A R T H U R
carolina me ignorou.
— eu tô falando sério, pô — falei revezando o olhar entre a direção e a minha namorada — entra ai!
— carolina entra, eu te levo e juro que não falo nada o caminho todo! — sugeri e ela finalmente me olhou. ela tinha achado minha proposta tentadora, estava claro.
— juro que não importa onde eu esteja, se você abrir a boca, eu vou descer — ela disse ameaçadora e eu assenti.
carolina deu a volta no carro, entrando. ela estava com um bico enorme. arranquei pra casa dela, nem pensei em falar com ela.
paramos em frente a sua casa e tudo que ela fez foi descer do carro e bater na porta.
isso não ficaria assim, nem fudendo. desliguei o carro e entrei na casa dela, por ela ter deixado o portão aberto.
bárbara estava deitada no sofá e quando me viu sorriu. cumprimentei ela e fui direto pro quarto da carolina.
— mas que — ela ia reclamar assim que me viu chegar.
— a gente vai conversar sim, carolina!
— arthur, eu não estou afim de papo — ela sentou emburrada na cama.
— por que estamos brigando mesmo? — perguntei e ela riu debochada. isso me irritava. muito mesmo
— reveja suas atitudes, amor, depois a gente se fala — ela estava sendo irônica e eu nunca tinha visto ela brava comigo antes. se eu não estivesse bolado, com certeza iria rir.
— para de graça, vamos conversar na boa — me arrisquei sentando na cama dela. carolina bufou e me encarou pela primeira vez — me diz porque?
— por que o que? — ela refez a pergunta.
— por que estamos brigando? — perguntei me aproximando.
— foi você que saiu do quarto estressado por alguma merda que eu não faço ideia — ela suspirou.
não achei que ela iria perceber minha irritação.
— desculpa, fiquei irritado por ter entendido outra coisa — assumi.
— entendido o que?
— eu disse que te amava e antes de dormir lá, tu dormindo disse um "também". fui dormir como? felizão! foi um balde de água fria pra mim saber que me iludi sozinho e á toa.
carolina negou, rindo irônica. porra isso estava me irritando muito.
— claro, muito culpa minha não te amar!
caralho.
ela não se importou de jogar isso na minha cara. um soco doeria bem menos. e se eu dissesse que esperava isso dela, seria uma completa mentira. esperaria isso de qualquer pessoa.
menos da carolina.
— tudo bem, carolina, já entendi — levantei e ela levantou sincronizada comigo, me impedindo de passar.
— desculpa, eu não devia ter falado isso. mas eu também estou irritada — ela tentou se justificar e eu só parei pra analisar o rosto dela. com que merda essa garota estava irritada? com o bagulho da garagem seria muita forçassão.
— irritada com o que, carolina? o bagulho da garagem não é pra tanto!
— não é por isso. eu fiquei encucada de ver aquele ólinho. você já usou com muitas garotas, não é?
carolina estava com ciúmes?
umedeci meus lábios, para tentar soar menos agressiva a minha verdade. por mais que ela merecesse agora. eu ainda a amo, não quero machuca-lá.
— sim. quando eu estava solteiro. usei — tentei não ser grosso, mas mesmo assim vi o rosto dela murchar.
— você já devia ter transado com muitas mulheres em cima da sua cama. não é? — carolina perguntou fingindo que não tinha sido abalada. mas eu conhecia ela.
— não, isso não. nunca levei ninguém pra casa. nem mesmo minha ex namorada, até porque eu nem morava aqui, quando estávamos juntos — fui sincero e ela se aliviou.
ela murmurou um som inaudível, saindo da minha frente.
eu queria muito fazer as pazes com ela, mas ela dizendo que não tinha culpa de não me amar, estava martelando na minha cabeça.
— tô vendo que a gente não vai se acertar hoje. depois a gente conversa — falei indo até ela e beijando o topo da sua cabeça.
— tá bom — ela foi seca.
estava saindo, mas precisei olhar pra trás e ser sincero com ela. ou não conseguiria dormir a noite.
— carolina? — ela me olhou — eu fiquei extremamente magoado com o que você disse, mas eu te amo. espero que a gente fique bem logo! ela assentiu sem expressão e eu finalmente sai dali.
essa frieza dela tá me machucando legal!
•
🤙🏼💋
VOCÊ ESTÁ LENDO
perdição | volsher
General Fiction"carolina é uma obra de arte. foi feita na medida certa, especialmente pra mim. eu a teria esculpido da mesma forma. com as mesmas curvas e linhas! sem mudanças." -- ramos, arthur.