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Me tirei de seus braços assim que percebi o que tinha feito, foi um ato involuntário, bom, foi só um abraço, nada de mais.

Virei meu rosto e olhei para o chão, podia sentir seus olhos em mim, não queria contar o porquê, de todo aquele "ataque" que tive, isso significaria que eu iria lembrar de cada detalhe, cada momento, e sei, que não iria conter as lágrimas, odeio chorar na frente dos outros, se um dia isso acontecer, acredite, é porque eu cheguei no meu limite.

- A senhorita não quer me contar o que houve, o que te deixou naquele estado?

Eu não iria contar, pelo menos não agora.

- Não foi nada, é bobagem- digo ainda olhando o chão- fez os lanches? - tentei mudar o assunto - estou faminta.

Forcei um sorriso que não pareceu convencê-lo.

- Tudo bem, você não quer me contar, não vou forçar a barra - levantou meu rosto para poder me
olhar diretamente - senhorita Stanford, gostaria que soubesse que pode confiar em mim, eu já percebi que é muito sozinha nessa casa - abriu os braços olhando o ambiente - e eu, aparentemente sou a única pessoa que vou passar a maior parte do tempo com você, então, se quiser, apenas se a senhorita se sentir a vontade- procurava as palavras certas- pode me considerar ...não sei...um colega, um amigo?

Havia um sorriso amigável em seu rosto, no fim, Sr Styles estava certo, passaríamos a maior parte do tempo juntos e por pelo menos três meses, quem sabe não era uma opção uma nova amizade?

Eu podia ver que ele se esforçava o máximo que podia pra me fazer sentir bem, afinal talvez eu não fique tão solitária sem o Liam.

- Obrigada- foi só o que respondi, nos encaramos por alguns segundos até o enfermeiro quebrar o silêncio.

- Seus pais ligaram, disseram que iriam passar a noite em um hotel, por conta da chuva algumas ruas alagaram e acham mais seguro virem para cá amanhã - levantou-se, meus olhos o seguiram - posso ir a cozinha Pegar nosso lanche? Ou vai gritar para que eu volte ao seus braços?- arqueou uma sobrancelha e sorriu, eu fiquei sem graça, mas dei um riso anasalado.

- Pode ir eu não vou gritar novamente.

Ele se retirou em direção ao corredor.

Pouco tempo depois, voltou com dois sanduíches e dois copos de coca-cola, pegou mais duas velas e acendeu, eu já estava comendo o meu sanduíche quando ele sentou ao meu lado.

- Isso, senhorita Stanford, é o que eu chamo de jantar a luz de velas.

Nos encaramos por um instante e então não conseguimos conter a risada.

- Bom senhor, eu chamo de merenda a luz de velas- E mais uma vez rimos.

- Poxa não acabe com a elegância senhorita Stanford.

Terminamos de comer, tava tão gostoso que pensei em pedir mais, mas desisti da ideia depois de beber a Coca, céus incrível como o gás dá a sensação de saciedade. Tentamos fazer aqueles animais com a sombra na parede por algum tempo, e então ficamos entediados.

- O senhor tem filhos?

Ele foi pego de surpresa, me olhou intrigado e depois desfez sua cara de espanto.

- Tive um.

Fiquei mais confusa ainda, ele teve um filho? Não tem mais? E pior, eu estava fazendo ele lembrar de uma tragédia dessas? Parabéns Alana, com tanto assunto, você puxa justo este, alguém me traga o troféu bola fora do ano.

Olhei para o Sr Styles pensativo, achando um jeito de não piorar as coisas.

- Teve? Não tem mais?- tive medo da resposta.

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora