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- Ela me pediu e dei o controle- Harry arregalou os olhos, enquanto levantava os lençóis a procura do maldito controle, Alana não colaborava- Mas que diabos, eles nunca vão esquecer ela não?!

- Não tão cedo Max! O que deu em você pra deixar uma coisa dessas acontecer?!- Abriu os braços visivelmente desesperado- Alana dá esse controle!- E já sem paciência conseguiu pegar atrás de suas costas, entre o tecido e o colchão.

- O julgamento de Denis, será daqui um mês quando Alana estiver em condições de dar o depoimen- O enfermeiro desligou antes que a jornalista terminasse.

Ficamos os três paralisados em silêncio, era parecido como naqueles filmes de suspense, onde todos não podem fazer movimentos bruscos por conta de algum monstro ou sei lá.

Harry e eu nos olhamos por dois segundos antes de ver Alana, mas quando a encaramos, era visível, o monstro estava lá.

                            ... ... ...

- Coitado do velho não é?- Era um quarto escuro e desgastado, com o papel de parede florido que mal existia - Esse é o seu quarto, mas pode dormir comigo se quiser, é muito melhor que esse e tem uma cama de casal- Niall sorria cinicamente.

A visão já se encontrava embaçada, mas aquilo não importava no momento, as imagens em minha cabeça eram tão claras, que se misturavam com o presente momento facilmente - Alana?- ouvi Sr Styles chamar.

Num milésimo de segundo vieram mais, sem aviso prévio, sem dó.

- Já terminou?- A água gelada me fazia tremer, suja e insuficiente molhava meu gesso, Niall tinha me assustado entrando de vez no banheiro.

Algumas lágrimas caíram sem esforço sobre a bochecha - Alana fala comigo - Harry insistiu, mas não o ouvia direito, um zumbido invadia meus ouvidos, os tapei um deles com a mão enquanto fechava os olhos.

- Você se acha muito esperta não é?- Puxava meus cabelos com força, o tapa veio forte e ardeu, mas o pior veio depois...

- Harry tá doendo! Faz parar!- Falei, mas não tenho certeza de que ouviu, não consegui me ouvir direito, nem abrir os olhos, minha cabeça explodia e eu só queria que acabasse.

- Me larga! Me solta!- Eu lutei como pude, mas todo esforço foi em vão, não demorou pra que ele penetrasse como um bicho, lembro de virar meu rosto enquanto chorava e esperava terminar, doía tanto fisicamente quanto psicologicamente - Você já foi melhor nisso.

- Ahhhh!- Gritei aos prantos na cama de hospital, a dor vinha com toda força no peito, o sentimento de impotência era enorme por não conseguir impedir o que aconteceu.

                         ... ... ... ...

  Em um surto, causado pela volta das memórias de forma errada e precoce, Alana gritava aos prantos na cama, Max tinha ido buscar o médico ou qualquer pessoa que a atendesse imediatamente, enquanto isso, eu tentava não surtar junto com ela.

- Alana abre os olhos- Tirei a mão do seu ouvido pra que pudesse me entender, mas ela não me olhava - Alana, não é real, já aconteceu você está com a gente agora- Com esforço ela me encarou chorando.

- Tá doendo muito Sr Styles- soluçou- Niall! Ele... Ele...

- Shiii- limpei seu rosto inutilmente- Eu sei, eu sei...- E aos poucos minha voz foi ficando embargada, e as lágrimas dela não eram mais as únicas no quarto.

Dr Wesley entrou no quarto a passos largos, providenciou um calmante e com a agulha injetou no braço da garota, não demorou muito até que senhorita Stanford dormisse.

E então, com meu rosto enterrado na curva de seu pescoço desabei, chorei enquanto ela não podia ver, me culpava por ela ter passado por tudo sem que eu tivesse impedido- Me perdoa meu amor - solucei enquanto minha mão acariciava seu rosto dormindo- Me desculpa por não te salvar antes, me desculpa!

                             ... ... ...

  Havia alguém dormindo no canto da cama, sentado na cadeira e fazendo os braços de travesseiro identifiquei, era Sr Styles.

Engoli seco, queria um copo de água.

- Sr Styles?- Chamei, mas continuava dormindo, me ajeitei na cama lentamente e respirei fundo. Descansava tão calmamente que tive dó de chamá-lo mais uma vez, algumas mechas do cabelo caiam sobre a testa despreocupada.

Me dei a liberdade de levar meus dedos até elas, colocando as para trás delicadamente. Harry me trazia uma sensação muito boa, e por mais que não me lembrasse de muita coisa sobre ele, a sensação continuava alí.

É um homem muito bom, me trata muito bem sempre além de ser... lindo como um anjo, o observei por mais um tempo, involuntariamente toquei sua bochecha quente deslizando para cima e para baixo até...- Pra alguém que se dizia comprometida, não é muito apropriado fazer carícias em outras pessoas senhorita Stanford- sorriu ainda com os olhos fechados.

Retirei minha mão de sua pele bruscamente, Harry abriu sua visão e depois de colocar os cabelos para trás, apoiou o cotovelo na cama dando sustentação a cabeça.

- Ah, eu...- soltei o ar- não conte a Liam.

Com um riso anasalado me respondeu.

- Que coisa feia- semicerrou os olhos- eu até contaria, mas não deve satisfação a ele já que - arqueou as sobrancelhas- vocês não namoram.

Cocei os olhos por alguns segundos, e quando terminei mantive silêncio.

- Como se sente?- Questionou.

- Eu, não sei direito- encarei o homem a minha frente, meus olhos passaram dos seus para a boca, em seguida desceram ao colarinho aberto de sua camisa, um pouco de sua pele estava a mostra e aquilo me deixava com calor.

O quarto estava com a luz apagada, apenas a iluminação do corredor entrava, o enfermeiro se levantou, trazendo a cadeira para mais perto ele sentou-se ao meu lado, engoli seco.

- Pode não se lembrar - Começou - mas se quiser fazer isso- se aproximou lentamente, e o ar quente da minha respiração saía pela boca entre aberta, completamente hipnotizada pelos lábios do enfermeiro bem a minha frente, cada vez mais perto - Não terá feito nada de errado- Sussurrou-.

Seu nariz já estava perto o suficiente do meu, numa zona extremamente perigosa entre o limite da minha razão e emoção. Numa vontade enorme de beijá-lo, Harry ainda se aproximava com cuidado, e seus olhos se fecharam apenas quando quase sem contato nenhum, nossos lábios triscaram criando pequenas faíscas internas em mim.

As respirações ainda estavam circulando entre nossos rostos, um espaço quase insignificante existia entre nós quando, desviei.

Ouvi um suspiro frustrado vindo dele, passando a mão no rosto e respirando fundo me recompus, meu Deus o que eu iria fazer? Não era justo com Liam, não era certo.

- Tudo bem - falou baixo- você vai se lembrar aos poucos.

... 

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora