⁵¹

271 48 18
                                    

- Então, vamos dar início ao julgamento de Denis, pelo sequestro da jovem Alana Stanford- O juiz dizia suas primeiras palavras, no meio de Max e Harry, eu prestava atenção ao que acontecia ao redor, no meu pai apertando os dedos na mesa, os olhares de todos em cima de mim e o que mais me incomodava, o sorriso pertinente de Denis.

  Ele tinha um advogado, na minha cabeça, tentava achar uma explicação pra alguém querer defender um monstro daquele, existe maluco pra tudo mesmo.

- Vamos ouvir agora, a vítima, Alana Stanford- Voltei a realidade ao ouvir meu nome, pisquei algumas vezes me levantando.

- Lembra do que eu te falei- Meu irmão cochichou enquanto passei por ele, assenti.

Com o nariz arrebitado caminhei até a cadeira ao lado do juiz, o som dos passos ecoavam pela sala silenciosa, subi os dois degraus que haviam ali e me sentei- Levante a mão direita senhorita- Disse o juiz- Alana Stanford, jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade?

- Eu juro- Abaixei a mão.

- Muito bem, poderia contar tudo que aconteceu do começo por favor?- O senhor de uns cinquenta anos, ajeitou o óculos.

- Sim claro- Na minha frente sobre a mesa, um microfone estava direcionado a minha boca, respirei fundo - Foi no dia seguinte ao enterro da minha mãe- Encarei meu pai, sentado na mesa a direita- eu estava no meu quarto quando Niall entrou e me ameaçou, tapou minha boca pra que eu não gritasse e apontou a arma pra minha cabeça...- Continuei a contar toda história diante de todos, foram várias interrupções para as perguntas do advogado de defesa dele.

Recontar toda história com detalhes, tintim por tintim era cansativo, mais do que havia imaginado, tirei meu sobretudo quando comecei a me estressar com a situação toda, prendi meu cabelo num coque baixo apenas pra que pudesse sentir mais frescor.

Enquanto meu pai fazia acusações com a licença do juiz, aproveitei para beber água e aproveitar meus segundos de silêncio, ao repousar o copo, observei Harry sentado no mesmo lugar, a feição plácida me encarando deixou todo o resto em segundo plano, disse alguma coisa como "força", pelo menos foi o que minha leitura labial conseguiu entender.

Sorri singela e rapidamente - A senhorita afirmou que- Olhei o advogado- a todo momento Niall te ameaçou, te agrediu inclusive abusou, o que mostra que a participação do meu cliente no sequestro, foi apenas na locomoção de vocês- Franzi o cenho levemente, mas desfiz a cara amarrada.

- Não mesmo- Respondi- Denis provocava Niall, me usava de gatilho pra que ele explodisse comigo, fez várias vezes no carro- Minha voz começou a embargar, o choro era pelo ódio, me segurei ao máximo para não derrubar uma lágrima na frente de ninguém- Numa dessas vezes Niall me enforcou no vidro do carro, bateu minha cabeça, me deu tapas, se seu cliente não tivesse ajudado a me sequestrar, eu não teria passado o que passei!

Parei um segundo respirando fundo- Denis não fez "só a locomoção"- Fiz aspas com os dedos- ajudou na articulação do plano, sei disso porque ele mesmo se entregou, antes de jogar o carro no rio, disse que não tinha feito tudo aquilo pra passar a vida na prisão- Olhei para o ruivo dessa vez sério, e cinicamente sorri a ele- Que pena né, parece que alguém aqui não teve a mesma sorte de Niall, porque sinceramente, a morte é pouco pra vocês.

                          ... ... ...

Afastado, assistia ela enfrentar uma das maiores batalhas que já viveu, a luta contra si mesma.

- Vamos fazer uma pausa de cinco minutos- Ouvimos o juiz dizer depois de bater o martelo de madeira, estávamos a pelo menos três horas de audiência desgastantes.

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora