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- Sim, sete de Abril, algo de errado?- Me afastei de seu rosto perigosamente convidativo, Alana se lembrava do nosso beijo na cozinha, bem que poderíamos reproduzir dessa vez em sua casa e sem bolos queimados no forno.

A luz amarela do pêndulo iluminava a face estranhamente confusa, assisti seus movimentos enquanto pegava a garrafa a abrindo e bebendo direto- Alana, fiz alguma coisa de errado? Está tudo bem?- Tive receio por sua atitude, estávamos indo bem até o momento, não queria estragar nada só... Ah céus, só ser seu por uma noite que fosse, tê-la em meus braços uma última vez.

- Não Harry- Engoliu a bebida- não fez nada de errado- Deu a volta no balcão ficando a minha frente, a plataforma do coturno preto, a deixava mais próxima da minha altura- Está tudo certo- Repousou a mão a minha bochecha enquanto levou os lábios macios ao lado oposto, beijando a maçã do meu rosto, fechei os olhos como se aquilo fosse a última gota d'água e eu um miserável sedento, terminou acariciando o local com o polegar- Tenho que resolver um assunto- Umedeceu os lábios se afastando- Boa noite Harry.

A vi desaparecer pelo corredor- Boa noite baby.

                            .. ... .. ...

Nove e quarenta da noite, atravessava a rua quase deserta não fosse pelo garoto de patins, caminhava indo em direção a casa de Liam, estava tudo tão óbvio, tão na cara que dizia a mim mesma- Idiota, idiota Alana!

Prendi novamente meu cabelo num coque, era uma noite quente e abafada, só não sabia ao certo se aquele calor todo se devia ao fato do clima, ou da minha raiva que aumentava a cada passo que dava. Apressada passei por seu jardim perfeitamente podado, isso também me irritava, qualquer um que falasse um "Oi" comigo iria ouvir, subi os pequenos degraus da entrada e bati na porta- Toc! Toc! Toc!

E esperei, sem resposta bati novamente, duas, três vezes- Droga deve estar no trabalho- Respirei fundo- sem problemas eu tenho a noite inteira- Me sentei num dos degraus de madeira pintada, aguardando alí até que chegasse.

...

- Alana? - Acordei com o rapaz me chamando, fiquei tanto tempo alí que acabei cochilando de cansaço. Liam ainda vestia a roupa do trabalho e me encarava como se eu fosse a pessoa mais estranha no mundo- O que está fazendo aqui?

Cocei os olhos me levantando- Que horas são?

- Onze e meia da noite- Franziu o cenho- está tudo bem? Vi que ganharam a audiência e...- O interrompi.

- A gente precisa conversar- Disse séria- será que eu posso entrar?

Sem titubear ele passou a frente abrindo a porta, entrei logo após. Fazia tempo que não vinha aqui, nas paredes ainda tinham fotos nossas penduradas e na sala, o mesmo sofá branco manchado de café no braço, tudo que poderia me trazer o sentimento de nostalgia se encontrava aqui- Quer alguma coisa? Um suco? Água?

- Não obrigada, não vou demorar muito.

- Okay- Se sentou no móvel, eu permaneci de pé- então sobre o que quer conversar?- Parecia cansado e senti dó por ele, mas o assunto não poderia ser adiado.

- Lembra que eu te perguntei, quando era o nosso aniversário de namoro?

- Sim, e eu disse sete de Abril.

- Que bom que sabe disso- Liam Franziu o cenho- você não teria uma foto nossa, depois do pedido? Sei lá pode ser qualquer uma- Me fiz de desentendida.

- Pior que- Coçou a cabeça- eu acabei reformatando o celular esses dias, e perdi tudo- Riu- mas você não veio aqui, por causa das nossas fotos né?

- Ah reformatou- Cruzei os braços- e... Como foi o pedido? É que eu realmente não me lembro, e era importante pra mim- Me sentei no sofá, ficando frente a frente com ele, não era possível que seria tão covarde a esse ponto, me recuso a acreditar.

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora