capítulo dois

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C A R O L I N A

na noite passada marquei com alguns amigos de dar umas manobras, mas a praça tava tão cheia que resolvemos marcar outro dia.

quando cheguei em casa, por incrível que pareça a Bárbara estava faxinando a casa enquanto ouvia alguma música que eu não faço ideia qual era, mas gostei muito da vibe.

[...]

hoje acordei com as lambidas da Heda.

— oi filha. Bom dia!

alisei os pelos da minha cachorra mais velha, ela me chamava para brincar.

— Carol? Da um jeito na sua cachorra, ela comeu a mangueira do quintal — Bárbara gritou da sala e eu gargalhei entendendo o porquê da Heda estar toda cheia de graça comigo.

— você não tem jeito, né? — alisei ele mais uma vez.

levantei da cama e como de costume me espreguicei. Fui até a janela e assim que abri, me arrependi um pouco. O sol estava extremamente quente ao ponto de arder meus olhos.

fui para a cozinha e Bárbara tinha um bico enorme na cara.

— calma Babi, é só uma mangueira e ela é uma cachorra

   peguei algumas torradinhas e passei a geleia de goiaba. Minha favorita!

— antes fosse só isso né, VV. Tô estressada porque hoje o dia não tá muito bom pra mim, desculpa! — ela suspirou.

— relaxa. Tá afim de surfar? Sei que você gosta pra desestressar — tentei animar a minha irmã, que deu um mínimo sorriso.

— pode ser uma boa — ela falou, cabisbaixa.

tomamos café em silêncio e ela falou que iria primeiro organizar algumas coisas antes de ir à praia. Disse que daria uma volta com a Heda, provavelmente esse momento rebelde dela é falta de uma saidinha.

coloquei um biquíni da minha coleção e por cima um short jeans. Peguei a coleira dela, mesmo que não fosse preciso. E fomos eu e minha companheira.

morar em frente à praia não é novidade para mim, muito pelo contrário. Vivi a minha vida inteira na casa que minha mãe comprou quando tinha seus dezessete anos. Sinto tanta falta dela!

— vem Heda!? — chamei ela que como uma boa menina me obedeceu.

Ficamos ali nas pedras. Ela amava ver o movimento e assim como a família, também amava a praia. Ficamos ali por um bom tempo, até eu ver que as ondas já estavam ficando boa para surf.

Isso raramente acontecia nessa parte. Enganchei a coleira na Heda que parecia cansada, sorte a nossa que morávamos do outro lado da rua.

[...]

— fazia tempo que eu não via umas ondas boas assim — Bárbara comentou empolgada assim que colocamos os pés na água.

— a natureza te favorecendo maninha. Vamos aproveitar!

logo estávamos dentro do enorme mar. Devo confessar que tomei muitos caldos, mas também deslizei por algumas perfeitamente. O que mais me alegrou ali foi ver o humor da minha irmã voltar.

— preciso me hidratar — Bárbara falou ofegante e eu concordei.

— água de coco do Paulinho?

— nem precisava perguntar.

fomos até o quiosque onde passávamos a maior parte do nosso tempo.

— bom dia Paulinho. A de sempre pra gente, mas dessa vez a gente vai ter que pendurar. Não trouxemos nada além da canga e das pranchas — Bárbara falava para o senhor que alegremente nos serviu.

— fiquem tranquilas meninas. Vocês cresceram aqui, já são da família — Paulinho disse extremamente fofo e eu me derreti.

— fico feliz de ouvir isso seu Paulinho! — comentei e ele sorriu sincero.

— Carol, não é por nada, mas tem um homem que, não tira o olho de você. Tome cuidado — Paulinho disse zeloso, e seus olhos eram fitados atrás de mim. Fiquei curiosa.

  Discretamente olhei para trás e vi o homem do olhar. Ele estava sentado um pouco distante em uma rodinha com bastante gente até.voltei a sentar de frente para o quiosque. Dei um toque de cotovelo na Bárbara ao meu lado.
 
— é o cara que eu tava comentando do olhar — fiz pouco caso. Na verdade de alguma forma era. Talvez a Bárbara tivesse razão e eu colocasse coisa onde não tem.

— onde? — Bárbara quase gritou ao se virar bruscamente para trás.

— sabe disfarçar não? — perguntei irônica e ela continuou esperando uma resposta — de boné preto, sem camisa, com uma bermuda preta e uma correntinha. Dessa vez disfarça!

comecei a tomar minha água de coco e logo Bárbara pousou um olhar malicioso em mim.

— muito bonitinho — ela comentou como se eu não tivesse visto desde a primeira vez isso. Muito encantador!

correntinha me quebra demais

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lembrando que a história vai ser movida a votos e comentários. 🥰

perdição | volsherOnde histórias criam vida. Descubra agora