capítulo quatro

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C A R O L I N A

odiava ficar tímida.

— obrigada — agradeci ainda meio desconcertada.

— você fica com vergonha facilmente assim mesmo?

— na verdade, não. Sou difícil de intimidar — brinquei e ele sorriu.

ele fica mais bonito ainda quando sorria. Merda. Ele notou.

— você havia comentado que é do mundo do skate, né? — comentei e ele assentiu — então já são duas coisas em comum.

— primeira coisa em comum — ele falou como se anotasse em uma ficha imaginária. Dei risada.

— te vi naquela dia na pracinha, pô — ele comentou virando de frente para o horizonte. Não tirei os olhos dele.

— tava cheia demais, preferi ir para casa — fui sincera.

ele concordou ainda sorrindo. Arthur umidificou os lábios ao passar a língua discretamente e, porquê essa cena foi tão linda?

— também gosto de andar quando tem pouca gente, mas eu até consegui andar com aquela galera — ele voltou com o olhar em mim.

— alivia a cabeça, né? — comentei virando para o horizonte. o silêncio se instaurou ali e eu fiquei um pouco nervosa com isso.

— eu...

— você...

falamos ao mesmo tempo e demos risada por isso.

— fala você primeiro — ele pediu e eu assenti.

— eu preciso ir. Ainda tenho que desenhar alguns modelos — fui sincera e vi o descontentamento no rosto dele.

fiquei de pé completamente e notei que ele era um pouco mais alto que eu.

— passa seu número? Não queria perder contato contigo — ele pediu levantando e eu sorri enquanto recolhia a canga do chão.

— a gente não vai perder contato. Sempre nos esbarramos por ai — sorri como cumprimento e dei as costas para ele.

não passei meu número por não ter meu celular agora, mas foi bom fazer como nas cenas de filme. Meu ato poderia ter a consequência de nunca mais ver ele, mas acredito que não. Sempre deixei nas mãos do destino, se for para encontrar com ele, assim será.

[...]

cheguei em casa e tomei uma chuveirada rápida. Fui para os fundos, onde ficava minha mini empresa. Meredith, cachorra da minha irmã me acompanhou até lá. Ela gostava de ficar lá por ser afastado dos outros cachorros. Sempre que podia Meredith arranja um canto para si e sumia por um tempo. Nunca vi cachorra mais antissocial.

sentei na cadeira de madeira e limpei meus óculos que estavam um pouco sujos. Coloquei ele e comecei a trabalhar. Cantarolava alguma música do Emílio Santiago que sempre lembrava minha mãe. Isso me dava inspiração para desenhar.

[...]

estava no quintal brincando com os cachorros até escutar a Bárbara me chamar. Entrei para dentro de casa, vendo minha irmã pintando as unhas. Isso era raro.

— vai se arrumar. A gente vai para o centro — ela me comunicou por saber que eu não negaria o convite.

— meia hora e eu tô pronta — disse indo para o meu quarto.

separei uma roupa bem fresca e tomei um banho relaxante. Optei por lavar os cabelos e deixar molhados mesmo.

não foi nem meia hora e eu estava de volta na sala vendo a Bárbara mais arrumada que o normal. Comecei a desconfiar.

— bora? — ela perguntou e eu concordei rápido.

— deu comida pros cachorros, né? — perguntei como garantia e ela assentiu.

— desculpa pessoal, mas agora eu tenho que ir — falei para os seis cachorros, como se eles me entendessem.

logo saímos de casa indo para o ponto de ônibus. Por mais que tínhamos condições de ter carro, preferimos economizar mais. Não deu meia hora de viagem e paramos no centro que tinha uma grande multidão.

— tá tendo batalha de rima. Victor me chamou para ver — ela falou enquanto descíamos do ônibus.

— minha irmã tá gamada no Coringa — falei como se estivesse emocionada.

— idiota, lógico que não. Quero conhecer o trampo do cara, só isso! — ela se justificou.

começamos a entrar no meio das pessoas e por sermos baixas, precisamos de proximidade para ver o palco improvisado. Ainda não tinha ninguém se apresentando, mas mesmo assim eu olhava fixamente para palco igual uma retardada.

minha atenção foi desviada para o meu celular que apitou algumas vezes. Estranhei, mas assim que li o visor não acreditei.

crushert começou a seguir você.

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direct • crusher

the Não é que te achei!

me posso te considerar um psicopata já?

dei risada e bloqueei a tela do celular, voltando a guardar na minha bolsa.

que bom que ele me achou!

eu amo eles dois juntos. calmô!!

perdição | volsherOnde histórias criam vida. Descubra agora