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  Estava imensamente esperançoso diante da lembrança recuperada de Alana, o doutor havia nos chamado, no caso eu e Max, para sua sala.

Sentados na cadeira de plástico cinza,  esperamos sobre o que falaria, confesso que tive medo de ser sobre a pequena briga de ontem, não que me arrependesse na verdade, achava que tinha sido até pouco, mas não era o local pra essas coisas, se é que existe um lugar apropriado pra isso.

- Tenho o resultado dos exames da Alana- Entrelaçou os dedos sobre a mesa de madeira. Reparei que Max se ajeito na cadeira, atento, sua boca se encontrava roxa assim como sua bochecha.

- E então Dr Wesley?- Questionou.

- O que aconteceu com sua irmã, foi o que chamamos de concussão cerebral- Nos olhou- a concussão é um trauma no crânio, nosso cérebro é gelatinoso e em caso de um chicote com pescoço, ou batida como foi o caso dela- Gesticulou- ele se choca com o osso, isso pode causar várias coisas, náuseas, convulsão, dores fortes de cabeça e em alguns casos - Arqueou a sobrancelha- a confusão mental.

Franzi o cenho tentando entender melhor- E foi o que aconteceu com ela, não é?- Consentiu.

- E o que acontece quando se tem confusão mental?- As pernas de Max balançavam elétricas, e aquilo me deixava nervoso.

- Como o próprio nome sugere, a mente da pessoa fica confusa, ter raciocínio desconexo, algumas memórias ficam guardadas já outras permanecem acessíveis, pode se esquecer de pessoas, lugares ou até mesmo a ordem cronológica dos fatos- Engoli seco.

- Mas, tem como resolver, reverter o quadro?

Antes de responder, encostou a coluna na cadeira- Felizmente sim - respirei aliviado- É preciso um bom repouso e vou receitar alguns analgésicos também, as memórias podem voltar mais fáceis se acionarmos algum gatilho, mas, por precaução devemos evitar o estresse dela, pelo menos por enquanto, se por ventura, alguma lembrança do sequestro vier sem querer tudo bem, terão que dar apoio, mas se não, esperaremos mais um pouco.

Confirmei balançando a cabeça- Sim, vamos cuidar de tudo- Olhei pra Max, e logo após voltei minha atenção ao médico- Enquanto a fisioterapia? Ela consegue mexer um dos braços sem esforço mas, os membros que estavam engessados antes precisam de ajuda pra voltarem ao normal.

- Isso o Sr mesmo pode fazer, já que é enfermeiro dela não há problema, pode andar com ela pelo quarto por alguns minutos, mas não force muito, um pouco de cada vez.

                           ... ... ... ...

Eu dava sopa a moça, visivelmente desapontada ela não fazia muita questão de comer, mas era importante que se alimentasse então dei meu jeito.

- Vamos precisa tomar- Levei a colher a sua boca, com uma cara meio torta ela abriu, fechando os olhos enquanto engolia, ri pelo drama - Não está tão ruim assim, pare.

- Está horrível!- Respirou fundo- Odeio comida de hospital- Levei mais uma colher - Sinto falta do seu Strogonoff Sr Styles- tomou a sopa, abaixei um pouco os braços suspensos.

- Se lembra da minha comida?- singelamente sorri, Alana confirmou balançando a cabeça.

- Me fez lembrar ontem, foi a primeira coisa que cozinhou pra mim- Depois de me encarar diretamente por três segundos, ela engoliu seco e umedeceu os lábios, sentia falta de beijá-los como antes, a última vez foi tão boa- quando vamos voltar pra casa?

Inclinei a cabeça levemente para o lado repousando a colher no prato, peguei sua mão no colchão, havia um curativo nela, consequência das injeções de antes. Deixei um beijo carinhoso na parte de cima sem tirar meus olhos dos seus, e vi que ruborizada seu peito subiu, enchendo-se de oxigênio- Em breve, assim que estiver melhor vamos para casa.

- Tô interrompendo alguma coisa pombinhos?- Max entrou na sala, fechando a porta atrás de si.

- Max pelo amor de Deus- Soltou um pigarro puxando a mão de volta- Eu namoro.

E em um mesmo som retrucamos- Você não namora!- Alana arqueou as sobrancelhas nos olhando estranho.

- Quantas vezes vou ter que dizer, que Liam mentiu pra você?- Andou até o sofá sentando-se, a irmã seguiu com os olhos.

- Milhares e ainda assim, não vou acreditar, não dá pra confiar em você Max, nunca se importou comigo- Disse, mas não tinha remorso na fala, apenas sinceridade.

Revirando os olhos, ele apontou a mim.

- Já disse que isso é passado! A gente se resolveu com direito a àquelas bréguices de abraços, choros e catarro no dia que...- Parou de falar quando arregalei os olhos, dando sinal de que não podia falar sobre a morte da mãe.

- No dia?...- Indagou Alana.

- Ér... No dia que, eu fui lá em casa- tossiu- Olha, não quer acreditar em mim, okay, então acredita em Harry!- abriu os braços.

- Harry não gosta de Liam- respondeu cética.

- E com razão diga-se de passagem- Falei prontamente, respirei fundo logo após, e me levantei com o prato na mão- Eu vou levar o prato para o refeitório antes que eu enlouqueça de vez, já volto- e saí do quarto.

...

- Tá vendo, chateou o coitado do Harry que só faz cuidar de você.

- Você que começou, a culpa é sua- Respondi fechando a cara, fez-se silêncio no quarto por cinco segundos.

- Hum... Namorado, namorado... De Chernobyl só se for...- Resmungou.

- Max!- Me irritei.

- Aí! Tabom, tabom! Não falo mais nada também, vou deixar você se ferrar sozinha da próxima vez- cruzou os braços.

Vi que seu rosto estava machucado, quis perguntar o que tinha acontecido mas não o fiz, não queria falar com ele. Por outro lado era constrangedor o silêncio e tédio naquele lugar, olhei a televisão na parede desligada, e lembrei que nunca tinha ligado enquanto estava alí, quebrei o silêncio.

- Max?

- Hum- me olhou de canto.

- Pode pelo menos me dar o controle?- arqueou uma das sobrancelhas- Por favor?

Soltando um suspiro ele pegou o objeto, levantou-se e me entregou- Obrigada.

- Vai agradecer seu namoradinho de mentira- forçou um sorriso falso voltando ao sofá, revirei os olhos.

Apontei em direção a TV e liguei, passei vários canais, mas como não tinha nada muito interessante deixei no jornal, seria bom né situar do que estava acontecendo por aí.

- E agora, vamos falar do caso Alana, você se lembra dela?- Uma foto foi mostrada, espera, era eu? Franzi o cenho enquanto minha boca se abria aos poucos.

- Essa não...- Ouvi Max dizer, virei para olhá-lo rapidamente, ele se levantou- Alana me dá o controle- Escondi debaixo das cobertas.

- Alana Stanford foi sequestrada pelo ex namorado e seu comparsa Denis, levada e mantida em cativeiro em Saint Augustine por pelo menos três dias...- Max se debruçou sobre mim, tapando minha visão enquanto procurava o controle.

- Dá a merda do controle Alana!

No mesmo instante Sr Styles entrou no quarto, e arregalou os olhos quando viu a tv ligada.

- Max porque a televisão tá ligada?!

                             ... ...

Meu enfermeiro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora