Amélia Brown
Deixei a água do chuveiro cair sobre o meu corpo. Eu pensei que fosse apenas um sonho, mas ao me olhar no espelho sem roupa, foi impossível não notar as diferenças embora não fossem tão evidentes assim. Eu sempre quis ser mãe. Eu queria ser a mãe desses bebês, mas como seria se eles eram fruto do meu pior pesadelo?
Como eu seria se eles não foram concebidos com amor e sim com violência?
Como eu iria lidar com eles quando nascessem e carregassem traços do meu agressor?
Como eu iria amá-los sabendo que eles eram a lembrança viva de tudo que aconteceu?
Eu sabia o que tinha que fazer para dar fim a tudo isso! Mas a pergunta que não queria calar era, eu iria ter coragem de ir em frente? Como médica, como mulher e como pessoa, eu iria mesmo ter coragem de abortar por vontade própria esses bebês?
Minha cabeça estava explodindo com tantos questionamentos.
O que eu iria fazer?
Comecei a lembrar da alegria que senti quando Owen e eu pensávamosque eram nossos filhos. Porque tinha que não ser assim?
Seria tão fácil!
Ele estava tão feliz com a ideia de ser pai. Mesmo que ele não dissesse nada, eu via em seus olhos o quanto ficou devastado. Passei mais tempo do que deveria debaixo dágua. Tentei me agarrar ao máximo as palavras de Nicolas nas nossas sessões de terapia.
Resignificação!
Fechei o chuveiro e saí do box decidida. Vesti uma roupa confortável e mandei uma mensagem para Owen vir até o quarto.
-Amor? - Chamou ele aparecendo no quarto.
Eu estava sentada na cama o esperando.
- Oi.
- Oi.
Ficamos os dois sentados de frente um pro outro. Ele segurou minha mão.
- Amélia, só quero que você saiba que independente da sua decisão, eu estarei aqui do seu lado!
- Eu não sei como fazer isso! - Senti meus olhos ardendo. - Não sei se tenho forças pra aguentar. É demais para mim.
- Você tem toda liberdade pra fazer o que quiser com o seu corpo! - Falou ele com os olhos vermelhos, parecia ter chorado. - Basta apenas me dizer que estarei segurando sua mão na hora.
- Sempre quis ser mãe, você sabe! - Falei enquanto lágrimas caiam do meu rosto. - Mas eu não sei se conseguiria ser mãe dos filhos dele. Uma vez Mia me disse que eu não deveria deixar o que ele fez comigo me definir. Eu quase, por um segundo, decidi me livrar deles e acabar com tudo isso, mas não seria eu se fizesse isso.
Ele me olhou com várias emoções estampadas no rosto.
- Eles são parte minha também, e apesar de tudo, são inocentes, não tem culpa de terem o pai que tem, eu não quero ser mãe deles, mas eu preciso pelo menos tentar. - Falei decidida. - Mas pra isso, preciso de você comigo, não sei se vou conseguir aguentar sem você.
- Quando eu te pedi em casamento, eu falei sério! - Falou ele me puxando para si e me abraçando. - Se é essa a decisão que você decidiu tomar, vou estar ao seu lado! Eu sei que não vai ser fácil, mas apesar de ter ficado triste por ter descobrido que eles não são meus filhos biológicos, isso não quer dizer que eu não possa ser o pai deles. Eles são uma parte sua, a parte boa! Juntos vamos criar eles para ser tudo que Denis não é. Estarei aqui para o que der e vier e nada vai mudar o fato de que eles são nossos filhos. Nossos filhos, Amys!
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Não Foi Por Acaso
عاطفية• Amélia Brown sempre viu seu melhor amigo como um irmão, até que no último ano da faculdade a venda em seus olhos caiu e ela se viu completamente apaixonado por ele. A única coisa que a impediu de se declarar, foi o medo de perder o melhor amigo. _...