C R U S H E R
a cara dela de susto é simplesmente muito engraçada.
— cara, eu quase morri aqui!
— pô, cê tava de vacilo aí. E se fosse um bandido? — brinquei e ela negou rindo. Me sentei do lado dela.
— faço aulas de auto-proteção — ela deu de ombros.
— pô, então essas aulas aí não estão indo pelo caminho certo — sorri e vi ela bebericando sua bebida.
— porra, cê me pegou desprevenida — ela se justificou me fazendo gargalhar ainda mais.
— e você espera um bandido?
Carolina me olhou séria por alguns segundos, mas gargalhou junto. Sua risada era contagiante. Não conseguia mais parar de rir.
— ai meu deus cara — ela limpou algumas lágrimas que saiam de seus olhos.
— Carolina, você tá além do que eu imagino — tentei controlar minha risada aos poucos.
Carolina fez uma careta.
— Carolina? — ela perguntou me deixando confuso.
tenho certeza de que ouvi isso na praia. Tanto que está até no Instagram dela Carolina Voltan, bem grande.
— me chama de VV, pô, ou de Voltan!
me aliviei, pensando bem VV combina mais com ela.
— tá ai, gostei! VV — brinquei e ela sorriu.
— como me achou no insta? — ela parecia curiosa, mas ao mesmo tempo tão nem aí. Loucura!
— joguei Carolina minha futura namorada, apareceu tu — joguei verde para ver a expressão dela. Foi além do que eu imaginava.
Não recebi um fora de começo, apenas uma revirada de olhos e um sorriso largo. Porra, ela sorri tanto!
— brinca muito. Mas sério, tô curiosa — ela bebeu um pouco mais e me encarou atenta.
— quando cê foi embora, fui lá no quiosque. Te vi lá hoje também. Tinha uma senhora lá, perguntei: Tu conhece uma Carolina?
— Dorinha, certeza! Ela respondeu o que?
— ela só falou assim "quem? A Voltan?" Aí eu na mesma hora te procurei e bingo. E te falar, nunca vi alguém que gosta tanto de cachorro e praia.
vi ela gargalhar.
— quase fui uma veterinária, tá? — ela me deixou surpreso.
— sem k.o?
— eu achei que ia entrar para a faculdade com dezoito, que já teria carro, moraria sozinha. Mas a realidade é que quando você faz dezoito, tudo o que você faz é sujar o nome — ela disse humorada e eu gargalhei, concordando totalmente.
Meu Deus, essa mulher não existia, não era possível.
— agora tu falou uma verdade! — ela desviou o olhar de mim e pareceu procurar alguém.
— deve tá nos beijos — ela falou pra si mesma, mas consegui ouvir.
— o nosso sai nunca? — dei a ideia e ela me encarou meio rosada.
— não né?
Droga!
- foi mal, mas eu te beijaria fácil. Sem muito estresse — fui sincero e vi ela gargalhar.
— como eu, posso afirmar que não vai achar. Mas procura ai, tem várias meninas loucas pra beijar o bonitão ai - ela não perdeu o humor.
— tá certo. Não quer, não quer. Mas recado tá dado — brinquei e ela riu.
— quer? — ela me estendeu seu copo já pela metade.
— não bebo pô — menti e ela me encarou seria, como se desvendasse minha mentira.
eu até beberia, mas preciso estar no clima e não era o meu.
— olha, mente que nem sente hein? — ela negou rindo e zerando o copo.
— qual foi pô? Difícil acreditar que eu sou um jovem correto. Não bebo bebidas alcoólicas, não fumo nada. Se quer saio de caso. Sou muito pra casar! — brinquei e ela negou.
— acredito em você, porque eu mesmo sou uma santa — ela estava irônica.
— com essa carinha de quem apronta? conta outra!
— te falando mané. A coisa mais arriscada que eu fiz na vida foi ter comido manga com leite — ela falou tão sério que eu não aguentei, gargalhei alto.
ficamos boas horas ali conversando como dois conhecidos e eu não tive noção do tempo, até o telefone dela tocar.
— porra, não, tá bom, te encontro na saída! — ela desligou e me encarou suspirando.
olhei o horário no meu relógio e marcava meia noite e quarentena.
— nossa, meia noite e quarente já!
— passou rápido! Mas agora, vou ter que capar o gato — ela disse levantando e eu a acompanhei.
antes de nos despedir, Carolina tirou uma caneta do cabelo que caiu igual cascata pelos seus ombros e até um pouco no rosto.
— me da sua mão ai? — ela pediu e eu estendi receoso.
ela olhou algo no celular rapidamente, e logo escreveu alguns números que eu identifiquei ser seu telefone. Sem eu esperar ela beijou minha bochecha e me deixou ali meio abobalhado com as coisas que aconteceram rápido demais.
seu cheiro ficou pelo ar. Olhei para o meu braço e sorri. Isso ainda vai dar muita coisa, muita coisa boa.
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maratona 1/5 🥶
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perdição | volsher
General Fiction"carolina é uma obra de arte. foi feita na medida certa, especialmente pra mim. eu a teria esculpido da mesma forma. com as mesmas curvas e linhas! sem mudanças." -- ramos, arthur.