CAPITULO 29

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                            Formiga

Dessa vez eles vieram preparado, não teve a porra do  aviso dias antes, a porra dos vermes que trabalha pra nois não avisou .

Não deu tempo de por a porra do toque de recolher, trabalhadores foram baleados, mulheres perderam suas vidas sem dó alguma.

Morar em favela tem seus lados ruins, aqui é Cidade sem lei, não temos a poio e muito menos a porra da empatia.

Vou descendo o morro e vejo um verme arrastando um menor de dentro de casa, a mãe do cara saindo atrás gritando desesperada pra largar teu filho.

Eles invadiram a casa dos moradores atrás de nois, achando que estaríamos se escondendo, uma coisa que aprendemos nessa vida é não fugir de uma guerra.

Vejo meu rádio tocando e um menor avisando que perdemos dessa vez, o morro foi pacificado, perdemos muita gente e um deles foi o Joca.

Infelizmente nessa vida tamo sujeito a tudo, Joca foi cedo mas deixou teu levado e vamos cuidar de tudo aqui por ele.

Entro em um barraco e fico ali escondido, se essas porras me pegam sou morto na hora.

Meu rádio toca e me avisam que meu mano Mauro foi preso e Baruk levou um tiro. Chuto a porra de uma cadeira que tem ali

Essas merdas vão pagar por todo sofrimento que estão nos causando, pego uma blusa de frio com touca e faço um sinal com os menor, vou saindo com cuidado e vou pra parte dos mato.

Recebo uma ligação avisando que a Marjorie foi com a Isis direito pro hospital que o Baruk foi levado.

Ligo pro mano dodô e peço ajuda, vou ter que ficar escondido por um tempo nesse caralho, ele manda uns menor me buscar e me levam pra lá.

- Como essa porra aconteceu? Joca morto, Mauro preso e Baruk no hospital. - ele andava de um lado pro outro com um cigarro na mão

- Os filha da puta mataram o Joca sem dó, vamo bolar um plano de tirar o Mauro de lá e rezar pro Baruk sair dessa

- Conta uns dias e vamo recuperar o morro de vocês. - concordo com a cabeça

Decido dar uma ligada pra Marjorie e ver como meu mano está.

                         Marjorie

Estou com meu coração aflito, Baruk está dirigindo feito um louco, ele percebe que estou morrendo de medo e coloca uma mão na minha coxa pra tentar me tranquilizar.

Chegamos na esquina do morro, tem um garoto totalmente nervoso ele fala algo pro Baruk, e vejo a sua expressão mudar

Ele pega uma arma e sai feito louco, saio do carro e corro atrás dele, não faço ideia do que pode está acontecendo.

Vejo um vapor na entrada se escondendo, ele me puxa pelo braço e me deixa em uma casa.

Escuto um tiro e meu coração aperta, sinto que foi algo com o Baruk e começo a chorar.

Escuto algumas pessoas comemorando e algo me diz que o pior no morro só está pra começar.

O menino recebe uma ligação e me olha balançando a cabeça, olho pra ele em busca de respostas

- Mataram ele, Marjorie. - minha respiração começa a ficar ofegante e meu coração acelerado

- Baruk... - falo com a voz embargada e ele nega com a cabeça

- Mataram o Joca, porra. - ele empurra uma mesinha que tem ali e logo em seguida passa a mão no cabelo

- Cadê o Baruk? - tento abrir a porta, mas está trancada

- Levaram o Mauro preso e o Baruk... - ele me olha e pensa por um tempo

- Oque aconteceu com ele? - respondo sentindo minhas lágrimas caírem

- Ele foi baleado, levaram ele para o hospital. Esses vermes filha da puta sabe que a ficha dele tá limpa, depois da prisão ele pagou uns cara. - ele respondia e eu sentia a dor na voz dele

- Eu não posso sair, vou ter que ficar distante por um tempo, se essas porra me pega me leva pra cadeia.

- Preciso ver o Baruk. - ele concorda com a cabeça e abre a porta

Saio e encontro a mulher do Joca chorando com ele no seu colo, essa cena acaba totalmente comigo, infelizmente são situações que estamos sujeitas a passar.

Olho pra cima e vejo alguns polícias espalhados pelo chão e vários moradores também, está parecendo aquelas cenas de filme

Isis desce a rua desesperada e me abraça

- Levaram ele amiga, levaram ele. - ela começa a chorar e me aperta um pouco mais

- Vamos tirar ele de lá, Baruk vai dar um jeito

- Você soube que levaram ele mal pro hospital? - concordo com a cabeça

- O morro foi pacificado.

- Tudo vai se ajeitar.

Peguei um Uber com a Isis e fui direto para o hospital, assim que chegamos encontro uma mulher de cabeça baixa, olho pra Isis

- É a mãe do Mauro. - vamos até ela, tia Bel

- Ele chegou muito mal aqui, o tiro foi certeiro. Está em cirurgia

- Ele não pode me deixar não agora. - começo a andar de um lado pro outro desesperada...

Bom diaaaaaaaa 💥

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