CAPÍTULO 62

3K 339 143
                                    

                            Natieli

Sempre foi eu e a minha mãe, meu pai nos abandonou quando eu tinha 03 anos de idade, pra ser sincera não lembro muito dele não.

Ela começou a namorar e se casou com o pai da Marjorie depois de alguns anos, quando ele faleceu ela ficou mal alguns dias e depois nunca mais tocou nesse assunto.

Ela sempre odiou a Marjorie e eu sinceramente nunca entendi o por que e muito menos o por que ela ficou com a sua custódia sendo que detestava a garota.

Quando a Marjorie foi embora ela endoidou, começou a descontar sua raiva em mim, disse que tínhamos que recuperar a Marjorie, que agora só faltava dois anos, eu achei que ela tinha ficado feliz de ter se livrado,mas não ela ficou furiosa.

Ela me colocou pra trabalhar, até por que perdemos o salão e como minha mãe não trabalhava, as coisas começou a apertar.

Começo a ficar com o Diogo ele é um morador aqui do morro, ele é usuário de drogas, porém é um cara legal. Nunca fui de usar essas coisas, mas minha mãe começou a pegar tanto no meu pé que não tive outra escolha, comecei com maconha e fui cada vez me afundando mais, cocaína, balinha, lança perfume e por aí vai...

Depois que o morro foi pacificado tudo ficou bem difícil por aqui e eu já estava enlouquecida, todo dinheiro que consigo vou atrás de comprar drogas junto com o Diogo, só me sinto viva usando essas coisas.

Marjorie voltou pra cá e a vi, não queria que ela me visse nessa situação, eu realmente tô muito diferente do que eu era antes, vaidade era meu segundo nome e hoje em dia eu mal penteio meu cabelo.

Hoje era sexta-feira a noite, estava jogada em frente a uma calçada, quando percebo alguém se aproximando, tento forçar a vista pra ver, balinha sempre me deixa estranha.

- Oque foi? Veio rir da minha desgraçada?

- Você está drogada? Quer quer eu te leve pra casa? - essa garota deve ter algum probleminha, nunca fiz nada de bom pra ela e agora tá querendo me ajudar.

- Não preciso da sua ajuda. - tento me levantar e vou andando com bastante dificuldade, sempre que misturo drogas com bebida fico extremamente estranha.

Vou seguindo o caminho até a casa do Diogo, ele mora com mais 7 irmãos, eu entrei e fui direto pra onde ele dorme, em um colchão que fica entre a sala e a cozinha, me deito ali e fico esperando o efeito da bala passar.

Sinto alguém se aproximando olho e percebo que não é o Diogo, me assunto quando vejo seu irmão tampando minha boca, e tentando beijar meu pescoço a força, tento empurrar, mais não consigo, ele deita em cima de mim e vai me beijando com aquela boca nojenta, com uma das mãos ele segura minhas duas mãos com força e com a outra vai até minha calça, sinto as lágrimas cair e entro em desespero, ele começa a entrar dentro de mim com força, em tento chutar e levo um tapão na cara, ele começa a me dar vários tapas e quando eu já estava sem forças ele volta a me penetrar, decido ficar quieta e começo a rezar pra tudo isso acabar logo.

Assim que ele se satisfaz, ele se levanta e sai rindo, me levanto e vou em direção a minha casa, entro e vou direto para o banheiro, tiro a minha roupa e me sinto imunda, começo a tomar banho e o desespero bate, agacho no chão e abraço minha própria perna, aquele filha da puta.

Me seco com uma toalha e me olho em um espelho quebrado, que tem ali no quarto, sinto uma dor insuportável no peito, estou toda marcada... Coloco uma roupa qualquer e deito na cama, me abraço e deixo as lágrimas caírem, depois de um tempo acabo pegando no sono.

Acordo no outro dia sem vontade alguma, minha mãe está na sala, decido não contar pra ela oque aconteceu, afinal ela não vai acreditar em mim.

Volto pro quarto e passo o dia inteiro deitada, não tenho mais celular acabei vendendo ele pra comprar mais drogas.

Quando já é 22h decido sair de casa, me visto, pego um dinheiro que tenho guardado e saio, soube que hoje tem um baile da Marjorie, essa vagabunda se deu bem na vida.

Fico em frente a quadra onde está acontecendo o fluxo e começo a beber, cheirar, fumar, já estava loucona quando pego uma lança, começo a baforar e sinto meu coração acelerar e uma pontada muito forte, vou ficando com a respirando fraca e a dor vai aumentando, acabo caindo no chão, escuto alguém gritando de longe e tudo ficando escuro.....

                          Marjorie

Estava subindo da tia Rita que vende dogão quando vejo a Natieli jogada no chão, tento ajudar mais ela é orgulhosa demais.

Confesso que ver ela assim que deixa mal, ninguém merece se acabar em drogas.

Chego em casa e fico pensando nela, não sei por que mais sinto mais sensação estranha demais, fico perdida em meus pensamentos até pegar no sono.

Hoje é o meu baile, depois que o Rael nascer vai ser difícil pra sair, então fiz meu baile de despedida.

Já estou com 9 meses, a qualquer momento meu menino pode nascer, só espero que não seja hoje.

Meu baile tá o frevo, tô dançando pra caramba com as meninas, dizem que ajuda na dilatação, começo a sentir uma dorzinha no pé da barriga e decido ir lá pra fora tomar um ar, Baruk vai comigo, assim que saio vejo uma movimentação estranha do outro lado da rua, olho melhor e vejo que a Natieli está passando mal, vejo ela caindo e batendo a cabeça, dou um grito e vou pra perto dela.

Começo a fazer massagem em seu peito, vejo que ela estava com uma lança na mão, fico desesperada, mas infelizmente era tarde demais... Natieli teve um infarto, essa maldita droga levou ela.

Me levanto do chão com a ajuda do Baruk, peço pra alguém chamar a Natana, que quando ver a filha começa a chorar desesperada.
Confesso que sinto uma dó dela, nenhuma mãe merece passar por isso.

Sinto algo escorrer pelas minhas pernas olho pro Baruk e ele olha sem entender

- Tá mijando nas calças?

- Minha bolsa estourou. - ele me olha assustado sem saber oque fazer

- Tem que levar ela pro hospital. - ele sobe a rua desnorteado e pega o carro, Isis vai junto e traz todas as nossas coisas.

No meio do caminho começo a lembrar da Natieli, eu ainda não acredito que ela morreu dessa forma.

Só esse ano perdi 3 amigos por conta de lança, infelizmente essas coisas acontecem muito.

80 estrelinhas ⭐ e 100 comentários ♥️

VENDIDA NO MORRO DO AMOR Onde histórias criam vida. Descubra agora