CAPÍTULO 53 - é para isso que servem os amigos

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tw: violência doméstica, abandono paternal, consumo de drogas ilícitas, dependência emocional, sexo

Era possível ver as nuvens acinzentadas no céu, naquela manhã um pouco fria, onde Jaeden ajeitava pela sétima vez a gola de sua camiseta. Aquele era um hábito que o garoto havia herdado do "pai". Wesley sempre ficava se arrumando demais quando ia a quaisquer evento social. E aquilo por muitas vezes, irritava Angela. Jaeden estava receoso, estava suando frio, seu coração acelerava ao ponto de errar as batidas. Não eram 12 dias e nem 12 meses sem ver Wesley, mas sim 12 anos. Era como se o jovem fosse encontrar um estranho que quisesse o convencer de que Jaeden carregava seu DNA até o dia de sua morte. Jaeden não acreditava que aquele momento, finalmente chegara. Mas não um finalmente feliz, e sim um finalmente de puro receio. Jaeden não sabia o que falar e nem o que fazer quando atravessasse a porta do restaurante e desse de cara com o homem que destruiu o psicológico de Angela, e destruiu também, toda a sua vontade de ter uma família quando atingisse a maioridade.

Quando desceu para o andar debaixo, Angela estava sentada no seu sofá tomando um café. Ela havia tirado uma folga de seu trabalho, e nada como uma boa xícara de café para aquela mulher que tinha a vida tão corrida para sustentar seu único e mais precioso filho. Jaeden parou na ponta do móvel, sem coragem de chamá-la e desviar a atenção da mulher que olhava para a TV tão destraída. Mas ela logo notou o olhar e se virou brevemente, analisando a vestimenta do filho.

— Para quem não queria ir a esse encontro você está bonito demais. — Ela sorriu

— Eu sei que disse tudo aquilo. Mas não quero que ele pense que dependo dele para ser alguém apresentável. Acha que essa combinação está boa? — Martell questionou dando uma volta, se referindo a camiseta branca com um tênis de camurça preto.

— Já disse que branco e preto combinam Jaeden. Sua combinação está bonita. Agora vá! Antes que se atrase...

— Tudo bem. — ele deu uma pausa respirando fundo. — E-eu te amo mãe, lembre-se disso.

— Eu também te amo meu filho. Boa sorte, qualquer coisa me liga.

— Não vou tirar seu descanso mãe. Eu sei tomar conta de mim mesmo, posso resolver meu problema.

— Me orgulho de você dizendo isso. Finalmente está se tornando alguém responsável. Até mais...

— Ah! — o garoto se lembrou, girando seus calcanhares e andando lentamente até o móvel. — Eu não vou dormir aqui hoje. Tenho uma coisa de extrema importância pra resolver, mas pode ficar tranquila. Não irei matar ninguém. — O jovem riu tentando descontrair o momento

— Contando que a polícia não bata na porta procurando por você. Está ótimo, mas me liga assim que chegar no local onde você passará a noite.

— Ok. Tenho que ir, até amanhã.

Angela observou o filho partir e esperançosa, desejou que aquele encontro não fosse um desastre completo. Jaeden tinha muitas características de Wesley. Isso ninguém podia negar. Ambos eram impossíveis de se ter um bom diálogo, teimosos, impulsivos, e mesmo que Jaeden tentasse mudar, era agressivo. Exatamente como a pessoa que havia fornecido 50% de seus dados genéticos.

THE GRANGE (RESTAURANTE)

Após alguns minutos, o garoto adentrou o restaurante e assim procurou por várias mesas até reconhecer o homem descrito como: sobrepeso, barbudo, braços tatuados, e boné. Quando Jaeden o viu, sentiu uma imensa vontade de voltar para onde nunca deveria ter saído. Mas era tarde demais. Wesley havia avistado e reconhecido o filho, a expressão chocante do homem sobre o jovem, era perceptível.

𝐇𝐔𝐌𝐀𝐍𝐒 ☬ it & st castOnde histórias criam vida. Descubra agora