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Assimilar uma informação daquela não era nada fácil pra mim, imagino que para quem é pai a dificuldade se triplica.

- Podemos vê-la?- Perguntou.

O médico abaixou a prancheta segurando o punho.

- Por precaução, apenas dois, amanhã abrimos para mais visitas okay?- Confirmei.

- Doutor...- comecei- quanto tempo acha que ela ficará... Em coma?

Questionei, mas no fundo não queria saber a resposta, tinha noção de que não seria uma recuperação fácil e muito menos rápida, todavia, queria acreditar que veria ela acordada o mais rápido possível.

Umedecendo os lábios ele exitou.

- Tive a informação de que o senhor é enfermeiro - assenti - creio que saiba que o quadro dela requer muitos cuidados - olhou para os outros ao meu lado - Alana não tem uma previsão de volta pelo menos por agora, precisamos aguardar e ver como vai reagir.

- Então - Max diz- vamos nos revezar pra ficar com ela.

- Claro, claro, fico o tempo que precisarem - me coloquei a disposição.

- Vamos organizar isso melhor depois, agora, quem vai comigo ver Alana?- Sr Patrick perguntou.

Queria muito ver como estava, mas eu não era o único alí.

- Vá Max- olhei pra o rapaz com os braços cruzados- amanhã eu e Liam veremos ela.

Vi seu rosto ficar meio sem jeito e Liam torcer a cara- É... Está bem - e foi com o pai para o corredor em direção a sala, ao meu lado Payne colocou as mãos nos bolsos da calça.

- Ué, não queria tanto ver Alana?- falou sem tirar os olhos do corredor, eu mantive o mesmo ponto de visão.

- Quero- cruzei os braços - mas eles são a família dela, e nisso eu não posso me intrometer.

Soltou um riso anasalado.

- Engraçado como quer ser sempre tão diplomático- se virou pra mim - se realmente a amasse tanto como diz, teria ido.

- Se a ama mais do que eu, como disse mais cedo, por que então não está lá agora?- Retruquei, não obtive resposta - É, foi como imaginei.

                           ...

O doutor nos deixou a sós com minha irmã na sala, a imagem dela naquela cama era tão forte, que concluí, não iria conseguir dormir por uns dias.

Ficamos cada um de um lado, meu pai pegou a mão dela, pensei em fazer o mesmo mas... Talvez se estivesse acordada, ela também achasse estranho, me contive em observá-la.

- O que fizeram com você minha filha...- lamentou.

- Ela consegue ouvir a gente?

- Não sei, já ouvi falar de casos que ouvem.

Engoli seco, o que será que se passava pela sua cabeça agora? Sonhava? Lembrava dos momentos do acidente? Era muito louco pra mim imaginar ficar no estado em que ela estava.

Tinha hematomas no rosto e a cabeça toda enfaixada, um tubo de oxigênio, eu acho, estava preso a boca. Agulhas furavam o braço e uma espécie de pregador prendia seu dedo indicador.

- Pai - Ele me olhou - ela vai ficar bem, Alana é forte.

Se esforçou para dar um sorriso e levou a mão ao rosto, limpando a lágrimas que caía.

- Vai sim meu filho, sua mãe está olhando por ela.

- Senhores, o tempo da visita acabou - A enfermeira entrou no quarto.

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora