Capítulo 62

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Amélia Brown

As semanas se passaram rapidamente...

E finalmente eu comecei a lembrar das coisas. Lembrei quem eu era, comecei a reconhecer as pessoas, a importância de cada uma delas para mim e lembrei que sentia algo muito forte pelo cara de olhos azuis chamado Owen. Faltava muita coisa ainda, principalmente a parte que eu mais queria saber. Toda vez que eu perguntava sobre o acidente, ninguém me respondia nada. Apenas repetiam aquilo que eu já sabia. No fundo eu sabia que ainda tinha algo. Principalmente porque eu comecei a ter pequenos vislumbres. Tinha muita coisa que não fazia sentido, mas a única coisa que prevaleceu foi o rosto de um homem que até agora eu ainda não vi aqui pelo hospital.

Em todos os vislumbres, esse tal homem estava comigo.

Será que ele era importante para mim?

- Droga, isso dói! - Reclamei enquanto fazia a sessão de fisioterapia.

Meu quadril estava ferrado. Toda vez que forçava demais ele doía horrores.

- Eu sei que dói, Amélia! - Falou meu fisioterapeuta tentando me consolar. - Mas é necessário! Vamos lá mais uma vez?

Concordei com a cabeça.

Algum tempo depois de muitos exercícios, Robert ficou com pena de mim e me liberou. Foi doloroso demais. Me senti extremamente aliviada quando ele foi embora.

- Você foi muito bem, amor! - Falou Owen ao meu lado.

Ele nunca me deixava sozinha.

- Quando será que eu vou receber alta, hein? - Perguntei entediada. - Quero minha casa! Bem, eu não lembro dela, mas eu queria mesmo assim.

- Acho que logo, Amy's! - Falou ele sorridente. - Você progrediu muito nessas semanas.

- Me fala de novo sobre o meu trabalho? - Pedi me animando de novo. - Eu sou mesmo uma neurocirurgiã?

- Sim! - Falou Owen. - E das boas!

- É difícil de acreditar! - Falei rindo. - Uma neurocirurgia que opera cérebros mas que tem um cérebro com defeito.

- Você vai lembrar, amor! - Me garantiu ele.

- Espero que sim!

- Sabe, eu lembro a primeira vez que te vi atuando no trabalho, eu fiquei completamente bobo te vendo em ação, você fica tão seria e ao mesmo tempo tão linda... - Ele mudou de assunto tentando me animar de novo. - Fiquei completamente sem ação!

- Foi mesmo? - Perguntei rindo. - Sou tão irresistível assim?

Ele riu.

- Demais! - O mesmo levantou e me beijou casto. - Trouxe uma coisa para você.

O mesmo tirou do bolso uma caixinha verde com um laço da mesma cor. Peguei a mesma curiosa e abri.

- Como você lembrou que me ama, achei que isso deveria voltar para a dona de novo, é claro, se você ainda quiser casar comigo. Observei os detalhes do anel que tinha dentro. Ele era lindo.

- É, claro que eu quero casar com você! - Falei sorrindo.

- Oi, oi, oi, gente! - Falou Jordan entrando no quarto. - Desculpa interromper, trago boas notícias, sua tomografia está muito boa Amélia, você vai pra casa.

Praticamente eu pulei de alegria. Tudo o que eu queria era ir pra casa.

Ele começou a me examinar meus reflexos. Estavam todos ok.

- Ótimo, muito bom! - Ele fez outros testes. - Bom, você está apta a voltar pra casa! _ Falou ele sorrindo para nós.

Jordan nos deu todas as instruções e depois saiu indo resolver a documentação da minha alta. Owen me ajudou a trocar de roupa e arrumar as coisas. Depois de assinar alguns documentos, fomos liberados do hospital.

- Pronta para ir pra casa? - Perguntou ele entrelaçando os dedos nos meus.

- Mais pronta impossível!

•••

Fomos direto para a casa dos pais de Owen. Foi uma tarde muito agradável na presença deles e do resto da nossa família. Mia, Alisson e eu, passamos a maior parte daquela tarde conversando sobre o preparativos do casamento dela. Ela e Connor estavam esperando que eu acordasse e recebesse alta do hospital para marcar a data.

"Nunca que eu iria casar sem ter uma das minhas madrinhas presentes ..."

Foi o que ela disse.

Depois de muita comemoração e discussões sobre cores, vestidos, decoração. Owen e eu nos despedimos deles e fomos embora. Dessa vez, para nossa casa. Assim que ele estacionou na calçada e eu observei a frente dela, senti uma sensação de dejavu.

- O que foi? - Perguntou Owen notando minha mudança de expressão.

- Nada, só estava tentando lembrar da casa.

Finalmente entramos.

A sala era realmente muito familiar para mim. Assim como todo o resto da casa. Tomei um banho relaxante e depois desci encontrando Owen na cozinha preparando pipoca.

- Tenho uma supresa pra você! - Falou ele empolgado despejando a pipoca numa vasilha, pegando dois refris na geladeira e vindo até mim.

- Pra comemorar que você voltou pra casa, vamos maratonar hoje seus filmes favoritos! - Falou ele me chamando com a cabeca.

- Parece interessante! - Comentei. - E quais são eles?

- Rocky Balboa! - Disse ele feliz da vida. - Aposta que você vai gostar, você é loucamente apaixonada por esses filmes, já perdi as contas de quantas vezes assistimos juntos.

- Eu não lembro, mas se você diz... vamos nessa! - Falei sentando no colchão de ar que Owen havia colocado na sala em frente a enorme televisão da sala. Havia um cobertor enorme e algumas almofadas. Depois de alguns minutos assistindo, eu realmente gostei muito. Quando vi já estava gritando completamente empolgada com as lutas.

- E aí? - Perguntou ele sorrindo. - O que achou?

- Incríveis! - Falei animada. - Quero logo assistir o quarto filme.

Ele riu.

Assistimos quase todos, mas o sono acabou sendo mais forte. Decidimos assistir o resto só no dia seguinte. Desligamos tudo e fomos pro nosso quarto.

- Owen? - O chamei.

Ele me olhou.

- Eu lembrei de algumas coisas! - Falei enquanto pensava em algo. - Eu sonhei com meus pais, foi tão real.

- Quando? - Perguntou ele me olhando.

- Eu não sei, mas acho que foi quando eu estava em coma. - Falei pensativa. - Eu estava com eles na nossa antiga casa.

- Conte mais! - Incentivou ele.

Lhe contei tudo que eu conseguia lembrar.

- Ah, e tinha dois menininhos também. - Falei sorrindo. - Os dois eram muito bonitos, eles estavam brincando e rindo, pareciam gêmeos, e juro, que de uma forma que eu não sei explicar, eles me trouxeram tanta paz.

Vi o homem ao meu lado ficar tenso.

- O que foi? - Perguntei estranhando seu comportamento.

- Nada! - Ele falou estranho. - Bom, não gosto de lembrar do tempo em que você estava em coma.

- Eu estou bem agora, amor! - Falei o abraçando. - Prometo que não vou a lugar nenhum.

Ele sorriu pra mim.

- Do que você me chamou? - Perguntou ele rindo.

- De amor! - Falei rindo também.

- Senti falar disso!

Ele me beijou suavemente e assim foi a nossa noite.

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Quem aqui também gosta dos filmes do Rocky Balboa?

Eu amo!

Até o próximo!




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