Formiga
Dessa vez eles vieram preparado, não teve a porra do aviso dias antes, a porra dos vermes que trabalha pra nois não avisou .
Não deu tempo de por a porra do toque de recolher, trabalhadores foram baleados, mulheres perderam suas vidas sem dó alguma.
Morar em favela tem seus lados ruins, aqui é Cidade sem lei, não temos a poio e muito menos a porra da empatia.
Vou descendo o morro e vejo um verme arrastando um menor de dentro de casa, a mãe do cara saindo atrás gritando desesperada pra largar teu filho.
Eles invadiram a casa dos moradores atrás de nois, achando que estaríamos se escondendo, uma coisa que aprendemos nessa vida é não fugir de uma guerra.
Vejo meu rádio tocando e um menor avisando que perdemos dessa vez, o morro foi pacificado, perdemos muita gente e um deles foi o Joca.
Infelizmente nessa vida tamo sujeito a tudo, Joca foi cedo mas deixou teu levado e vamos cuidar de tudo aqui por ele.
Entro em um barraco e fico ali escondido, se essas porras me pegam sou morto na hora.
Meu rádio toca e me avisam que meu mano Mauro foi preso e Baruk levou um tiro. Chuto a porra de uma cadeira que tem ali
Essas merdas vão pagar por todo sofrimento que estão nos causando, pego uma blusa de frio com touca e faço um sinal com os menor, vou saindo com cuidado e vou pra parte dos mato.
Recebo uma ligação avisando que a Marjorie foi com a Isis direito pro hospital que o Baruk foi levado.
Ligo pro mano dodô e peço ajuda, vou ter que ficar escondido por um tempo nesse caralho, ele manda uns menor me buscar e me levam pra lá.
- Como essa porra aconteceu? Joca morto, Mauro preso e Baruk no hospital. - ele andava de um lado pro outro com um cigarro na mão
- Os filha da puta mataram o Joca sem dó, vamo bolar um plano de tirar o Mauro de lá e rezar pro Baruk sair dessa
- Conta uns dias e vamo recuperar o morro de vocês. - concordo com a cabeça
Decido dar uma ligada pra Marjorie e ver como meu mano está.
Marjorie
Estou com meu coração aflito, Baruk está dirigindo feito um louco, ele percebe que estou morrendo de medo e coloca uma mão na minha coxa pra tentar me tranquilizar.
Chegamos na esquina do morro, tem um garoto totalmente nervoso ele fala algo pro Baruk, e vejo a sua expressão mudar
Ele pega uma arma e sai feito louco, saio do carro e corro atrás dele, não faço ideia do que pode está acontecendo.
Vejo um vapor na entrada se escondendo, ele me puxa pelo braço e me deixa em uma casa.
Escuto um tiro e meu coração aperta, sinto que foi algo com o Baruk e começo a chorar.
Escuto algumas pessoas comemorando e algo me diz que o pior no morro só está pra começar.
O menino recebe uma ligação e me olha balançando a cabeça, olho pra ele em busca de respostas
- Mataram ele, Marjorie. - minha respiração começa a ficar ofegante e meu coração acelerado
- Baruk... - falo com a voz embargada e ele nega com a cabeça
- Mataram o Joca, porra. - ele empurra uma mesinha que tem ali e logo em seguida passa a mão no cabelo
- Cadê o Baruk? - tento abrir a porta, mas está trancada
- Levaram o Mauro preso e o Baruk... - ele me olha e pensa por um tempo
- Oque aconteceu com ele? - respondo sentindo minhas lágrimas caírem
- Ele foi baleado, levaram ele para o hospital. Esses vermes filha da puta sabe que a ficha dele tá limpa, depois da prisão ele pagou uns cara. - ele respondia e eu sentia a dor na voz dele
- Eu não posso sair, vou ter que ficar distante por um tempo, se essas porra me pega me leva pra cadeia.
- Preciso ver o Baruk. - ele concorda com a cabeça e abre a porta
Saio e encontro a mulher do Joca chorando com ele no seu colo, essa cena acaba totalmente comigo, infelizmente são situações que estamos sujeitas a passar.
Olho pra cima e vejo alguns polícias espalhados pelo chão e vários moradores também, está parecendo aquelas cenas de filme
Isis desce a rua desesperada e me abraça
- Levaram ele amiga, levaram ele. - ela começa a chorar e me aperta um pouco mais
- Vamos tirar ele de lá, Baruk vai dar um jeito
- Você soube que levaram ele mal pro hospital? - concordo com a cabeça
- O morro foi pacificado.
- Tudo vai se ajeitar.
Peguei um Uber com a Isis e fui direto para o hospital, assim que chegamos encontro uma mulher de cabeça baixa, olho pra Isis
- É a mãe do Mauro. - vamos até ela, tia Bel
- Ele chegou muito mal aqui, o tiro foi certeiro. Está em cirurgia
- Ele não pode me deixar não agora. - começo a andar de um lado pro outro desesperada...
Bom diaaaaaaaa 💥
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VENDIDA NO MORRO DO AMOR
RomanceMarjorie e Baruk dois caminhos são laçados com a ironia do destino.