Capítulo 36

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Elliott Grum

Assim que chegamos em casa, tomamos um banho e depois descemos para fazer companhia a Carina e as crianças enquanto esperávamos por Nicolas. Notei a confusão na cara dele ao chegar e ver as crianças no sofá assistindo desenho animado.

– Oi, cara! – O cumprimentei.

– Oi, Elliott, Amélia! – Falou ele.

– Nicolas essa é a Cari ... – Ela me um tapa antes de dizer o nome todo. – Quero dizer, Alisson!

– É um prazer! – Falou ele beijando o torso da mão dela.

– É um prazer, Nicolas! – Falou ela sorrindo pra ele.

Houve um breve momento de silêncio entre eles dois. Ambos se encararam e só quebraram o contato visual quando interrompi. Ele coçou a barba desviando a atenção para qualquer outra coisa. Foi a primeira vez que vi Nicolas sem jeito com os nossos olhares sobre ele.

– Podemos conversar agora, Amélia? – Perguntou ele mudando de foco.

– Sim, vamos pro quarto! – Falou ela. – Lá vamos ter privacidade.

Os dois saíram e eu fiquei na cozinha ajudando Carina a terminar o jantar. Depois de longos minutos, eles retornaram e foi minha vez de sair com Nicolas.

– Quer uma cerveja? – Perguntei pegando uma pra mim.

– Não, eu estou dirigindo! – Falou ele.

– E aí, cara? – Perguntei preocupado. – Como foi?

– Eu não posso te falar o que conversamos na consulta, Elliott! – Falou Nicolas sério. – Sou seu amigo, mas existe o termo de confidencialidade entre paciente e médico, já falamos sobre isso, cara.

– Não quero que me conte o que vocês conversaram, Nicolas.  – Falei sério também. – E sim qual a sua opinião sobre o estado dela.

– Olha, apesar de demonstrar grandes sinais de que ela está seguindo em frente, não podemos esquecer que ela passou por um trauma muito grande. – Falou ele. – Com essa última aparição dele, posso te dizer que ela está procurando meios de fugir dessa situação, ela está procurando uma válvula de escape, tudo pra não voltar para aquela condição do início de quando começamos as sessões.

– E o que eu posso fazer quanto a isso? – Perguntei.

– O mesmo que você tem feito todo esse tempo. – Falou ele. – Continue do lado dela.

Fiquei em silêncio por alguns segundos.

– O que foi aquilo lá embaixo entre você e Carina? – Perguntei sorrindo.

– O nome dela não é Alisson? – Perguntou arqueando a sobrancelha.

–Não muda de assunto, eu vi! – Falei rindo.

– Não sei do que você está falando! – Falou ele sério.

– Confessa que achou minha cunhada gata! – O pressionei.

– Tá! Ela é linda! – Falou ele desviando o olhar. – Mas não aconteceu nada lá embaixo. Você que está vendo coisas.

– O pior cego é aquele que não quer aceitar! – Falei descontraído.

– Não seria enxergar ao invés de aceitar? – Perguntou ele em tom de brincadeira.

– Não sei! – Falei bebendo um gole da minha cerveja. – Mas você entendeu.

Nicolas se fez de desentendido. Antes que eu tivesse chance de contra-atacar, ouvimos a voz de Carina nos chamar dizendo que o jantar estava pronto.

– Salvo pelo gongo! – Falei apontando o dedo na direção dele.

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