seu serviço, policiais que se entre-olhavam esperando algum sinal. Andei pela casa agora com mais cuidado, por onde passava, podia jurar que sentia a energia dela.

Fechei os olhos por um segundo, imaginando seu corpo fisicamente presente, uma brisa leve veio da janela no fim do corredor, abri minha visão.

Segui pelo corredor de piso branco, ao  lado da janela de vidro, se encontrava uma estante, era feita de uma madeira escura e continha alguns livros, como amante de literatura me surpreendi por não reconhecer nenhum dos escritores, até que peguei para folhear e descobri, eram falsos.

Peguei outro, depois outro, e assim seguiam apenas capas com fundo falso, voltei minha atenção a estante.

Quem teria uma estante com todas as prateleiras de livros falsos? Franzi o cenho olhando as capas duras em minhas mãos, eram vermelho vinho com letras em dourado. Outra pergunta me veio a mente, olhei para todos na sala e no quarto ao lado, quem colocaria uma estante no fim do corredor? Livros falsos servem para decoração obviamente, mas com a estante de frente a uma parede, onde ninguém veria, aquilo não fazia o menor sentido...

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora