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O enfermeiro voltou a cozinhar, parecia satisfeito com a resposta que eu tinha dado a respeito do Strogonoff, reparei que ao meu lado no balcão, havia algumas caixas de remédios.

- Pra que servem todos esses remédios?

Ele continuou a mexer na panela.

- Um deles é para febre, outro caso você tenha dor, e um calmante - deixou a panela no fogo, se voltando para mim enquanto cruzava os braços - a senhorita por a caso é muito agitada?

Eu agora encarava a janela a minha frente, ao lado do armário branco.

- Não me considero uma pessoa agitada, acho até que sou calma - podia sentir seus olhos sobre mim - acho que o senhor deve estar achando que sou teimosa, até porque cheguei em casa hoje e não fico em repouso, mas depois que você fica uma semana sem fazer nada, e a base de sopa - soltei uma pequena risada- absolutamente tudo parece ser tentador, até mesmo caminhar.

Voltei a olhá-lo.

- Não teve nenhum pesadelo, problemas como insônia? - começou a colocar nossa comida.

Não me recordo de nada desse tipo, pelo menos não enquanto estive no hospital, talvez a coisa que me injetavam era o calmante, por isso eu não tinha nada desse tipo.

- Quando eu estava internada não tive pesadelos ou insônias, talvez por me darem o calmante, não sei se teria algo assim sem ele.

Repousando o prato em minha frente, se sentou do outro lado do balcão, ficando de frente para mim.

- Então vamos fazer um teste essa noite, se você dormir tranquilamente não terei que te injetar o calmante - ele arqueia as duas sobrancelhas, o que faz com que seus olhos claros se destaquem - caso o contrário...espero que não tenha medo de agulhas.

Não tenho problema com agulhas, tudo bem se ele tiver que usá-las, mas espero que não tenha. Sr. Styles começa a comer e eu também, ou pelo menos tento, não é a mesma coisa comer com um braço engessado, acabava derrubando um pouco de comida no balcão.

O prato escorregava para o lado, eu realmente queria um hambúrguer, pelo menos eu não iria parecer tão estabanada e sem jeito, ver o enfermeiro me encarar também não estava ajudando muito, não tinha culpa se estava acostumada a comer com a ajuda da outra mão, e não só de uma.

Fiquei frustrada com aquela situação e deixei a colher no prato, soltando um suspiro e pousando minha mão no balcão. Harry começou a rir, um sorriso lindo, e olha só ele tinha covinhas, achei fofo, se fosse meu amigo iria aconselhar a rir sempre, parecia outra pessoa.

- Senhorita Stanford, quer ajuda? -Ele pergunta agora mais contido.

- Não ria da minha condição senhor styles - digo me segurando ao máximo para não rir - perdi a fome.

O enfermeiro por sua vez, deixa o garfo no prato, se levanta e senta-se no banco ao meu lado.

- Vamos - diz pegando meu prato- não vou deixá-la com fome.

Eu achava aquela situação toda constrangedora e ridícula, só queria arrancar aquele maldito gesso e fazer meu braço mexer a qualquer custo.

- O senhor não vai fazer isso, vai? Disse arqueando minha sobrancelha, custando a acreditar que a essa altura teria que receber comida na boca.

- Com toda certeza eu vou fazer senhorita Stanford.

Não tinha opção, estava morrendo de fome! O senhor Styles então pegou a colher e me deu comida a na boca, morri de vergonha, assim ele o fez até acabar o prato totalmente em silêncio felizmente, a situação já estava muito ruim, não precisava ouvir piadas.

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora