capítulo dez

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C A R O L I N A

o tempo passou devagar até o fim de semana. Confesso que já tinha feito alguns planos para eu e o Arthur.

esperei ele sentada na calçada em frente de casa e já estava me arrependendo pelo sol quente, não tinha passado nem protetor direto!

— fala tu, Carolina!

ouvi ele me chamar. Passei os olhos pelo calçadão, que era onde eu escutei a voz dele.

vi ele caminhando todo marrento com a camisa pendurada no ombro e um sorriso safado no rosto. Mal conheço e já sei que é típico!

me levantei esperando ele chegar até mim.

— não me chama de Carolina, abusado! — reclamei brincando e ele estalou a língua me puxando para um abraço.

   a gente nunca teve tanto contato, e era maneiro demais.

ele tava usando um perfume forte que com toda certeza marcaria o momento. Me afastei para encarar ele que agora sorria completamente.

— Carolina é muito bonito — ele olhava nos meus olhos como se fosse ler minha alma.

— também acho, mas tem o tom muito sério. "VV" já é mais carinhoso — fiz manha e ele riu me puxando para mais um abraço. Isso era muito bom.

— você é fofa — ele concluiu e eu revirei os olhos sentindo minha bochecha queimar.

— e você gosta de me deixar tímida — falei escondendo o meu rosto no peitoral dele.

— cê fica vermelha por qualquer coisa — ele riu e eu me afastei um pouco dele — já decidiu o que a gente vai fazer hoje?

assenti tranquila.

— tenho boas programações para gente — falei sorridente e ele abriu um sorriso malicioso

— se liga Arthur, não vem de risadinha maliciosa não — falei em meio a risada. Ele riu, erguendo as mãos para cima

— são dez da manhã, temos um bom tempo pela frente.

— graças a deus! — ele murmurou e eu sorri.

— pensei que a gente podia primeiro fazer uma trilha e depois cachoeira — dei a idéia super animada e ele não esboçou nada.

fiquei preocupada

— pô, ai cê me quebra VV. Escolhe uma, trilha ou cachoeira. As duas é peso demais — ele reclamou e eu revirei o olho.

— Arthur para chegar na cachoeira precisa fazer trilha. Não tem como evitar um ou outro — observei ele suspirar — deixa de ser sedentário moleque.

— tá, tá. Vou só por que vou ter você como companhia — ele se rendeu e ao mesmo tempo fez um elogio.

a todo momento ele me elogiava.

— quer ir de ônibus ou a pé mesmo? — perguntei e ele negou.

— vamos de carro. Estacionei na rua de trás — ele falou indo na frente.

tentava acompanhar ele, mas Arthur parecia que ia tirar o pai da forca.

  quando vi já estávamos em frente um carrão preto. Pelo jeito ele soube bem como gastar seu dinheiro. entrei no banco do passageiro e ele no comando.
 
— tem preferência de música? — ele perguntou ligando o rádio neguei enquanto ria.

— tenho um péssimo gosto musical — admiti.

ele não disse nada só colocou em alguma música no ritmo black soul. Ele aumentou no máximo e me encarou enquanto balançava a cabeça ao som da música.

— vem com o pai, que o pai ensina! — ele gritou, pela música alta.

ele arrancou com o carro e eu fiquei sentindo o ritmo da música. Era contagiante e quando percebi minhas mãos batiam na coxa enquanto minha cabeça acompanhava. Estava amando!

por um descontrole mexi o corpo num passinho estranho quando começou o refrão que, eu já tinha decorado.

olhei para a cara do Arthur que apenas ria. Dei de ombros e bati palma como se fosse um passo de dança.

fomos nesse ritmo até o começo da trilha. Sai do carro me alongando e vi o Arthur só me observar.

— vai ficar me olhando ai igual bobão? — perguntei rindo e começando a caminhar.

— Carolina, eu tô de chinelo, Carolina! — ele parecia já arrependido, mas no final não se arrependeria.

esperei ele me alcançar e quando conseguiu eu sorri para ele.

— você sempre sorri fácil assim? — ele perguntou olhando especificadamente para a minha boca. Engoli em seco.

— gosto de sorrir — disse simples.

— também gosto que você sorria.

corei de novo. Mas que porra!

— que tal você parar de me deixar constrangida e começar a falar pra mim como foi o show? — sugeri e ele riu.

o que era para ser uma conversa centrada e séria, se tornou aleatória com muito humor onde, eu ria igual um porco e ele parecido com um asmático.

como a Bárbara me ensinou fui entrando no meio das matas onde daria na cachoeira que não tinha reserva ambiental e ninguém sabia da existência dela, pelo que eu saiba.

paramos de frente com aquela beleza natural e eu vi o rosto dele iluminar.

— valeu a pena demais! — ele observava tudo muito admirado.

tirei o tênis e a meia também. Corri um pouco para longe e virei para ele com um sorriso maroto. Me despi ficando com um conjunto de biquíni.

— você não vem?

maratona 5/5

🥶

perdição | volsherOnde histórias criam vida. Descubra agora