A sala foi tomada pelo burburinho, todos perplexos e eu me incluía nisso, olhei meu pai paralisado na cadeira encarando Denis.Me questionei, agora reparando com mais atenção, como não percebia a semelhança, os cabelos ruivos e olhos verdes, era realmente parecido com nossa mãe- Ordem! Ordem no tribunal!- O juiz bateu o martelo, fazendo com que todos se calassem.
Fechei a boca que antes se encontrava aberta pelo choque, mas as sobrancelhas continuavam pressionadas- Vingança pelo o que exatamente Denis? - Questionou.
- Eu fui deixado por Clarisse- Seu rosto não esboçava reação, como se tivesse se blindado a emoções- ela não quis me criar, cuidar, educar e sinceramente até aí- Ergueu as sobrancelhas- só até aí, eu compreendo, porquê nem sempre adultos querem ser pais, entretanto adoram brincar de fazer bebês- Sorriu e gradualmente gargalhou, sozinho, era medonha a cena.
- Prossiga Denis- O juiz disse impaciente.
- Tabom- coçou os olhos- agora é sério, como eu ia dizendo- Abriu as pernas- entendo não querer me criar, mas, não acha incoerente que ela tenha depois, dois filhos de outro casamento, e cuide deles com todo o amor e carinho?- Perguntou- Porque não os deixou também? Ou então, porque não me procurou? Eu era só uma criança excelência- Debochou na última frase.
Não conseguia acreditar que aquilo era real, que Denis era nosso irmão, ou que nossa mãe teve um filho fora do casamento... E meu pai? Ele sabia disso? Ou foi pego de surpresa como nós?
- Mentiroso! Minha mãe nunca faria uma coisa dessas!- Max gritou de pé, me levantei para acalma-lo.
Na cadeira Denis revirava os olhos, fazia pouco da situação- Ah sinceramente Max, nunca achou estranho sua mãe ser ruiva, de olhos verdes, e nenhum de vocês dois terem herdado geneticamente isso? No máximo umas sardas em Alana? - Fez um som com a boca- No mínimo um de vocês deveriam ser loiros, geneticamente falando.
- Do que você tá falando seu doente!?
- Estou dizendo que vocês não herdaram os traços dela, justamente porquê eu vim primeiro seu imbecil, aula de biologia mandou um abraço!
- Ordem! - Novamente bateu o martelo, acalmei Max fazendo com que se sentasse.
Ele estava certo, já havia estudado isso uma vez justamente por essa curiosidade, as chances de uma mãe ter filhos ruivos são de 1 em 4, sendo um "acidente genético" por um gene repetitivo. Seria compreensível se somente um de nós nascesse com as características dela, mas não ocorreu com nenhum... porque já havia acontecido.
- Então, ajudou Niall a sequestrar sua suposta irmã, pra que sofresse?- O rapaz confirmou- Mas Clarisse já havia morrido, não acha que era sofrimento o suficiente?
- Não, nenhum dos dois passaram na pele o que passei, nem de longe, então o jeito foi causar dor nela, e de tabela no restante da família- Respirou fundo encarando o homem, disse cada palavra sem titubear ou expressar qualquer sinal de arrependimento.
No meio daquele depoimento doentio e auto condenatório, meu pai estendeu o braço, se pronunciando:
- Excelência, os depoimentos de todos comprovam os crimes do réu, atos esses que ele mesmo confessa sem esboçar culpa, e independente de que o que diga sobre a minha falecida esposa, não é isso que está em questão hoje.- Tirou os óculos encarando firmemente o juiz- Já fez o pior na vida da minha cliente, que antes de qualquer coisa é minha filha, e tudo que a afeta, atinge a toda a minha família, depois de tudo que ouvimos, ainda resta alguma dúvida sobre a sentença?
O senhor de beca preta fez uma pausa angustiante até a resposta, pegou uma caneta e olhou alguns papéis sobre a mesa que dividia espaço com o microfone e copo d'água.
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Meu enfermeiro inesperado
FanfictionDiscussões acontecem, mas às vezes, as consequências podem ser maiores do que imaginamos, foi o que aconteceu com Alana, depois de discutir com seu irmão Max, acabou caindo dois lances de escada e quebrando o braço e a perna. Seus pais vivem trabal...